Autoridades suecas pedem que UE proíba mineração de criptomoedas em prol do meio ambiente

Segundo autoridades, é possível dirigir carro elétrico por 1,8 milhão de quilômetros usando a mesma energia necessária para extrair um único Bitcoin

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4:00 am - 26 de novembro de 2021
bitcoin, criptocrime

Além de implementar medidas de contenção do avanço da mineração de criptoativos, autoridades da Suécia sugerem que a União Europeia proíba a mineração de criptomoedas com uso intensivo de energia que, segundo eles, vai contra as metas de sustentabilidade da região. Eles afirmam que o uso de energia renovável para este fim, desviaria seu uso para serviços essenciais, interferindo nas metas de limitar o aquecimento global a 1,5°C sob o Acordo de Paris de 2015.

Na China, a recente proibição total de qualquer atividade relacionada à emissão ou negociação de tokens virtuais ou à operação de negócios de criptomoedas levou mineradores a voltarem sua atenção para outro lugar. Isso inclui a região nórdica, onde os preços e impostos são mais favoráveis e há um suprimento abundante de energia renovável para aproveitar, destaca uma publicação do site ZDNet.

No entanto, representantes da Autoridade de Supervisão Financeira Sueca, argumentam que o uso de energia para mineração de criptomoedas gerou um aumento no consumo de energia no país. Segundo carta aberta dos reguladores suecos à União Europeia, entre abril e agosto deste ano, “o consumo de eletricidade para mineração de Bitcoin na Suécia aumentou várias centenas por cento e agora chega a 1 TWh anualmente”, o equivalente à eletricidade de 200.000 lares suecos.

Erik Thedéen, diretor da Autoridade de Supervisão Financeira Sueca, e Björn Risinger, diretor da Agência Sueca de Proteção Ambiental, disseram que a energia renovável é “urgentemente necessária para o desenvolvimento de aço livre de fósseis, fabricação de baterias em grande escala e eletrificação de nosso setor de transporte”, bem como outros serviços essenciais.

“A Suécia precisa da energia renovável direcionada pelos produtores de criptoativos para a transição climática de nossos serviços essenciais, e o aumento do uso por mineradores ameaça nossa capacidade de cumprir o Acordo de Paris. A mineração de criptoativos com alto consumo de energia deve, portanto, ser proibida. Esta é a conclusão dos diretores-gerais da Autoridade Sueca de Supervisão Financeira e da Agência Sueca de Proteção Ambiental”.

Os diretores afirmam também que se permitirem a mineração extensiva de criptoativos “haveria o risco de que a energia renovável disponível para nós fosse insuficiente para cobrir a transição climática necessária que precisamos fazer”.

A carta ainda cita uma pesquisa com estimativas da Universidade de Cambridge, na qual diz que é possível dirigir um carro elétrico de médio porte por 1,8 milhão de quilômetros usando a mesma energia necessária para extrair um único bitcoin, o equivalente a 44 voltas ao redor do globo. Eles destacam ainda que 900 bitcoins são extraídos diariamente. “Este não é um uso razoável de nossa energia renovável”.

Opções de políticas são citadas na carta como soluções paliativas para o avanço da mineração de criptomoedas com uso intensivo de energia, incluindo impostos sobre a produção de criptomoedas e uma melhor comunicação sobre seu impacto ambiental. No entanto, eles observam que nenhuma dessas opções é adequada para resolver o problema imediato, particularmente “devido ao rápido crescimento e à demanda por criptoativos”.

No entanto, os diretores não consideram a ação suficiente e pedem à UE que considere a proibição total da mineração de criptomoedas na região.

Entre os pedidos à UE, pontuados na carta, estão: a UE considerar uma proibição a nível de toda região da ‘prova de trabalho’ (PoW), método de mineração de uso intensivo de energia; a Suécia introduzir medidas que impeçam o estabelecimento contínuo da produção de criptomineração usando métodos de uso intensivo de energia; e que as empresas que comercializam e investem em criptoativos, que foram minerados usando o método PoW, não possam ser autorizadas a descrever ou se vender ou vender suas atividades como sustentáveis.

O mecanismo de mineração de criptomoedas conhecido como “prova de trabalho” envolve contribuir com o poder de processamento do computador para resolver quebra-cabeças matemáticos na rede e validar transações no blockchain, destaca o ZDNet.

Os diretores enfatizam que existem outros métodos de mineração de ativos criptográficos, que também podem ser usados ​​para Bitcoin e Ethereum, que estimam reduzir o consumo de energia em 99,95% com a manutenção da funcionalidade.

Thedéen e Risinge ressaltam ainda que “é importante que a Suécia e a UE mostrem o caminho e dêem o exemplo [ao mundo] para maximizar nossas chances de cumprir o Acordo de Paris”.

“A proibição do método de mineração com prova de trabalho na UE poderia ser um primeiro passo importante em um movimento global no sentido de uma maior utilização de métodos de mineração criptográfica mais eficientes do ponto de vista energético. Significaria também que nossa energia renovável é usada da forma mais eficiente possível, a fim de apoiar a transição para a neutralidade climática”, finalizam.

Com informações de ZDNet

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