6 estratégias para evitar o aprisionamento de fornecedores de nuvem

Siga a rota multicloud, aproveite as tecnologias open source sempre que possível e tenha uma estratégia de saída desde o início

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9:57 am - 01 de outubro de 2019

Em um mundo ideal de negócios, as empresas estabeleceriam parcerias estratégicas com seus provedores de serviços em nuvem que levariam à prosperidade para todos os envolvidos. No entanto, nem sempre funciona dessa maneira. Ao longo do tempo, existem mudanças e, em muitos casos, o relacionamento entre o cliente e seu fornecedor não evolui, seja por conta dos custos ou pela qualidade dos serviços.

Qualquer que seja o motivo, pode chegar um momento em que uma empresa precisa interromper os serviços prestados pelo seu provedor de nuvem. A chave é ter flexibilidade para conseguir colocar um ponto final na história quando chegar a hora, sem impacto negativo significativo para a organização.

As empresas precisam ser capazes de manter uma estratégia de “ameaça de deserção”. Por exemplo, devem evitar ficar presas a um fornecedor específico e manter outras opções, caso os termos não estejam mais alinhados com os planos de negócios. É claro que a estratégia não significa assumir automaticamente que haverá um rompimento com o provedor de nuvem em algum momento, mas deixa em aberto a existência dessa possibilidade.

Acompanhe algumas sugestões sobre como criar e implementar essa estratégia.

Flexibilidade e portabilidade

“Um fator importante é manter seus dados e aplicativos mais fáceis de mover”, diz Merim Becirovic, diretor-gerente da organização de CIO da Accenture. A empresa transformou digitalmente toda a organização e a nuvem tem sido uma parte crucial do processo. Atualmente, a Accenture possui 95% de sua infraestrutura em execução na nuvem.

“Migrar para a nuvem nos permite focar na adoção de soluções em nuvem nativas”, acrescenta Becirovic. “Nossa equipe estabeleceu um processo para gerenciar e continuamente introduzir produtos nativos da nuvem seguros e padronizados para os aplicativos provisionarem e consumirem.”

Segundo o executivo, até o momento, existem mais de 70 serviços nativos da nuvem oferecidos dessa maneira. O uso de padrões de código aberto é uma maneira de impedir o bloqueio do fornecedor o chamado lock-in vendor. “Dependendo do serviço que está sendo usado, essa abordagem ajudará a minimizar o custo de qualquer refatoração para usar um serviço nativo da nuvem de outro fornecedor, onde houver capacidade semelhante.”

Manter a portabilidade pode ser mais fácil dizer do que fazer, observa Robert Walden, CIO do provedor de serviços de TI Epsilon. A empresa usa serviços de nuvem pública extensivamente tanto para suas ofertas de geração de receita voltadas para o cliente quanto para suas operações de TI de back-office. “Quanto mais portáteis você puder manter seus aplicativos, mais ágil será a troca de fornecedores. Algumas soluções são mais fáceis do que outras.” Na realidade, serviços em nuvem completamente portáteis são raros, mas buscar a portabilidade sempre que possível deve ser o objetivo principal dos usuários da nuvem.

Implantar um plano de arquitetura para evitar o bloqueio

“É necessário pensar no aprisionamento do fornecedor antecipadamente, se estamos falando de uma instância de nuvem ou não”, afirma Charlie Turri, CIO da IT People Network (ITPN), que fornece serviços de consultoria e TI. A ITPN utiliza serviços de provedores de nuvem e aconselha os clientes na seleção, configuração e gerenciamento de serviços em nuvem. Internamente, a empresa utiliza provedores de nuvem para a maioria de seus aplicativos internos, infraestrutura e armazenamento de dados.

Uma medida que as empresas pode tomar para resolver as preocupações de aprisionamento é avaliar uma arquitetura mais “desacoplada”. “Existem muitas boas razões para essa abordagem e uma é que ela ajuda a minimizar o impacto do aprisionamento”, declara Turri. Uma boa abordagem é examinar a arquitetura geral e ter um plano que possa ser desenvolvido na mudança inicial para a nuvem ou a qualquer momento, se já houver um contrato com um provedor. “O plano detalha a melhor abordagem para minimizar o impacto em qualquer tipo de aprisionamento.”

De acordo com o executivo, outra abordagem é adicionar uma camada de abstração para ofuscar o provedor. “Existem algumas desvantagens nisso, mas pode ser uma resposta viável para bloquear”, diz ele. Especificamente, para funções sem servidor, todas as ofertas dos provedores de nuvem funcionam geralmente da mesma maneira, mas apresentam algumas diferenças específicas. “As diferenças podem ser gerenciadas através de uma camada de abstração”, diz Turri. “Criamos uma prova de conceito para validar [que] essa abordagem funciona. O custo para construir e manter a camada de abstração precisaria ser ponderado em relação ao custo do lock-in.”

Siga a rota multicloud

As organizações estão cada vez mais criando ambientes multicloud, e isso pode ajudar a manter a ameaça de deserção com um provedor específico. “Optamos por trabalhar com vários provedores de nuvem para nossas próprias cargas de trabalho, para ajudar a provar operações com várias nuvens, equilibrar nossos riscos em todo o ecossistema e ajudar a comparar e contrastar provedores de serviços em nuvem para que possamos informar melhor nossos clientes”, revela Becirovic.

A concorrência entre os provedores de nuvem é acirrada, à medida que os custos para fornecer serviços e opções diferentes se tornam mais otimizados. “Os consumidores desses serviços, neste caso as empresas, estão posicionados para poder colher esses benefícios”, completa o executivo.

Pensando nisso, as organizações devem se esforçar para ter pelo menos dois provedores de plataforma em nuvem como serviço (PaaS) e infraestrutura como serviço (IaaS), explica Walden. “E você terá um número maior de fornecedores de SaaS.”

Aproveite as tecnologias de código aberto sempre que possível

Um dos principais pontos de venda dos provedores de serviços em nuvem é a facilidade com que novas tecnologias podem ser avaliadas e implementadas, observa Nick Wilson, vice-presidente de TechOps da GoSpotCheck. “A melhor solução para evitar o aprisionamento é usar componentes baseados em tecnologias de código aberto conhecidas e uso de ferramentas de plataforma cruzada para gerenciar esses componentes.”

Por exemplo, a GoSpotCheck está construindo seus serviços de próxima geração usando contêineres em execução no Kubernetes. “Todo provedor de nuvem tem sua própria variação de uma oferta Kubernetes, mas a tecnologia subjacente é de código aberto e independente de plataforma”, diz Wilson. “Isso nos permite mover nossos clusters e contêineres.”

A empresa construiu sua plataforma SaaS nativamente na nuvem pública, aproveitando provedores de PaaS, como Heroku, e IaaS, como Google e Amazon Web Services, para alimentar seus aplicativos da web, back-end para dispositivos móveis, data warehousing e análises avançadas.

Aproveite as oportunidades de renovação de contrato

Para Wilson, negociar com um contrato existente geralmente é melhor no momento da renovação. “Quando solicitamos a renovação de um contrato corporativo de longo prazo com um de nossos fornecedores, optamos por não renovar e, em vez disso, reverter para preços mais altos conforme o uso.”

Sempre há compromissos quando se decide em que nível trabalhar com um provedor de nuvem. “O modelo de pagamento conforme o uso é ótimo quando se inicia”, declara o executivo. “Mas geralmente [tem] os preços menos favoráveis ​​em troca da maior flexibilidade. Portanto, ao decidir firmar um contrato de longo prazo, é importante ter uma visão de longo prazo do que você deseja que sua pegada na nuvem seja.”

Tenha uma estratégia de saída desde o início

Pode parecer muito negativo, mas é prudente supor que algo dará errado com um provedor de nuvem e planejar essa eventualidade antes mesmo de assinar o contrato.

“Você pode evitar as armadilhas do aprisionamento de fornecedores pensando na saída desde o primeiro dia”, considera Charlie Li, vice-presidente executivo e diretor de nuvem da empresa de consultoria de tecnologia Capgemini North America.

“Isso significa garantir que seu design, dados e processos sejam gravados de maneira que possam ser facilmente aplicados a futuros ambientes de tecnologia. Se for provável que seja necessário portabilidade, use apenas serviços específicos de fornecedores de nuvem de nicho, onde eles absolutamente fornecem benefícios comerciais definidos e justificam o ROI [retorno do investimento] dentro de um período de dois a três anos.”

Não use serviços de fornecedor de nuvem apenas porque eles estão disponíveis, acrescenta Li. “Aproveite o tempo para usar ferramentas padrão do setor para facilitar a migração no futuro. Além disso, você pode proteger suas operações na nuvem no futuro, alavancando fortemente contêineres, arquitetura de microsserviços e uma estratégia de API, tornando-se independente de plataforma.”

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