A regulamentação da Inteligência artificial é vital

Voltando no passado para defender a principal regulamentação do futuro

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10:40 am - 19 de dezembro de 2023
Imagem: Shutterstock

Desde que nos conhecemos como sociedade, como seres humanos, temos ao nosso lado o avanço tecnológico. Quando nossos antepassados precisavam quebrar uma pedra, eles podiam contar com um martelo, quando nossos antepassados (estes mais recentes) precisavam aumentar a produção de tecidos, pois as vendas estavam ótimas, eles podiam contar com uma máquina a vapor que aumentava sua capacidade de produção.

A história da humanidade é completamente ligada ao avanço da tecnologia e em todos os casos, sem exceção, temos primeiro o surgimento do item tecnológico para depois a devida regulamentação do seu uso e boas práticas. Não seria diferente com a Inteligência Artificial.

Nos últimos anos encaramos o avanço significativo da I.A (inteligência artificial) com a bomba ChatGPT da empresa OpenAI. E quando algo de muito relevante acontece no mundo de tecnologia, assim como foi a internet ou os dispositivos Smart, traz consigo uma série de desconfiança e até uma ligeira sabotagem por parte da sociedade em geral, para enfim, depois, aceitar e acatar o devido uso.

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A I.A não é nenhuma novidade para nós que estudamos e trabalhamos com tecnologia, é comum já há muito tempo termos em cursos básicos de bacharelado disciplinas como inteligência artificial, redes neurais, aprendizado de máquina e outras… mas todos fomos pegos de surpresa com o crescimento das LLMs (Large Language Model ou Grande Modelo de Linguagem) puxados pelo ChatGPT (OpenAI). Ferramentas como Bing (Microsoft) e Bard (Google) se aproveitaram desse crescimento para cativar seu público.  Contudo, a surpresa ainda maior foi o crescimento de todas as ferramentas de I.A pelo grande público, ferramentas de imagens com I.A como o Midjourney (Midjourney Inc.) e DALL-E (OpenAI) bombaram e, portanto, tiramos a conclusão que os produtos desenvolvidos sob o guarda-chuva tecnológico de Inteligência Artificial chegaram para valer e sem pedir licença! Hoje já temos diversas dessas ferramentas produzindo conteúdo, imagens, músicas e apoiando em diversos segmentos da sociedade como as finanças, saúde e seguros.

Com este avanço acelerado a própria sociedade traz questionamentos com relação ao uso. Como defender os empregos? Como aplicar ética e moral para as decisões da I.A? I.A produzindo plágio em massa? Seremos atacados por esses robôs no futuro próximo? Me sinto muito em 1800, no auge da revolução industrial, onde nós nos fizemos os mesmos questionamentos. 

O avanço é ótimo e não devemos jamais parar de avançar no sentido de sermos mais eficientes em todos os aspectos que permeiam nossa vida, contudo a nossa história nos faz concluir que é muito necessário que haja regulamentação definindo fronteiras e conduzindo estes avanços na direção menos errada possível.

Novamente voltando uns anos atrás, o surgimento do avião e o impacto desta tecnologia na sociedade foi gigantesco! Mudou a forma como vemos as distâncias e tivemos muitas evoluções nesta tecnologia por conta das diversas regulamentações que essa área sofre. Hoje temos aviões muito mais seguros pelo conjunto de leis em todo o mundo que rege essa área e os órgãos continuem evoluindo para que a sociedade use melhor este serviço. Segundo o site especializado PSBR.law de 1982 até os dias atuais reduzimos em 2500% a quantidade de problemas aéreos.

O mesmo vale para a gigante indústria automobilística. Veja o quanto os automóveis evoluíram desde o surgimento dessa tecnologia, hoje temos muito mais segurança e componentes de segurança por conta das diversas leis que regem essa área. Você por acaso acha que os componentes de segurança obrigatórios como cintos, freio ABS e uso de materiais mais resistentes seriam incluídos de bom grado pelo empresário ou técnico que projeta a produção dos automóveis?

Ou seja, a regulamentação é benéfica para aplicabilidade da tecnologia e não ao contrário. Veja que não sou a favor de regulamentar a pesquisa, mas sim a aplicação no dia a dia.

Regulamentar nunca é algo fácil e trivial, muito pelo contrário, mas tem que ser iniciada já. Deve ser uma ação bem elaborada contando com representantes da sociedade para não termos um colapso real e uma obrigação no futuro de reorganização do mundo como o conhecemos. Precisamos de envolvimento da sociedade, principalmente das áreas essenciais como Saúde, Mídia, Segurança, Educação e por que não da Internet. A Regulamentação não resolve todos os problemas, longe disso, inclusive podemos criar novos, mas ela direciona e organiza de forma clara os temas.

Em aproximadamente 06 anos mais teremos alcançado a AGI (Artificial General Intelligence ou Inteligência Artificial Geral) que é quando a I.A poderá executar qualquer tarefa que um ser humano executa, então o ambiente estará cada vez mais complexo e caso não tenhamos um conjunto de leis sólidos estaremos fadados ao fracasso.

Nos Estados Unidos temos um já um conjunto de regras que pretendem regulamentar a aplicabilidade das ferramentas baseadas em Inteligência Artificial. O presidente Biden dos E.U.A endereçou o tema para o congresso em novembro deste ano, onde certamente haverá uma batalha dura para qualquer aprovação, isso por que temos um grande lobby das Big Tech (Amazon, Google, Meta, Microsoft, Apple) com suas demandas fortes junto aos congressistas para dominarem essa área e as leis as beneficiem, dificultando assim novos entrantes. Este é o maior perigo de todos, criar leis com as empresas que olham somente para a proteção de mercado e não no avanço da humanidade.

Por isso é fundamental o avanço dessa área com tecnologias open-source (código aberto) como fez a Meta recentemente em abrir seu LLM (Llama2 – concorrente do ChatGPT) para que qualquer pessoa possa usar, alterar. Quanto mais participantes no crescimento da tecnologia, mais o jogo é equilibrado.

Estamos ainda na fase inicial da aplicação da I.A na sociedade, com o avanço muito veloz assim, portanto a regulamentação tem que ser também. A I.A logo mais encontrará outras tecnologias como Blockchain, Cloud Computing e ganhará ainda mais poder computacional e neste momento já tem que estar regulamentada e organizada, caso contrário continuaremos vendo fake news sendo propagadas em massa em áudio e vídeo, pornôs fakes e propriedade intelectual sendo rompida.

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Carlos Tabosa

VP da Opah TI

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