A nova edição da TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revelou que os adolescentes brasileiros estão atentos com as informações que compartilham e utilizam online. De acordo com a pesquisa, 79% dos usuários de Internet de 11 a 17 anos concordaram que são cuidadosos com informações pessoais que postam, e 73% com os convites de amizade que aceitam na Internet.
Nessa mesma faixa etária, 77% declararam que só utilizam aplicativos ou sites em que confiam, e 76% que são cuidadosos com os links de vídeos em que clicam.
Os jovens também estão buscando formas para proteger a sua privacidade. Mais da metade dos usuários de 11 a 17 anos reportou ter bloqueado mensagens de alguém com quem não queriam conversar (63%); ter usado de senhas seguras (58%) e alterado as configurações de privacidade para que menos pessoas pudessem ver o seu perfil (52%).
A consciência ao redor da privacidade se revela ainda mais importante quando o estudo destaca o número de crianças e adolescentes com perfis nas redes sociais. Dos cerca de 24 milhões (92%) de brasileiros de 9 a 17 anos usuários de Internet, 86% reportaram possuir perfil em redes sociais (o que representa aproximadamente 21 milhões). A participação em redes sociais ocorre em altas proporções em todas as faixas etárias, atingindo quase a totalidade dos usuários de Internet de 15 a 17 anos (96%).
O estudo também buscou entender como os jovens estão passando seu tempo online. Ouvir música (87%) e assistir a vídeos, programas, filmes ou séries (82%) figuram entre as práticas online mais realizadas por esse público. O estudo revelou ainda que 79% enviaram mensagens instantâneas e 58% jogaram conectados com outros jogadores.
A edição de 2022 do TIC Kids Online trouxe indicadores inéditos sobre o conhecimento de crianças e adolescentes sobre o funcionamento das plataformas digitais.
Dos entrevistados de 11 a 17 anos, 60% concordaram que curtir ou compartilhar uma publicação pode ter um impacto negativo em outras pessoas, enquanto metade dos entrevistados dessa faixa etária concordaram que a primeira publicação vista nas redes sociais é a última que foi postada por um de seus contatos. Já 74% concordaram que empresas pagam pessoas para usar seus produtos nos vídeos e conteúdos publicados na rede, e 61% que usar hashtags aumenta a visibilidade de publicações.
“Nesta edição, houve maior detalhamento na coleta de indicadores sobre as habilidades digitais, que são fundamentais para compreender a participação de crianças e adolescentes no ambiente online. De modo geral, a pesquisa indica uma maior prevalência de habilidades operacionais em comparação às habilidades informacionais, que são aquelas que possibilitam maior resiliência dos usuários frente ao fenômeno da desinformação”, destaca o gerente do Cetic.br|NIC.br, Alexandre Barbosa.
O estudo alerta ainda para a desigualdade no acesso, na qualidade da conexão e na disponibilidade de dispositivos adequados para o uso da Internet entre as crianças e adolescentes. A pesquisa mostrou que a baixa velocidade e a falta de créditos no celular são condições percebidas com frequência por parte dos entrevistados para o uso da Internet.
A velocidade é ruim sempre para 31% dos jovens que acessam a rede, enquanto 45% disseram enfrentar esse problema às vezes. O percentual cai para 18% dos que respondem sempre para as famílias das classes A e B. Para as crianças das classes D e E a proporção fica em 39%. A falta de créditos no celular impede a conexão sempre de 22% das crianças e adolescentes e eventualmente de 25%.
O celular segue o dispositivo mais utilizado para conexão, sendo usado por 96% dos jovens. No entanto, ele é a única opção de acesso para 82% dos jovens das classes D e E, e para 49% da classe C.
“A questão central não é apenas ter acesso à Internet ou não, mas que crianças e adolescentes brasileiros tenham condições de acesso apropriadas para uma conectividade significativa, que lhes permita desenvolverem habilidades digitais e se beneficiarem da participação online. O limite no acesso pode restringir direitos fundamentais dessa população na sociedade da informação”, analisa Barbosa.
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