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Tokenização será habilitadora da internet das coisas e de novas formas de pagamento

Não faz muito tempo, o cartão de plástico era uma das únicas formas de pagamento. Com a evolução dos smartphones e da internet, ele passou a dividir espaço com outras modalidades, como e-commerce, mobile commerce, pear to pear, in-app e dispositivos da internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), como relógio, pulseiras e, no futuro, carros (veja mais no infográfico ao final da reportagem).

Mas a diversidade de formas de pagamento trouxe o desafio da segurança. “Antes, tínhamos fraudes com clonagem de cartão. Então, o uso de chip e de senha combinados praticamente acabou com a fraude. Com a evolução dos pagamentos, a fraude migrou para o cartão não-presente, pela internet, que é onde está grande parte dos problemas hoje”, detalhou Edson Ortega, diretor-executivo de Risco da Visa.

A cada US$ 100 de transações, US$ 0,09 em todo o mundo é fraude, não necessariamente com perda financeira. “Achar esses US$ 0,09 é o nosso desafio diário e é aí que entram nossas engrenagens. Além das tecnologias, temos um time que monitora transações em tempo real por meio de redes neurais”, explica, lembrando que, por segundo, são mais de 65 mil transações em todo o mundo e pinçar uma fraude nessa montanha é a missão da área de proteção da companhia.

Esse cenário, no entanto, pode ser contornado com a tokenização. O executivo explica que o token substitui informações importantes do cartão, como os 16 dígitos, por um identificador digital, gerado para cada transação individualmente. Assim, ele permite a realização de compras sem expor detalhes que podem ser explorados por fraudadores. “A cada nova compra, a informação anterior já não servirá para nada”, comenta.

Como funciona? A Visa conta com o Visa Token Service, que em cinco passos e em frações de segundo,  possibilita uma compra segura e simples, garante ele. O primeiro passo é o consumidor iniciar o pagamento on-line, ou por meio de um dispositivo móvel, em uma loja física ou em um aplicativo. Depois, o comércio envia o token de pagamento para o adquirente como parte da aprovação da transação. Feito isso, o adquirente envia o token de pagamento para a Visa para que o processamento comece.

Em seguida, a Visa identifica e valida o token de pagamento e envia a informação o emissor do cartão. Para se ter uma ideia, a Visa checa mais de 500 parâmetros diferentes em compras para garantir que ela é legítima, e, de fato, feita pelo dono do cartão. Assim, o emissor aprova ou recusa a transação realizada por token de pagamento. Por fim, a transação é concluída e acontece o retorno do token de pagamento e da autorização da compra para o adquirente e para o comércio.

Em função de suas características, a tokenização será habilitadora da internet das coisas e de novas formas de pagamento, acreditam Ortega e Alessandro Rabelo, gerente de produtos da Visa. Eles apontam que essa tecnologia será vital em IoT, especialmente considerando o hoje são 3 bilhões de cartões, e no universo IoT, em 2020, serão 50 bilhões.

Rabelo afirmou que, do ponto de vista global, a tokenização já é realidade. No Brasil, a novidade chegou no final de 2015, fruto da parceria da empresa com a Samsung. Banco do Brasil, Santander e Brasil Pré-Pagos já estão na lista de usuários, levando a novidade para seus clientes. Além disso, 2,8 milhões de comércios já estão aptos a suportar pagamento sem contato via Near Field Communication (NFC).

Ortega aponta que é difícil de precisar quando a onda da tokenização vai chegar com força no Brasil. Segundo ele, sua evolução vai depender de alguns fatores de experiência positiva para o usuário. “Observamos que em cinco anos o mobile banking avançou rapidamente. Na minha opinião, a tokenização vão chegar tão rápido quanto”, comparou.

Além disso, há um limitador tecnológico, por exemplo, em smartphones. Nem todos estão preparados para a novidade. A Samsung, no entanto, afirmou recentemente que a maioria de seus aparelhos contará com Samsung Pay no próximo ano. Outras empresas, como Google e Apple, que já lançaram a funcionalidade fora do Brasil e devem trazê-la para cá em breve.

O que se sabe, aponta Ortega, é que a tockenização é necessária. “O caso Target [que teve dados de milhares de clientes expostos] mostra isso. Esse acontecimento foi desencadeador para os Estados Unidos implementarem cartões com chip. Quando falamos de internet das coisas e o fato de comprar qualquer coisa em qualquer lugar, o tema é ainda mais vital.”

Além das senhas
Segurança é prioridade da Visa e a empresa considera seu maior concorrente os fraudadores. É por isso que a companhia investe pesado no tema, apontam os executivos, sem, no entanto, revelar cifras. Há três meses, inclusive, a empresa abriu um laboratório de ideias, em São Paulo, para avançar em inovação e facilitar a vida do cliente final. Um dos temas abordados no local é a segurança.

De olho no cenário futuro, para os executivos, o horizonte aponta um mix do uso de senhas e de outros fatores, como biometria. Isso tudo sem deixar de lado a experiência do cliente. “Nosso papel é equilibrar experiência e segurança”, conta Rabelo. Qual será a melhor opção? Rabelo indica que a resposta virá do consumidor. “Se será selfie, biometria, senha, o cliente que vai escolher”, finaliza.

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