5 perguntas para o CEO: Edgardo Torres Caballero, da Mambu

Em entrevista, executivo fala sobre o impacto das novas tecnologias no setor financeiro e os próximos passos da companhia no Brasil

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5:18 pm - 30 de maio de 2019

Criada em 2011 e já presente em mais de 50 países pelo mundo, incluindo o Brasil, a Mambu fornece plataforma SaaS (software as a service) para operações de serviços bancários digitais.

No total, a tecnologia da companhia, que é comandada no país pelo Managing Director para as Américas, Edgardo Torre Caballero, já atende mais de 9 milhões de clientes ao redor do globo por meio de aproximadamente 6 mil produtos ativos.

Na entrevista abaixo, o executivo fala sobre os benefícios trazidos pela adoção de novas tecnologias na área de finanças, as principais tendências tecnológicas para o segmento e quais os próximos passos da empresa no Brasil, entre outras coisas.

Computerworld Brasil: Você está à frente da Mambu no Brasil há cerca de dois anos. Quais foram os principais desafios neste período? E como vê o mercado de serviços financeiros no país atualmente?

Edgardo: De acordo com o levantamento “Fintech in Latin America 2018: Growth and Consolidation”, publicado em janeiro pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e Finnovista, o Brasil possui o maior número de fintechs da região, com 380 startups. O número total (1.166) cresceu 66% desde o primeiro estudo publicado em 2017. Só isso já demonstra como os últimos anos têm sido intensos no setor financeiro brasileiro.

Houve muitas alterações regulatórias que fizeram com que os players do setor que queiram se manter relevantes precisassem atualizar seus sistemas de forma a oferecer serviços que, além de atender a nova demanda dos consumidores, pudessem também resguardar as margens de seus negócios. O próprio Banco Central Brasileiro tem sido o responsável por estimular o mercado no caminho da digitalização e da modernização dos sistemas, abrindo assim a oportunidade de ampliar a competição entre os players. Ao completar um ano da nova regulamentação no Brasil, o Banco Central recebeu 18 solicitações e já autorizou três instituições a trabalharem no mercado.

Quem se beneficia de toda esta movimentação é o consumidor, que passar a ter mais escolhas e a contar com serviços melhores, mais personalizados e mais baratos.

CW: Acabamos de encerrar o primeiro trimestre do ano. Por isso, qual a avaliação desses primeiros meses de 2019 para a companhia no Brasil e quais os principais planos/objetivos da empresa por aqui para 2019?

A Mambu já atende mais de 9 milhões de clientes em 55 países, com 6.000 produtos ativos. No Brasil, já temos uma equipe de consultores que tem nos ajudado a entender as especificidades do mercado. Também já estamos trabalhando em estabelecer parcerias para atender o maior mercado de serviços financeiros da América Latina. Além disso, o momento é perfeito para esta nossa chegada: legislação em atualização, mercado crescendo e soluções comprovadamente efetivas que trazem benefícios para os negócios financeiros.

Já estamos em conversas bem avançadas com vários clientes, alguns inclusive em fase de implementação. Em breve, poderemos anunciar quem são os usuários e, principalmente, os benefícios que estão conseguindo ao usar nossas soluções no formato de software as a service (SaaS).

CW: Nos últimos anos, o uso de tecnologia nas empresas de serviços financeiros vem crescendo de forma significativa, seja por meio das fintechs ou com iniciativas de organizações mais tradicionais. A partir disso, quais as principais contribuições que a tecnologia pode fornecer para atender e engajar os consumidores cada vez mais exigentes e conectados?

Soluções tecnológicas com altos níveis de robotização e o uso de inteligência artificial geram significativos ganhos em produtividade e também garante a agilidade nos serviços que os consumidores tanto desejam. Esta digitalização reduz os custos das operações e, com isso, tornam os serviços mais competitivos.

Segundo a Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2018, 80% dos bancos consultados afirmam investir em inteligência artificial e em computação cognitiva.

Empresas (bancos ou fintechs) passam a ofertar mais opções para que os clientes escolham os produtos e pacotes de serviços que mais atendem às suas necessidades, em troca, estas companhias ganham usuários mais fiéis, o que, no cenário atual cheio de opções, já é um grande diferencial. Eles também estão atentos a uma fatia importante de possíveis consumidores que hoje fazem parte do grupo dos desbancarizados, que, segundo Banco Mundial, contempla mais de 1.7 bilhão de pessoas mundialmente.

Os brasileiros gostam de tecnologia. São grandes usuários e, muitas vezes, “early addopters”, o que estimula o mercado. Isso tem chamado a atenção de empresas financeiras do mundo inteiro. O mais importante, porém, é que esta adoção está sendo encabeçada pelo próprio regulador do setor, o Banco Central.

CW: Ainda sobre o uso de tecnologias em finanças: quais as principais tendências tecnológicas do setor para este ano e o futuro próximo, na sua visão?

As tecnologias mais relevantes para este movimento no setor financeiro já são bem conhecidas: nuvem, inteligência artificial, big data, BI, blockchain. O que muda é a forma do setor pensar o uso das tecnologias. É necessário trabalhar com modelos infraestrutura que possam garantir segurança e atender aos requisitos de compliance, ao mesmo tempo que sejam ágeis o suficiente para compreender às demandas de mercado.

CW: Por fim, quais os principais desafios e pontos de atenção do ponto de vista tecnológico para o setor financeiro no Brasil?

O maior desafio ainda está na mudança de mentalidade. Por décadas, os bancos e instituições financeiras brasileiras de médio e grande porte investiram muito em seus sistemas proprietários. Complexos, interconectados e custosos sistemas que exigem tempo e investimento para qualquer alteração. Hoje, o Airbnb já oferece mais quartos que as maiores redes hoteleiras do mundo. Uber possui a maior frota de veículos, sem carros como seus ativos. Participar do setor financeiro não significa mais abrir um banco, ter agências e caixas eletrônicos. Estou falando em novas ofertas que já sejam disponibilizadas em uma infraestrutura bem mais flexível, sem jogar fora tudo o que já existe.

Com soluções modulares de Terceira Geração que permitem a criação de serviços especializados tanto para o mercado de Pequenas e Médias Empresas quanto para os Grandes Bancos e Financeiras , sem descartar totalmente os investimentos realizados nos sistemas legados, a instituição ganha agilidade e começa a jornada da transformação digital.

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