Prepare-se: você vai precisar ter mais de uma carreira

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4:36 pm - 17 de julho de 2019

Já pensou em ter uma carreira paralela à sua ocupação original? A tendência do profissional multicarreira é apontada por especialistas e impulsionada pela evolução do mercado de trabalho e a transformação digital. Hoje, os modelos tradicionais de trabalho com horário fixo, por exemplo, estão começando a se tornar mais flexíveis, e experimentar novos modelos, agora, é muito mais fácil. Além disso, é mais conveniente que se tenha uma segunda carreira como carta na manga, dadas as atuais incertezas sobre o futuro do trabalho.

 

O motivo? O impacto que as novas tecnologias trarão na destruição de algumas funções. O exemplo dado do especialista Paulo Exel, diretor da consultoria de recrutamento Yoctoo, é simples: quando os caixas eletrônicos entraram dentro das agências bancárias, houve diminuição no número de atendentes nos bancos. Imagine se você fosse um desses caixas e tivesse uma outra carreira também em andamento, não seria muito mais fácil passar por essa transição? Para ele, o futuro do trabalho não será guiado pela escolha de uma carreira, mas de várias delas. A ideia é construir e desenvolver a vida profissional com alternativas adjacentes àquela que é a função principal.

 

 

Dessa forma, com tantas transformações acontecendo, o emprego como conhecemos hoje, em breve, não existirá mais. Assim como dificilmente um profissional terá uma carreira linear como a que conhecemos hoje, em que se forma e trabalha durante toda a vida em um ramo específico. Embora isso já exista na prática (executivos que também são acadêmicos ou palestrantes, por exemplo), o movimento deve se intensificar, impulsionado também pelo aumento da expectativa de vida. “O profissional multicarreira vai construir a carreira de uma maneira completamente diferente da que fomos acostumados a ver décadas atrás”, alerta o especialista.

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O conceito de desenvolvimento de multicarreiras surge dentro de um cenário no qual profissionais baseiam suas profissões em suas habilidades e características pessoais, e não necessariamente em suas áreas de estudo ou conhecimento técnico. Então, para se preparar para escolher uma segunda profissão nesse contexto, a chave é prestar atenção nas características que este profissional adquiriu ao longo de toda a vida, e como elas poderiam agregar em uma segunda carreira, seja dentro da sua área de atuação ou em outro mercado. Uma dica que pode ajudar neste momento é perceber de que forma as habilidades aplicadas sua carreira formal estão sendo demandas em outros mercados. “Depois desse exercício de autoconhecimento, um hobby pode acabar virando uma carreira. A oportunidade pode estar rondando de uma maneira que o profissional não está enxergando ainda”, orienta.

 

O resultado dessa avaliação pode ser algo tecnicamente diferente da carreira principal ou até mesmo algo considerado simples – como, por exemplo, arquitetos que passam a atuar também como blogueiros ou palestrantes. Em resumo, saber ressignificar o próprio saber de novas maneiras é importante no processo de identificação de uma segundo área de atuação. Após detectar as habilidades e identificar novas possibilidades de atuação, é hora de começar a se relacionar com pessoas da outra área e entender como funciona este mercado, quais são as empresas que demandam este tipo de profissional, habilidades técnicas necessárias e que podem ser desenvolvidas. Dessa forma, o profissional multicarreira identifica onde ainda tem que investir em termos de conhecimentos.

 

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Depois dessa etapa, o network deve se intensificar. “A verdade é que isso nem todo mundo sabe fazer, mas é algo muito importante”, orienta Exel. Um bom começo pode ser identificar os eventos da área e descobrir como se inserir nesses ambientes, sobretudo para consumir conteúdo. Mas, embora a multicarreira seja uma tendência, o especialista também alerta que nem todos já enxergam a mudança de forma positiva. Muitas pessoas podem relacionar essas diversas habilidades a uma ideia de “estar perdido”, “sem rumo”. “Algumas empresas e recrutadores já estão mais familiarizados ou mais abertos a identificar isso como positivo, mas outros ainda verão de forma negativa, pois identificam o modelo de carreira linear como o único possível”, explica.

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