“Transformação digital é jornada longa que requer disciplina de profissionais”, diz Cisco

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12:20 pm - 18 de novembro de 2019

“Importante ter em mente que a transformação digital é uma jornada longa que vai requerer muita cadência e disciplina de profissionais que desejam manter-se atualizados e produtivos em meio a tantas mudanças”. A frase é de Severiano Macedo, Digital Transformation Advisor da Cisco, que falou com a IT Trends para a seção “3 Perguntas sobre Carreira”.

 

O especialista explica que um dos primeiros passos para o profissional fazer a sua transformação digital e não ficar para trás nas empresas é saber identificar problemas ou desafios operacionais que possam oferecer impactos positivos e imediatos para a companhia ou seus clientes. Confira todas as dicas de Macedo na entrevista abaixo:

 

3 Perguntas sobre Carreira para:

Severiano Macedo, Digital Transformation Advisor da Cisco

 

– Grandes empresas de todos os setores estão passando por processos de transformação digital. Qual a principal dica para que os profissionais não fiquem para trás em meio a tantas mudanças?

 

Macedo: Procure fazer parte da mudança, seja um agente liderando as transformações digitais de seu departamento e de sua empresa. Seja propositivo e procure identificar problemas ou desafios operacionais que possam oferecer impactos positivos e imediatos para a empresa ou seus clientes. Busque aliados nas áreas de negócio e de tecnologia. Comece pequeno e procure escalar rápido, acumulando gradativamente o apoio de seus gestores e colegas.

 

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Muitos profissionais, assim como as empresas, procuram fazer benchmarking para entender sua posição na escala de digitalização, mas na verdade pouco importa onde você esteja, adiantado ou atrasado, o mais importante é a velocidade em que você esteja se movendo! Importante ter em mente que a transformação digital é uma jornada longa que vai requerer muita cadência e disciplina de profissionais que desejam manter-se atualizados e produtivos em meio a tantas mudanças.

 

– A transformação digital já chegou à indústria. Quais as principais transformações que veremos no curto prazo e que irão impactar os profissionais desse segmento em todas as áreas?

 

Macedo: Tudo que puder ser digitalizado, será digitalizado em breve. Serviços de baixo valor agregado ou insalubres serão substituídos por máquinas, robôs ou aplicativos. Onde houver ineficiência ou desperdício, teremos aí uma inovação e digitalização. Falando do setor industrial, deveremos ter um grande impacto no curto e médio prazo (2 a 5 anos) nos setores automobilístico, oil & gas, de transporte e de energia, causados pela adoção em massa das frotas de veículos elétricos autônomos.  Afinal, não há nada tão ineficiente quanto um automóvel pessoal a combustão, pois nossos carros ficam ligados efetivamente apenas 1,5 hora por dia (média global de 4% de utilização) e apenas 20% do combustível que abastecemos gera torque/movimento (80% produz calor e ruído).

 

Os veículos elétricos (EV)  possuem eficiência de 95%, durabilidade três vezes maior e custos de manutenção muito menores, sem falar que hoje já temos no mercado alguns EVs com preços competitivos em relação a seus rivais a combustão. A energia solar também está atingindo níveis de competitividade surpreendentes e sabemos que é muito mais fácil transportar apenas o elétron, para abastecer o EV, do que transportar a molécula completa do hidrocarboneto para abastecer os veículos a combustão. No curto prazo teremos oferta de pacotes de transporte TAAS (transportation as a service), assim como temos os pacotes de dados nas redes celulares; e isso irá causar um grande impacto na forma que nos transportamos, tão grande quanto as mudanças na forma em que passamos a nos comunicar.

 

Teremos serviços de qualidade acessíveis a toda população e com um menor número de carros circulando ( teremos apenas as frotas ) deveremos ter uma melhoria no trânsito das cidades, que hoje são caóticos em sua maioria. Além disso, redução drástica dos níveis de poluição nas cidades e diminuição dos acidentes e vítimas de trânsito. Há neste cenário positivo infinitas oportunidades para os profissionais que conseguirem se antecipar a estas mudanças.

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– E quem está começando a carreira agora, como se preparar para atuar em um ambiente que ainda nem sabemos como será? 

 

Macedo: O momento atual é propício para esta geração que já nasceu digitalizada e que possui uma capacidade ilimitada para interagir com máquinas e aplicações virtuais, uma geração que possui o senso de urgência e de inquietude que os novos tempos demandam. Porém, não se faz transformação digital sozinho e, por isso, o grande desafio daqueles que estão iniciando a carreira em uma empresa solidamente estabelecida será justamente conseguir conviver e trabalhar em equipe com uma geração que ainda usa os termos “discar” ou “caiu a ficha”. As grandes corporações possuem alguns silos e políticas de trabalho que somente as gerações anteriores são capazes de entender e superar, fornecendo a cadência e orquestração requerida aos que estão iniciando carreira. Enfim, será preciso em parte, se adaptar ao meio e não apenas lutar para transformá-lo. Para aqueles mais impacientes, e corajosos, procurem forjar suas próprias empresas e os modelos de start-ups são os mais indicados.

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