Abradisti: revendas crescem, mas distribuidores perdem 10% do faturamento em 2023
Estudos da associação de distribuição de TI revelam queda para distribuidores, com revendas de valor agregado em cenário mais positivo
A Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação, a Abradisti, anunciou recentemente – durante seu Encontro Anual – dois estudos importantes para o mercado de distribuição e revenda de TI no Brasil. E eles mostram resultados contrastantes: enquanto as revendas tiveram faturamento 6,8% maior em 2023, os distribuidores registraram recuo de 10% pela primeira vez depois de seis anos seguidos de crescimento.
Primeiro as notícias ruins. O Estudo Setorial, como é chamado o estudo anual feito pela IT Data com os 48 associados da Abradisti do setor de distribuição (que são cerca de 80% desse mercado) revelou que o faturamento de R$ 28,9 bilhões obtido em 2022 caiu para R$ 26 bilhões em 2023.
O tombo já era esperado pelos distribuidores e pela IT Data, seja pelo baixo consumo de TI do segmento governamental ao longo de 2022 (primeiro ano dos governos Federal e estaduais), seja pela redução do consumo após um período de intenso de gastos da pandemia. Os R$ 26 bilhões registrados em 2023 ainda são maiores do que o resultado pré-pandêmico (em 2020 o faturamento foi de R$ 24,7 bilhões).
Entre os outros fatores para a baixa apontados pela Associação estão altas taxas de juros e o crescimento do mercado ilegal. Soma-se a isso a diminuição de preços dos produtos devido à redução da cotação do dólar no ano passado (-6,2%) e à intensa competição entre os fornecedores.
Para 2024, os distribuidores de TIC estão mais otimistas, e estimam faturamento 8% maior em 2024, com 50% estimando contratar funcionários. A projeção é positiva mesmo com o cenário internacional difícil por conta de guerras e a taxa de juros ainda alta em vários países, além dos problemas climáticos enfrentados pelo Brasil.
A aposta é que o mercado corporativo e os governos devem gastar mais ao longo de 2024, inclusive para renovação de parque.
“A maioria deles acredita que todos os investimentos em infraestrutura de TIC que foram feitos na pandemia precisarão de atualização. Eles também esperam um aumento dos gastos do segmento governamental”, diz Ivair Rodrigues, diretor de pesquisas da IT Data.
Revendas bem, obrigado
Os resultados do 13º Censo das Revendas, divulgado pela Abradisti na mesma ocasião, mostram um cenário bem mais positivo, principalmente para as revendas de valor agregado, ou VARs (aquelas que oferecem não apenas produtos, mas também serviços qualificados). O crescimento para as VARs e lojas virtuais foi ainda maior que o médio geral do setor, superando 10%.
O estudo ouviu 1.460 revendas, ou quase 7% do total dessas empresas no País. As lojas virtuais foram as que tiveram o maior crescimento no ano passado: 14,3% sobre 2022. Elas ofereceram produtos com preços mais baixos do que lojas físicas e ampliaram atuação em clientes corporativos.
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A revenda de valor agregado foi o segundo canal que mais cresceu no ano passado. Dois terços (66%) dos entrevistados apresentaram crescimento de faturamento, contra 17% que registraram queda. Na média, houve crescimento de 11,4%, superior à expectativa divulgada na pesquisa anterior.
Além do aumento de gastos do setor privado com projetos de transformação digital, segurança, e-commerce, inteligência artificial, entre outros, os VARs estão atendendo grandes antes gerenciadas pelos próprios fabricantes. O levantamento mostra ainda que essas revendas que atuam no segmento governamental foram as que tiveram piores resultados.
As expectativas para 2024 das revendas são positivas. Para 71% das pesquisadas, haverá crescimento, e apenas 10% esperam queda. Diferentemente do ano passado, quando as revendas previram crescimento baixo (em torno de 5,8%), em 2024 a expectativa é alta: 13,6% de aumento.
Abradisti: tendências do setor
A pesquisa revelou também que 65% das revendas trabalham com comissionamento, inclusive lojas virtuais. “Os distribuidores vêm incentivando cada vez mais as revendas a adotarem este modelo”, diz Mariano Gordinho, presidente-executivo da Abradisti. “Foi interessante verificar que, na média, o comissionamento representou 30,3% do faturamento das revendas que afirmaram trabalhar com o modelo.”
O modelo de outsourcing completo (full outsourcing) também vem crescendo entre as revendas. Na pesquisa deste ano, 26% afirmaram que já oferecem a opção. No caso dos VARs, o percentual chega a 33%.
Revendas de volume, que vêm tentando não depender tanto de hardware, são as que mais aumentaram a oferta deste serviço no ano passado.
“O VAR não está mais interessado em vender para empresas abaixo de 250 funcionários”, diz Ivair Rodrigues. “Com isso, abre um espaço para os outros tipos de revendas atenderem clientes na faixa de 20 a 250 funcionários. Principalmente as revendas de volume, aquelas que têm especialização em venda de automação comercial e até mesmo representantes comerciais, que são apenas uma pessoa que comercializa produtos e serviços”.
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