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Automação, IA e saúde: combinação que salva vidas

A automação inteligente (AI) – isto é, a automação de processos combinada à inteligência artificial – pode impactar significativamente a área de saúde, trazendo benefícios a milhares de cidadãos ao redor do mundo. Sua aplicação é vasta e pode ajudar a prevenir incontáveis mortes causadas por erros médicos, acidentes de trânsito, causas evitáveis em países em desenvolvimento e ainda auxiliar no diagnóstico e pesquisas. Vamos entender como?

Para se ter uma ideia, no Brasil, 1,3 milhão de pessoas sofre, por ano, pelo menos um efeito colateral causado por negligência ou imprudência durante o tratamento médico segundo levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar da Universidade Federal de Minas Gerais (Iess-UFMG), com base em registros de prontuários de 182 hospitais do país, de abril de 2017 a março de 2018. Nos Estados Unidos, estima-se que erros médicos causem mais de 250.000 mortes por ano, ficando atrás apenas de doenças cardíacas e câncer.

A AI pode auxiliar, por exemplo, a verificar as prescrições e identificar eventuais discrepâncias nas instruções dos médicos ou nas melhores práticas médicas. Além disso, a saúde dos pacientes pode ser monitorada em tempo real, via robôs de software que podem emitir um alerta sobre uma emergência com base em indicativos como a frequência cardíaca ou outros sinais vitais de um paciente. Médicos e enfermeiras podem ser liberados da coleta de dados e se concentrar nos cuidados de seus pacientes, contando com a tecnologia como uma poderosa e infalível aliada.

Outro grave problema que ceifa vidas é o trânsito. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina no Tráfego (Abramet), os acidentes de trânsito são a segunda causa de morte não natural evitável. Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (Onsv), 1 pessoa morre a cada 15 minutos por causa de acidentes de trânsito. Que a educação e conscientização sobre o trânsito são fundamentais para mudar o comportamento de condutores e pedestres não se discute. Mas a automação inteligente pode ajudar.

É possível, por exemplo, instalar kits que monitoram motoristas por meio de uma câmera interna, detectam quando ficam sonolentos e emitem um alerta. Sensores automáticos podem ser usados para aumentar a visão do motorista, alertando-o sobre obstáculos inesperados. O estacionamento assistido é um exemplo de tecnologia de AI que ajuda motoristas a dirigir com mais segurança.

Outra importante contribuição da automação inteligente é o diagnóstico precoce de doenças. Estima-se que mais de 70% das mortes em todo o mundo são causadas por doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias. As taxas de recuperação dessas enfermidades são maiores quanto mais cedo a doença é detectada. Aproveitando o aprendizado de máquina (ML), a AI pode salvar vidas analisando varreduras e outros dados médicos (como pressão arterial) para produzir diagnósticos rápidos e confiáveis.

Uma importante iniciativa brasileira neste sentido é a Robô Laura, que vem sendo desenvolvida desde 2010 com o propósito de ampliar a capacidade de diagnóstico e cuidado. A Robô com Inteligência Artificial começou a atuar no primeiro hospital privado em 2016 e, desde então, está presente em dezenas de instituições. A robô é fruto de uma parceria do Instituto Laura Fressatto com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Vale frisar que o Machine Learning (ML) pode processar varreduras de pulmão ou mama em minutos ou segundos e tem vantagens significativas sobre os médicos quando se trata de identificar o câncer. Outro ponto: o ML não apenas ajuda a inovação na pesquisa médica (por exemplo, ao simular a combinação de moléculas), mas também desempenha um papel vital ao automatizar a documentação e verificação de ensaios clínicos, liberando pesquisadores humanos para tarefas cognitivas de nível superior e criando o processo de pesquisa mais rápido e eficiente.

Finalmente, a combinação entre automação e inteligência artificial também pode ajudar a reduzir mortes por causas evitáveis em países em desenvolvimento. Sabemos que milhares de pessoas que habitam esses países morrem de doenças que seriam facilmente evitáveis em países mais ricos. Isso se deve em grande parte ao acesso inadequado aos cuidados de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existe uma carência global de 4,3 milhões de profissionais de saúde.

A tecnologia IA pode levar assistência médica a qualquer pessoa com acesso a um smartphone – o que é uma proporção crescente de pessoas (mesmo em regiões que carecem de outra infraestrutura e tecnologia). Os aplicativos podem conectar pacientes com médicos remotamente, enquanto as ferramentas de diagnóstico podem parcialmente tomar o lugar do médico, diagnosticando doenças de pele, queimaduras e feridas crônicas com base em uma foto digital.

A inteligência artificial também pode capacitar os próprios pacientes a ter mais controle de sua própria saúde, ajudando-os a compreender suas necessidades. Evidentemente que o uso da tecnologia pressupõe o comprometimento ético. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um relatório global e princípios orientadores sobre inteligência artificial na saúde, o relatório Ethics and governance of artificial intelligence for health (Ética e governança da inteligência artificial para a saúde, em tradução ao português).

São basicamente seis princípios que visam potencializar os resultados do uso da tecnologia na saúde, limitando os riscos: proteção à autonomia humana, promoção do bem-estar e a segurança humana e o interesse público, garantia da transparência, explicabilidade e inteligibilidade, promoção da responsabilidade e prestação de contas, garantia da inclusão e equidade e promoção de uma inteligência artificial que seja responsiva e sustentável.

Sem dúvida, o uso responsável e ético da inteligência artificial, da automação inteligente, da tecnologia como um todo só pode trazer benefícios aos povos de todas as partes do planeta, resguardar centenas de milhares de vidas e é muito gratificante poder testemunhar esses avanços históricos.

* Edgar Garcia é diretor comercial da UiPath para a América Latina

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