As razões que explicam o salto do pagamento por aproximação no Brasil

Segundo a Abecs, pagamentos por aproximação no Brasil registraram crescimento de quase 700% no segundo trimestre deste ano

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10:43 am - 07 de dezembro de 2021
pagamento sem contato

Hoje em dia, a pergunta do vendedor ou comerciante que tem uma maquininha de pagamento nas mãos não se resume ao conhecido: débito ou crédito? Temos visto cada vez mais o atendente no caixa de um supermercado, da farmácia ou de um posto de gasolina questionar, além da modalidade, como será feito o pagamento: é por aproximação?

Notar isso no dia a dia do brasileiro é um sinal irrefutável de que essa tecnologia, aos poucos, está se popularizando no país. Ela teve um crescimento expressivo nos últimos anos e acredito que deve dar um salto ainda maior em 2022. A Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) registrou um crescimento de quase 700% no segundo trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Tenho algumas razões para fazer essa projeção e pretendo explicar neste artigo algumas delas. E, para começar, gostaria de lançar um novo olhar para uma convicção que tem se espalhado pela indústria: a de que a pandemia foi o principal fator para a aceleração do pagamento por aproximação. A meu ver, não é bem assim. Claro que ela influenciou de alguma maneira, sobretudo pela questão da higiene, mas não podemos descartar o esforço dos players da indústria.

Fatores como maior emissão de cartões com a tecnologia por aproximação, aumento do limite para transações sem senha e aplicação desse tipo de pagamento em outros setores, como a mobilidade urbana, compõem uma engrenagem sólida que ajudou a alavancar essa curva. Há um inegável empenho de toda a indústria nesse sentido. Aqui na Visa, por exemplo, lançamos campanhas e ações de incentivo que oferecem prêmios e benefícios em dobro para quem usa o contactless.

É notório, por exemplo, como tivemos um aumento no pagamento por aproximação em períodos subsequentes ao ajuste de limite sem a necessidade de digitar senha. Em julho de 2020, a Abecs passou de 50 para 100 reais esse limite e, em dezembro do mesmo ano, ampliou para 200 reais. Quando analisamos a curva de crescimento, os picos coincidem justamente com esses dois momentos.

Tendo a acreditar que estamos perto de um ponto de inflexão no Brasil, ou seja, passamos por uma curva de aprendizagem natural para uma nova tecnologia e, daqui para a frente, podemos ter um efeito multiplicador.

Imagine que o usuário que experimentou duas ou três vezes deve adotar essa modalidade como meio preferencial no futuro. Para ilustrar melhor o que estou dizendo: nos primeiros meses em que o MetrôRio passou a aceitar pagamentos por aproximação, observou-se que, após o primeiro uso, nove em 10 pessoas continuam usando essa nova forma de pagamento em outras viagens. Em outros segmentos, acompanhamos um comportamento semelhante do usuário, que passa por um período de experimentação até incorporá-lo à rotina.

Expansão para outros setores

Claro que não estamos falando de uma ciência exata, há muitos fatores imprevisíveis que podem impactar esse movimento. Mas tomo como espelho outros mercados e a tendência de reuso e adesão de novos usuários. Teremos um padrão de comportamento similar ao de outros países? Em junho de 2021, a penetração das transações por aproximação na região da América Latina e do Caribe, em estudo da Visa, ultrapassou a marca de 32%; alguns mercados, entre os quais Costa Rica e Chile, têm índices superiores a 70%.

Como resultado de um esforço orquestrado por toda a indústria, já contamos com uma infraestrutura implementada para receber esse tipo de pagamento, com avanços importantes por parte dos emissores – responsáveis por colocar em circulação cartões com essa tecnologia – e dos credenciadores – que têm o papel fundamental de dar apoio aos estabelecimentos comerciais e garantir o fluxo de transações. Aos poucos, a população vê como pode ser mais cômoda, segura, rápida e conveniente essa experiência de pagamento.

Além disso, a modalidade está sendo cada vez mais adotada em outros segmentos, não ficando restrita a determinados usos, como em mercados e farmácias. Na mobilidade urbana isso já é uma realidade em praças de pedágio, trens, ônibus e metrô. No MetrôRio, por exemplo, o pagamento por aproximação com credenciais Visa atingiu 25% de penetração em junho de 2021, ou seja, um a cada quatro pagamentos. Em rodovias como o Sistema Anchieta-Imigrantes e o Corredor Ayrton Senna/Carvalho Pinto, em São Paulo, 10% dos pagamentos nas praças de pedágio já são realizados por aproximação.

Fora os números, me apoio na comodidade e segurança da experiência para traçar esse crescimento, seja com o cartão físico ou por meio de uma credencial ativada pelo smartphone, relógio ou outro dispositivo. Pagar por aproximação é tão seguro quanto fazer uma transação com chip de contato.

Por tudo isso, quando eu saio de casa, nem levo mais a carteira. É um hábito que foi construído com o tempo, mas que passou a fazer parte do meu dia a dia, assim como já está presente na rotina de milhões de brasileiros. Vejo um futuro promissor pela frente.

*Hugo Costa é diretor executivo de Soluções da Visa

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