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Sob protestos contra Projeto Nimbus, AWS diz que IA generativa é oportunidade da geração

Dave Levy, vice-presidente para setor público da Amazon Web Services (AWS), subiu ao palco do AWS Summit, em Washington DC*, capital dos Estados Unidos, às 11h para falar sobre os impactos da inteligência artificial (AI) no mercado e mais especificamente no setor público.

No entanto, ele somente conseguiu passar a sua mensagem minutos depois de protestos vindos de ativistas na plateia. Uns pediram o fim do Projeto Nimbus, que fornece serviços em nuvem para militares e governo israelenses, outros citavam explicações sobre o posicionamento da empresa em relação à Palestina, que tem parte de seu território, a Faixa de Gaza, ocupado por Israel.

Após serem retirados do local, Levy seguiu com sua fala, moldando seu discurso em torno da inteligência artificial (IA) e da IA generativa (Gen AI). Para ele, as duas tecnologias estão liderando uma transformação sem precedentes, inaugurando uma nova era de possibilidades e inovações.

“A AWS está na vanguarda dessa revolução, oferecendo infraestrutura robusta e serviços avançados para suportar essa transformação. A magnitude dessa mudança é imensa, e a velocidade com que a IA vem evoluindo é impressionante. A IA Generativa é a oportunidade da geração”, declarou.

Segundo ele, para aproveitar plenamente as oportunidades oferecidas pela Gen AI, no entanto, é crucial ter uma base sólida: a nuvem.

“Muitos clientes da AWS já estão utilizando Gen AI para transformar seus negócios. Estou entusiasmado em anunciar a AWS Worldwide Public Sector Generative AI, uma iniciativa de dois anos dedicada a ajudar organizações públicas a inovar com IA generativa”, e anunciou: “Estamos investindo R$ 50 milhões em dois anos na iniciativa, incluindo créditos para a nuvem, treinamento e expertise técnica para projetos de IA generativa. O impacto desse anúncio será gigantesco para nossos clientes do setor público”.

As decisões sobre a emissão de créditos serão baseadas em uma variedade de fatores, incluindo, entre outros, a experiência do cliente no desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, a maturidade da ideia do projeto, a evidência de adoção futura da solução e a amplitude da capacidade generativa do cliente.

O executivo também enfatizou que a AWS está comprometida com a IA responsável, seguindo oito dimensões centrais em suas diretrizes: controle, capacidade, privacidade e segurança, segurança, equidade, veracidade e robustez, explicabilidade, transparência e governança. Produtos como Amazon Titan e Amazon Bedrock são exemplos dessa abordagem, fornecendo uma base para o desenvolvimento de IA responsável, listou.

“A era da IA e da Gen AI está apenas começando, e as possibilidades são infinitas. Com uma base sólida na nuvem e parcerias estratégicas, a AWS está equipada para liderar essa revolução”, reiterou o executivo.

IA no setor público

Lakshmi Raman, diretora de IA da CIA, destacou no evento a importância da IA na agência. Desde 2012, a CIA tem contratado cientistas de dados para ajudar na triagem de conteúdo e na análise de dados. Agora, a Gen AI é utilizada para classificar e descobrir eventos de fontes abertas, aprimorando a capacidade dos analistas de processar informações rapidamente.

A CIA, conhecida por sua inteligência humana, também é gestora funcional da Coleta de Fontes Abertas. A agência utiliza IA generativa para pesquisar e descobrir informações em diversos idiomas, auxiliando na transcrição e tradução de dados. “A implantação dessas tecnologias é feita com cuidado, considerando os riscos e garantindo a segurança e a confiabilidade das informações”, contou ela.

O Exército dos EUA está também imerso na IA e na Gen AI para acelerar suas iniciativas. Young Bang, principal Deputy Assistant do Exército, ressaltou que o Exército é um dos maiores consumidores de algoritmos e IA.
“Nossos recursos são nossos soldados, que geram uma quantidade imensa de dados. Em comparação com a Força Aérea e a Marinha, que possuem grandes equipamentos, temos um número vasto de soldados produzindo uma quantidade enorme de dados”, comentou.

Recentemente, o exército lançou um plano, estabelecendo as condições para a adoção de IA em grande escala na comunidade de aquisição. “O plano de 500 dias, que está por vir, visa operacionalizar essas iniciativas, incluindo o Defend AI, uma estrutura de defesa em camadas de IA. Nosso objetivo é adotar algoritmos de terceiros rapidamente, trabalhando em parceria com a indústria para superar obstáculos e acelerar a inovação”, detalhou. Para ele, a colaboração com a indústria é crucial para desenvolver processos e ferramentas que permitam ao exército avançar rapidamente.

O lado B da IA no setor público

No setor público, o uso da inteligência artificial também tem sido discutido para criação de deep fakes, que podem contribuir para a manipulação de eleições, e ainda o desenvolvimento de armas nucleares, o que representa um perigo iminente e significativo para a segurança global.

Um relatório do Departamento de Segurança Interna dos EUA divulgado publicamente na semana passada examina o papel da IA em auxiliar, mas também em impedir, os esforços de adversários para pesquisar, desenvolver e usar armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares.

“O aumento da proliferação e das capacidades das ferramentas de IA pode levar a mudanças significativas no cenário de ameaças à segurança nacional dos EUA ao longo do tempo, incluindo influenciar os meios, a acessibilidade ou a probabilidade de um ataque CBRN bem-sucedido”, afirma o Escritório de Combate a Armas de Destruição em Massa do DHS no relatório.

De acordo com o documento, “as limitações conhecidas nas regulamentações e na aplicação da segurança biológica e química dos EUA, quando combinadas com o uso crescente de ferramentas de IA, poderiam aumentar a probabilidade de resultados de pesquisa perigosos, tanto intencionais quanto não intencionais, que representam um risco à saúde pública, à segurança econômica ou à segurança nacional”.

Ainda nessa esteira, na última semana, foi revelado que o governo da China não aceita a política da administração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que restringe o uso de IA para armamentos nucleares, conforme divulgado por um alto funcionário da Casa Branca.

Tarun Chhabra, diretor de tecnologia do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, informou que em breve será emitido um memorando de segurança nacional detalhando o uso governamental de IA nos EUA.
Esse memorando abrangerá desde os esforços do Pentágono no desenvolvimento de mísseis hipersônicos e novas armas nucleares até diretrizes para programas na Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.

A discussão agora está em torno do avanço descontrolado e a falta de consenso internacional sobre a regulamentação da IA em armamentos nucleares, que podem levar a uma corrida armamentista tecnológica, gerando tensões geopolíticas e aumentando o risco de conflitos devastadores.

*A jornalista viajou a convite da AWS

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