Aulas remotas aumentaram bem-estar de professores brasileiros

Mesmo com dificuldades para o teletrabalho, profissionais foram poupados de rotina violenta nas escolas, revela estudo do Instituto TIM

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6:55 pm - 19 de fevereiro de 2021

Quase 67% dos professores sentiram dificuldades em se adaptar às aulas remotas desde o início da pandemia. Enfrentam condições de trabalho remoto adversas — 58% relatam que não conseguem ministrar aulas em casa sem barulho ou interrupções, e 78% apresentam problemas de insônia ou excesso de sono. Apesar disso o ambiente em sala de aula pode ser mais prejudicial à saúde mental dos professores.

Essas são algumas das constatações obtidas por uma pesquisa promovida pelo Instituto TIM, através do projeto “O Círculo da Matemática no Brasil”. Entre outros aspectos, o estudo investigou a saúde mental dos docentes e quais foram os impactos da pandemia no bem-estar dos profissionais.

Apesar das dificuldades no ambiente virtual, os educadores lembraram os problemas em ambientes escolas físicas: 64% já presenciaram agressão física ou verbal contra professores ou funcionários feitas por alunos. Outros 72% relataram já ter presenciado brigas entre estudantes. Conflitos nas turmas e violência nas localidades onde as escolas estão inseridas foram apontados como os principais fatores negativos do trabalho presencial.

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“O ensino remoto trouxe, sim, dificuldades, mas a principal conclusão do estudo é que os professores do país, em geral, já estavam psicologicamente esgotados muito antes da pandemia”, diz o economista Flavio Comim, professor da IQS School of Management (Barcelona) e da Universidade de Cambridge, responsável pela pesquisa e um dos idealizadores do projeto. “O novo modelo de trabalho, inclusive, reduziu o nível de estresse e cansaço em alguns casos.”

Mesmo com as dificuldades de adaptação ao novo formato de aulas digitais, uma das conclusões do levantamento é que a pandemia trouxe mais bem-estar mental de quem leciona. De acordo com o estudo, a pandemia também reduziu o índice de Burnout entre os professores.

Mais desigualdade

Como consequência, houve aumento do sentimento de autoeficácia dos professores durante a pandemia e o otimismo em relação à carreira. Cerca de 45% dos entrevistados viam possibilidades de desenvolvimento e de promoções, indicador que aumentou 15 pontos percentuais nos questionários feitos mais recentemente. Mais de 80% dos docentes acreditam que suas qualificações continuarão válidas no futuro.

A avaliação, por outro lado, destacou ainda mais as desigualdades da sociedade brasileira: professores negros foram mais impactados pela pandemia. Entre eles, 76% mencionaram dificuldades de adaptação às aulas online, 64% não conseguiram trabalhar bem de casa e 83% tiveram problemas de sono durante a pandemia.

O contexto familiar também retrata as diferenças: 79% dos docentes negros contaram que suas famílias perderam parte da renda durante a crise sanitária, contra 61% dos profissionais brancos.

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