A estratégia do Google para conquistar alunos, professores e universidades

Segundo a companhia, 60% dos institutos federais de ensino brasileiros utilizam G Suite for Education; Unesp e USP estão entre os casos de adoção

Author Photo
3:13 pm - 21 de agosto de 2018

Para além das startups e outras grandes empresas, o Google tem concentrado esforços em uma vertical que se renovará inevitavelmente: a de educação. Entre as ofertas para o setor, a gigante de tecnologia conta com um pacote de serviços em nuvem, o G Suite for Education, que reúne ferramentas de produtividade – semelhante a um pacote Office – e colaboração para universidades e acadêmicos e que, no Brasil, se encontra em expansão. Segundo a empresa, 60% dos Institutos Federais de ensino brasileiro já adotaram o Google for Education. O caso mais recente é o da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), que começou a migrar em março seu serviço de e-mail para a plataforma do Google. A estimativa é que esta migração corte custos – cerca de R$ 1,5 milhão – que seriam investidos em novos servidores para toda a Universidade. 

O caso da Unesp exemplifica a escala que a empresa de Mountain View propõe com o Google for Education. Presente em 24 cidades do estado de São Paulo, a universidade tinha como desafio integrar os sistemas de email entre os campi. Ao levantar os custos para atualizar os servidores, a Unesp optou pelo G Suite for Education – gratuito para as universidades, alunos, corpo administrativo e professores. Além de oferecer número ilimitado de contas, permite integração e fácil compartilhamento de arquivos – algo que agiliza o fluxo de trabalho dos funcionários, além de controle de spams. No caso do e-mail, os mecanismos são iguais ao Gmail, porém customizados para o ambiente da universidade. 

“Quando as universidades percebem que estão gastando mais em uma plataforma legada e uma plataforma em nuvem acaba ficando mais barata, elas migram. É uma conta que não faz sentido”, avalia Rodrigo Vale, Head de Universidades do Google Brasil, em entrevista ao IDG Now!. “Acredito que essa parceria levará muita inovação para a Unesp e possibilitará que seus processos de gestão sejam mais ágeis”, completa.

Agilidade

Como parte dos benefícios que a Universidade já obteve com o sistema, está a agilidade de realização de consultas e pesquisas internas com a ferramenta de formulários do Google. Ney Lemke, assessor chefe de informática da Unesp, explica que no plano diretor de informática da faculdade, um dos testes de uso iniciais foi uma pesquisa encaminhada para cerca de 40 mil usuários. Não fosse isso, o processo alternativo seria fazer a pesquisa em papel ou por e-mail. Um trabalho que soaria dantesco comparado às facilidades que sistemas em nuvem hoje oferecem. “Em qualquer um dos casos teríamos que processar de forma semi-automática um número aproximado de 10 mil respostas. Utilizando o Formulário do Google pudemos disponibilizar o questionário na web e a sumarização pôde ser feita de forma automática. Os resultados iniciais já estão sendo processados”, explicou Lemke. 

“Antigamente era super complicado fazer uma pesquisa interna, era preciso chamar a TI para fazer um levantamento, antes levantar quais eram as perguntas, outras ainda seriam feitas no meio do processo do desenvolvimento do software. Hoje, as universidades e instituições de ensino entram no G Suite for Education por esses formulários, seja para fazer provas online ou para pesquisa”, exemplifica Vale.

Diferente da versão para o usuário final, o Google Drive é ilimitado para alunos, professores e administrativo da universidade. “Isso gera uma economia fantástica, porque a universidade e, principalmente, a equipe de TI deixa de se preocupar com uma série de problemas de servidores. Com isso, foca em áreas que podem agregar maior valor para a universidade”, completa o executivo.

Com a nuvem, novas dinâmicas

Vale diz que por trás da plataforma do Google está a ambição de mudar a dinâmica dentro das salas de aula. A companhia defende que ao disponibilizar suas ferramentas em nuvem consegue escalar não só para uma série de estudantes que não precisam mais recorrer aos laboratórios de suas faculdades para acessar documentos e trabalhos, como dá aos professores novas possibilidades de trabalhar conteúdos.  

“A gente sempre deixa claro que a dinâmica de sala de aula é fácil de mudar, você pode mudar essa dinâmica com martelo, prego e madeira. Mas é algo que se consegue fazer com oito alunos. Quando a gente fala em levar isso para universidades, estamos falando de turmas com 50 alunos, sem um tecnologia tudo se torna mais difícil. Então é nesse ponto que a gente acha que o Google pode ajudar, a ganhar escala. A gente valoriza muito o professor que quer transformar sem tecnologia, mas a gente consegue ser útil com aqueles que querem ganhar escala usando tecnologia”, explica Vale.

Com 80 milhões de usuários globalmente, o G Suite for Education conta com uma base de usuários segmentada que também dá ao Google insights sobre o próprio mercado de educação. O Google Sala de Aula foi criado desta demanda. Voltado para escolas, a plataforma permite gerenciar por meio de um aplicativo as tarefas dos alunos, além de facilitar a comunicação com os mesmos, assim como pais e responsáveis em um único lugar. 

A área de educação é uma das mais impactadas pelo uso de novas tecnologias. A medida que novas ferramentas passam a endossar o ensino, como a inteligência artificial e robótica, muito se questiona sobre as dinâmicas, o comportamento e o próprio aprendizado. Na visão de Rodrigo Vale, Head of Universities do Google, as salas de aula do “futuro” deverão priorizar mais a troca de informação entre professores e alunos.

“Temos que criar um ambiente dinâmico, porque é isso que este aluno vai encontrar no mundo lá fora”, pontua. “A informação está disponível 100% online. Mas é preciso saber como interpretar essa informação. A parte técnica nunca será deixada de lado, mas eu acredito que as escolas e universidades deverão ter o foco muito mais em como pegar esse conhecimento técnico, e como aplicá-lo em situações desconhecidas. A demanda do profissional hoje é resolver problemas que ainda não se conhece. Você não sabe a solução. Então somente aqueles profissionais que sabem interpretar a informação, capazes de trabalhar em equipe, com pessoas que também entendem parte da solução, somente aqueles que sabem como se comunicar, conseguirão suceder. E as universidades ainda pecam em preparar o profissional para isso”, argumenta Vale.

 

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.