Na tecnologia, mulheres constroem pontes e criam redes de apoio
Talento e capacidade não têm gênero, embora muitas vezes as mulheres ainda sofram discriminação. Mas isso está mudando e, hoje, as próprias profissionais procuram estimular o desenvolvimento das mais jovens

Apesar de a equidade de gênero ser um tema atual e muitas empresas investirem em estratégias para promover a diversidade, ainda existem grandes desafios para que a igualdade seja, de fato, atingida.
Segundo o Global Gender Gap Report de 2023, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, ainda serão necessários 131 anos para que o mercado de trabalho alcance o equilíbrio entre homens e mulheres. Além disso, as profissionais do sexo feminino ainda têm salários, pelo menos, 20% inferiores do que os seus pares masculinos. Para completar, um estudo recente do Observatório Nacional da Indústria mostrou que apenas 39,1% dos postos de liderança, no Brasil, são ocupados por pessoas do gênero feminino – número que se torna mais relevante quando lembramos que mais da metade da população (51,5%) é formada por mulheres.
No entanto, esses dados não intimidam as profissionais. Pelo contrário: cada vez mais elas criam redes de apoio que incentivam o desenvolvimento e crescimento de outras mulheres. “O cenário de equidade de gênero ainda é distante, e por isso é importante termos como objetivo a promoção de profissionais femininas no mercado de trabalho”, disse Roberta Buzar, líder de vendas da Embratel, unidade B2B da Claro. “Só assim teremos mais gerentes, diretoras, VPs e CEOs mulheres”, completou.
Em entrevista ao Próximo Nível, Roberta contou que se envolve ativamente em grupos de apoio voltados para o avanço profissional das mulheres e também no combate à violência, além de desempenhar o papel de mentora em programas dedicados à capacitação de pessoas para o setor de tecnologia.
Poder das comunidades de mulheres incríveis
Para Paloma Lataliza, engenheira de cloud da Embratel, “a diversidade de pensamento e de experiências que as mulheres trazem para o campo impulsionam a criatividade e a resolução de problemas”. Segundo ela, que ingressou na área de tecnologia em 2019, o mercado já evoluiu e não existe mais tanto preconceito com profissionais do sexo feminino.
Paloma Lataliza, engenheira de cloud da Embratel. Foto: Divulgação
Apesar disso, embora ainda seja bastante jovem, Paloma conta que já se sentiu menos “ouvida” em ambientes masculinos. Porém, para ela, isso não foi um problema, mas, sim, um aprendizado. “Sempre procurei transformar essas experiências em aprendizado. Em cada empresa por onde passei, acumulei experiências, não somente profissionais, mas também de relacionamento e posicionamento, as quais contribuíram para meu crescimento”, afirmou ela.
Assim, com o propósito de proporcionar o mesmo aprendizado, Paloma começou a participar de comunidades do segmento, especialmente as ligadas à Amazon Web Services (AWS). Ela, que é co-fundadora do Mulheres na Nuvem MG (uma rede de apoio que iniciou com meninas de Minas Gerais, mas atualmente está em escala internacional), atua idealizando eventos, conteúdo técnico, palestras e mentorias.
Inclusive, ela se engajou na organização do AWSome Women Community Summit, evento realizado em 9 de março, em Belo Horizonte (MG). O encontro, organizado pelas mulheres da comunidade ativa AWS User Groups, AWS Community Builders (reconhecida pela criação e impacto de conteúdo sobre a plataforma) e AWS Heroes, já acontece em vários lugares do mundo, mas teve sua primeira edição no Brasil neste ano. Vale explicar que o nome do evento, AWSome (ou awsome), significa incrível, em inglês.
Talento não tem gênero
Priscila Araújo, que também se envolveu na organização do AWSome Women Community Summit, é outra profissional da Embratel que contribui para o desenvolvimento de carreiras femininas. “Quero devolver à sociedade tudo aquilo que recebi, de estímulo e incentivo para estudar e me aprimorar na carreira”, disse ela.
Priscila Araújo, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Embratel. Foto: Divulgação
Priscila, que atua na área de soluções digitais da Embratel, afirma que um de seus propósitos é fomentar o desenvolvimento de carreiras femininas na área de tecnologia. “Isso não é trabalho, é um propósito pessoal que não tem preço”, afirmou em entrevista ao Próximo Nível.
A profissional destacou que muitas mulheres enfrentam desafios na carreira de tecnologia, seja para se posicionarem, seja para vencerem seus próprios bloqueios. “Mas precisamos reforçar que mulheres têm a mesma capacidade que os homens, não há distinção. O talento não tem gênero e, importante reforçar, muitas vezes as mulheres têm um olhar mais atento do que os homens, na resolução de problemas”, pontuou. “E isso é o mais interessante da diversidade, que características distintas se complementam”.