QI que nada: a habilidade que importa agora é IE

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6:33 pm - 24 de abril de 2019

Se você tem menos de 80 anos, pode ir se preparando para mudar ininterruptamente durante toda a vida. Os profissionais do futuro serão obrigados a acompanhar transformações cada vez mais impactantes e disruptivas que vão afetar tudo o que conhecemos: os negócios, a política e a nossa relação conosco, com outras pessoas e até com robôs. Será preciso ter uma mente sã e flexível, capaz de manter as emoções sob controle, mesmo que todo o conhecimento que você possua mude — literalmente — da noite para o dia. Para acompanhar as mudanças na mesma velocidade com que elas se desenrolam será preciso muito esforço.

 

Quem afirma é um dos historiadores mais badalados dos últimos tempos, Yuval Noah Harari. Suas publicações batem recorde de vendas, são traduzidas para diversas línguas e estão no estante de personalidades como Bill Gates, Mark Zuckerberg e Barack Obama. Seu primeiro livro, Sapiens, é um best-seller que conta a história da humanidade até os dias de hoje. Homo Deus, sua segunda publicação, aborda o futuro em que estaremos inseridos e os desafios complexos que teremos que enfrentar. Seu mais recente livro é 21 Lições para o Século XXI, lançado em 2018, e discute temas da atualidade: conflitos armados, terrorismo, o avanço da tecnologia e o mercado de trabalho.

 

Segundo o autor israelita, para não fazer do grupo de trabalhadores que não serão aproveitados por nenhuma empresa — a chamada “classe de pessoas inúteis” — cada indivíduo deve ser responsável pela sua própria atualização profissional. E o principal ponto dessa requalificação está no investimento em inteligência emocional e saúde mental. Harari afirma que as barreiras mais difíceis que vamos enfrentar no futuro não serão físicas, e sim psicológicas. A flexibilidade mental será fundamental para conseguir suportar mudanças cada vez mais frequentes e repentinas.

 

Mas o que é realmente Inteligência Emocional? Segundo especialistas no assunto, IE nada mais é que a capacidade de identificar, utilizar, compreender e gerenciar as emoções de maneira positiva. O impacto ao aplicá-la em sua vida são diversos: comunicar eficientemente com clientes e colegas de trabalho, perseverar frente aos desafios, aliviar o estresse, usar da empatia para se relacionar com as pessoas, solucionar conflitos, entre outros benefícios.

 

Considerado o pai da Inteligência Emocional, Daniel Goleman vai mais longe e considera que o sucesso de uma pessoa depende diretamente da sua IE. Psicólogo, jornalista científico e PhD da Universidade de Harvard, Goleman acredita que grande parte do trabalho hoje envolve relacionamento, seja com nosso chefe, colegas de trabalho, fornecedores ou clientes. Dessa forma, os indivíduos que possuem habilidades como compreensão e gentileza são mais propensos a serem bem-sucedidos.

 

Para atingir a Inteligência Emocional, encarar as emoções e tudo o que ocorre ao seu redor de maneira positiva é crucial. E essa é a fórmula da felicidade, segundo o renomado especialista no assunto, Tal Ben-Shahar. Professor da Universidade Harvard, ele é responsável pelo curso mais popular da história da instituição, o curso de Felicidade. E não é à toa que o assunto atingiu tal popularidade na universidade. O psiquiatra Sigmund Freud defendia, lá na década de 30, que todo indivíduo é movido pela busca incessante pela felicidade. Passadas quase nove décadas, a premissa nunca esteve tão atual. E, nessa jornada moderna de procura por uma vida feliz, o trabalho, há muito tempo, deixou de ser só um simples ganha-pão para ser um meio de sucesso e realização.

 

Em suas aulas, Bem-Shahar aplica o conceito de Psicologia Positiva, que nada mais é o ato de parar de focar somente nas coisas que dão errado e passar a dar valor às pequenas vitórias. Uma maneira de praticar a Psicologia Positiva no trabalho é refletir sobre o progresso diário conquistado no final do dia. Esse simples ato pode tornar você mais produtivo e mais satisfeito. As lideranças também devem pensar em valorizar os pontos fortes de cada indivíduo da equipe, pois isso aumenta a eficiência de todos. Que fique claro: não se deve ignorar os pontos fracos, mas focar a maior parte de suas energias no que o time possui de melhor.

 

As vantagens de possuir uma elevada Inteligência Emocional não param por aí. Aqueles que conquistarem essa habilidade serão capazes de levar uma vida mais sadia, ao passo que poderão controlar o nível de estresse. Isso significa menos pressão arterial, o que leva a menos risco de ataque cardíaco, o que leva a uma saúde melhor. Mas não é só a saúde física pode se beneficiar: a saúde mental também. Manter o controle do estresse significa estar menos vulnerável quanto à depressão, ansiedade e outras doenças que estão aumentando vertiginosamente por conta da vida moderna.

 

Ao entender e controlar suas emoções você poderá se expressar melhor quanto ao que está sentindo, auxiliando a construir relações mais fortes, tanto na sua vida pessoal como na profissional. No ambiente corporativo, a inteligência emocional poderá ajudar a administrar as complicadas relações de trabalho, compreender melhor o seu papel como líder (mesmo que informal), motivar com êxito os demais colaboradores e impulsionar a carreira. Não é à toa que grandes empresas atualmente já estão buscando candidatos que possuam esse tipo de habilidade. A tendência é cada vez mais as organizações focarem suas atenções para a inteligência emocional e também para o conjunto de outras competências conhecidas como soft skills.

 

Soft skills X hard skills

 

Atualmente você está fazendo um curso de chinês, estudando uma nova linguagem de programação ou aprendendo uma competência específica? Esqueça essas hard skills. Comece a investir nas soft skills, habilidades subjetivas que estão ligadas ao comportamento pessoal. Entre as habilidades existentes podemos citar a criatividade, o trabalho em equipe, a atitude, a resolução de problemas, a adaptabilidade, o pensamento crítico.

 

Diferentemente das hard skills, que podem ser obtidas lendo livros ou fazendo cursos, as soft skills são mais complexas de aprender, mensurar e avaliar. Exemplo: se você quer ser mais criativo, não basta apenas ler sobre o assunto. É preciso vivenciar experiências e praticar muito para refinar tais habilidades ao longo do tempo.

 

As soft skills são fundamentais para todos os setores de atuação. Afinal, interagir de maneira adequada com os outros colaboradores é indispensável seja qual for o tamanho ou ramo de atuação. As organizações estão em busca de profissionais com tais capacidades que possam utilizá-las independentemente da posição de trabalho, tornando-se uma peça coringa que permite ser encaixada em qualquer área dentro da organização.

 

E aí, entendeu porque a Inteligência Emocional e o sucesso na carreira estão conectados, ou fará parte da classe dos “inúteis”?

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