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UOLDiveo se firma na briga de cloud computing com multinacionais

O histórico de baixo investimento do Brasil no desenvolvimento da indústria de ponta faz com que sigamos, desde os tempos do descobrimento, as tendências internacionais. E quando se fala em TI, infelizmente, o contexto não é muito diferente: as inovações chegam ao mercado como um enlatado, que leva tempo até ser adaptado para entregar as necessidades dos clientes locais. Somam-se a isso as inegáveis particularidades da economia brasileira, com seu sistema tributário, no mínimo, complexo, o que torna muito baixo o estímulo eficiente ao processo de empreendedorismo.

É com essas particularidades, e sem o amparo de uma marca internacional, que a UOLDiveo trata diariamente. A companhia, que nasceu em 1999 para atender à demanda das chamadas pontocom, na época da Bolha da Internet, foi adquirida em 2010 pelo UOL, quando ganhou o nome que combina as duas marcas. Antes da aquisição, Marco Américo, hoje COO da empresa, atuava na Diveo, e viu todo o processo acontecer ? da transformação do próprio mercado à da marca. Nos últimos cinco anos, o grupo como um todo adquiriu 30 companhias. Apenas a unidade de data center abocanhou cinco empresas, de aplicação a segurança, e hoje se posiciona como provedora completa, com capacidade ? e diferenciais ? para competir com gigantes, como IBM. O trabalho é árduo, especialmente depois da chegada direta da Amazon Web Services ao Brasil, e Américo reconhece isso. O objetivo, então, é unir as forças das unidades da empresa para entregar, ao cliente, um ?prato colorido?, onde uma composição de soluções enderece todas as necessidades apresentadas.

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CRN Brasil – Sua chegada à antiga Diveo foi em julho de 1999. Aos seus olhos, como foi a transformação do mercado de TI e da própria companhia neste período?

Marco Américo – São quase 14 anos de história. Em 1999, a Diveo entrou no mercado como uma operadora para prover serviços de telecom. A ideia dos data centers surgiu no começo de 2000 devido a uma tendência mundial, que era a de construir ambiente para hospedar as empresas pontocom. No final de 2001, houve o estouro da bolha e a empresa estava em uma situação financeira não muito interessante, porque tinha dívida grande com dois players que ajudaram a financiar a sua construção [Ericsson e Lucent]. Nesta época, tínhamos na América Latina data centers em sete países: Brasil, Uruguai, Argentina, Peru, Colômbia, Panamá e México. Depois do estouro reestruturamos as operações e mantivemos apenas Brasil, México e Colômbia. Foi quando começamos a partir de empresa que provia serviços de comunicação de dados para nos especializarmos em outsourcing.

CRN Brasil –  Nos últimos cinco anos, a UOLDiveo comprou uma média de uma empresa por ano, seguindo o processo de consolidações vista internacionalmente no mercado. Quanto foi investido, em valores, neste meio tempo?

Américo – Não podemos abrir os valores, mas certamente a aquisição da Diveo foi a maior, em torno de 750 milhões de reais. Diria que foi maior do que todas as outras cinco juntas. A meta, com todas as compras foi de, basicamente, reposicionar a marca como uma empresa de full outsourcing. Podemos prover soluções integradas, da camada da aplicação ao data center. Além disso, temos ainda uma joint venture com a Ezmarket, o UOLDiveo Broker, que foi um investimento numa startup, formada por diretores que saíram BM&FBovespa. Anunciamos em abril deste ano. O objetivo é prover soluções verticais para o mercado financeiro, como corretoras, bancos de investimento, etc.

CRN Brasil –  A ideia é crescer no setorial então?

Américo – Sim. A BM&F Bovespa já é uma das nossas principais clientes, boa parte de suas operações está em nossos data centers. Acabamos atraindo outros players, como corretoras, banco de investimento e family offices. Já temos uma boa parte da receita proveniente deste mercado.

CRN Brasil –  Existe o objetivo de crescer ainda em outros setores e ofertas?

Américo – Já estamos com iniciativas em varejo e-commerce. Com a compra da Compasso, conseguimos inserir a camada de aplicação de pagamento online segura, com gateways e outros esquemas antifraude.

CRN Brasil –  Outras aquisições estão no radar?

Américo – Possivelmente teremos uma neste ano. Mas não dá para afirmar.

CRN Brasil –  Com as aquisições, como a empresa se posiciona frente à concorrência?

Américo – Temos serviços de telecomunicações, mas não para brigar com Embratel, Telefônica e Oi. Temos ofertas de segurança, mas não para concorrer em segurança… o que queremos é deixar as ofertas de nossa empresa mais robustas.  Queremos ter um pouco de tudo, não uma coisa, ou outra. É como um prato: tem de ser colorido. Não queremos um negócio apenas preto e branco.

CRN Brasil –  Você comentou recentemente que os principais concorrentes do formato atual da UOLDiveo é a Tivit e IBM. Como é essa disputa?

Américo – Ambas são empresas de full outsourcing, mas nenhuma delas tem o portfólio que temos hoje. A IBM não tem portfólio de telecom. O nosso tem uma série de diferenciais. Outro ponto que vejo um grande diferencial, que não vejo nem a Tivit e nem a IBM se posicionando fortemente, é cloud computing. Uma coisa é fazer virtualização, outra é vender cloud à la Amazon, coisa que nós já fazemos. Acreditamos que as soluções vão ser híbridas, uma parte continuará como é hoje, e outra, estará na nuvem, ou nas nuvens. Nós temos condições de entregar. Não vejo a Tivit fazendo isso. E a IBM comprou um player americano importante [a SoftLayer, em junho, para ampliar a oferta de nuvem pública], talvez ela venha fazer isso em num futuro próximo. No Brasil eu não sei como é.

CRN Brasil –  Mas concorrer com gigantes, como IBM, não deve ser de todo simples…

Américo – Isso depende do segmento da indústria. Se for uma multinacional global, como uma Unilever, Procter & Gamble, GE, realmente para a gente fica difícil competir, porque não somos um player global. Mas se olhar o e-commerce, por exemplo, temos uma série de diferenciais que Tivit e IBM estão longe de ter, toda parte de meios de pagamentos elas não têm. Sem falar em outras coisas que o grupo pode oferecer, como mídia. Por isso que corremos em verticalizar nossas ofertas. Quanto mais vertical, maior o diferencial.  Temos uma fibra ótica em São Paulo, por exemplo. Para o mercado financeiro, latência é fundamental. Eu tenho como gerenciar latência da minha rede. A segmentação e verticalização das ofertas é fundamental à nossa proposta.

 

CRN Brasil –  Mas no longo prazo, existe o foco de competir com grandes players de olho em clientes globais?

Américo – Não, porque precisaríamos ter operação nos quatro continentes. Não temos essa intenção. E não tem como. O grupo é brasileiro, tem uma missão muito grande no Brasil. No passado foram feitos investimentos fora daqui mas, por uma questão de contexto histórico, não deram certo. O objetivo, agora, é forçar a consolidação no Brasil.

CRN Brasil –  Falamos muito sobre competição em cloud computing, mas em sua visão pessoal, qual é o momento pelo qual este mercado passa no Brasil?

Américo – Historicamente estamos de três a quatro anos defasado em relação aos Estados Unidos do ponto de vista tecnológico. Hoje o que acontece por lá deve chegar aqui entre 2014 e 2016. Cloud no Brasil já é realidade, mas ainda está começando. E a vinda da AWS [que chegou oficialmente ao Brasil, com escritório, em dezembro de 2011] está acelerando este processo. Estamos investimento pesadamente em nosso roadmap para competir com eles.

CRN Brasil – Mas aumentaram o volume de investimento?

Américo – Aceleramos.

CRN Brasil –  Por favor, dê alguns exemplos.

Américo – Tínhamos um roadmap que levaria de dois a três anos para ser executado, mas decidimos encurtá-lo pelo menos à metade.

CRN Brasil –  E como isso foi operacionalizado? Quais foram os impactos?

Américo – O grupo como um todo tem força de trabalho grande por causa do portal UOL, são quase 400 pessoas trabalhando em desenvolvimento. Sim, é um projeto importante, audacioso, mas não é absurdo, porque o time de desenvolvimento já está rodando.

CRN Brasil – Como isso chegou ao cliente?

Américo – A modalidade de cobrança por hora é uma das formas de evolução. Já temos produtos disponíveis assim no UOLHost, por exemplo, e com a facilidade de os impostos serem cobrados no Brasil. Algumas opções estão no ar há 90 dias. O retorno está sendo bem positivo, a adesão de tudo o que é cobrado sob demanda é muito bem aceita. Mas é a mesma coisa com a evolução do cheque para o cartão de crédito. O cheque vai morrer por causa do cartão de crédito? Não! Cloud é revolucionária, transformadora, mas o mundo tradicional, como estamos acostumados, vai continuar ocorrendo. A mesma analogia se fez com mainframes: eles iriam morrer nos anos 90, mas existem até hoje. Teremos internet das coisas chegando, e as aplicações e os volumes de processamento e armazenamento de tráfego vão crescer. Tem espaço para todo mundo.

CRN Brasil – Com esse cenário, uma das tendências apontadas por analistas é a migração de empresas de TI de vendedoras de nuvem para cloud providers. Em sua opinião, haverá espaço e oportunidade para todos? Por quê?

Américo – Nos primórdios, os canais eram integradores que instalavam o hardware dentro da casa do cliente. Como este mercado está deixando de existir, porque temos provedores como nós e eles precisam sobreviver, partem para integrar o cliente na nuvem. É um integrador antigo que muda a sua forma de vender, porque cada dia que passa os clientes deixam de comprar diretamente seu equipamento. Nós somos provedores de serviço. Construir um data center é só para grandes, porque os custos são enormes. As empresas pequenas, que antes faziam consultoria, vendiam hardware e software e suportavam a infraestrutura dentro de casa ? que é um mercado super tradicional ?, deixa de existir e passa a revender na nuvem.

CRN Brasil – Cerca de 25% da receita de vocês vem de parceiros. O que vocês esperam dessas vendas indiretas?

Américo – Temos 200 parceiros ativos. O que queremos é que esse percentual cresça para ao menos 30% nos próximos dois anos. Mas não estamos com nenhuma mudança muito radical. Chegaremos a essa proporção fomentando, conversando e evangelizando os aliados para utilização de nossa infraestrutura.

CRN Brasil ? Qual, na sua avaliação, será o reflexo do atual cenário macroeconômico no mercado de TI e nas operações da companhia?

Américo – O que vemos são grandes projetos sendo postergados, mantidos na geladeira. Principalmente os maiores. É possível ver no dia a dia as empresas tentando entender o quê vai acontecer antes de pisar no acelerador. É algo genérico no mercado.

CRN Brasil – Como você imagina a UOLDiveo daqui a cinco anos?

Américo – Como maior player de full outsourcing do mercado brasileiro, em termos de receita. Se for medir por infraestrutura e capacidade instaladas, já somos os maiores. Se falarmos em receita, estamos, provavelmente, entre o terceiro e o quarto. O que queremos, então, é ser percebidos como os maiores do mercado.

CRN Brasil – O que será necessário para isso?

Américo – Muito trabalho e um pouco de sorte. Não depende só de nós. Quando comecei na Diveo, não tinha nenhum cliente e nenhum real de receita. Se você vir os pilares do grupo como um todo, todos eles são os maiores de suas áreas: o maior portal, o maior jornal. Queremos, então, ser o maior e o melhor dessa indústria de full outsourcing.

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