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Larry Ellison, da Oracle: “nuvens não devem ser jardins murados”

Na última quinta-feira (14), a Oracle e a Microsoft, duas gigantes do mercado de nuvem, infraestrutura e software, anunciaram nova parceria que expande a conexão entre as companhias consideravelmente: o Oracle Database@Azure, que hospedará o Oracle Database executado na Infraestrutura de Nuvem Oracle (OCI) dentro de data centers da Microsoft Azure.

Para o anúncio do acordo, Larry Ellison, fundador e CTO da Oracle, esteve na sede da Microsoft, em Redmond, Washington, em um encontro com Satya Nadella, CEO da Microsoft. Nesta terça-feira (19), durante sua keynote no Oracle CloudWorld, evento global da empresa que acontece nesta semana em Las Vegas, Ellison compartilhou mais sobre o entusiasmo de ambos em um mundo multi-cloud.

“Nós concordamos em uma grande ideia: as nuvens deveriam ser abertas. Elas não deveriam ser jardins murados, elas deveriam ser interconectadas”, disse Ellison. “É nosso trabalho permitir que o cliente escolha o que usar, e garantir que todas plataformas funcionem juntas e de forma orgânica.”

Com Oracle Database@Azure, a Oracle está hospedando seu hardware Exadata, que contém servidores para bancos de dados e armazenamento, dentro dos data centers do serviço de nuvem pública Azure, da Microsoft. Com isso, organizações poderão armazenar seus dados no banco de dados Oracle dentro da Azure, em vez de precisarem instalar hardwares da Oracle em seus data centers ou exclusivamente na nuvem pública da Oracle, a OCI.

Leia também: Oracle bate receita de US$ 12,5 bi no primeiro trimestre do ano fiscal

A nova parceria é considerada uma expansão do Oracle Interconnect for Azure, oferta lançada pela Oracle e Microsoft em 2019, e que conta com mais 470 clientes usuários. No novo arranjo, a Oracle espera latência menor do tráfego de dados, oferecerá uma interface unificada para usuários e uma interconexão comercial para usuários Azure.

“Nós costumávamos chamar isso de ‘sistemas abertos’. E nós acreditamos, eu e Satya, que o mundo está indo novamente nessa direção. Os clientes estão insistindo nisso porque eles usam múltiplas nuvens”, disse Ellison.

Para a Oracle, a oferta é uma estratégia para garantir que clientes continuem usando seus serviços, mesmo que optando por uma estrutura de nuvem rival. Nos últimos anos, a companhia tem perdido espaço globalmente na sua oferta de sistemas de gestão de base de dados (DBMS). Em 2022, o Gartner publicou uma análise do mercado que apontava que a Oracle havia sido passada para trás pela AWS.

Em 2021, a Oracle registrava uma fatia de mercado de 20,6% em DBMS, contra 23,9% da AWS. A Microsoft era líder do mercado, com 24%. Em 2017, no entanto, o cenário era outro: segundo o Gartner, a Oracle era líder com 36,1% de participação, contra 21,5% da Microsoft e apenas 9,2% da AWS. Google, IBM e SAP são outros players relevantes do setor.

À época, os resultados foram atribuídos ao movimento mais lento da Oracle em direção à nuvem.  Entre os anos de 2017 e 2021, o mercado de DBMS cresceu vertiginosamente na nuvem, enquanto implementações on premises não tiveram o mesmo nível de crescimento. Mais recentemente, a Oracle tem buscado correr atrás do prejuízo.

Segundo Ellison, a Oracle tem hoje 64 regiões de nuvem espalhadas pelo mundo. A empresa, no entanto, também opera o que chama de Dedicated Region Cloud@Customer (DRCC), estrutura dentro de data centers de clientes que operam todos os serviços da Oracle Cloud. Um dos exemplos desse modelo é a operada junto à Nomura Research Institute (NRI), maior empresa de pesquisa econômica e consultoria do Japão que opera a estrutura da Oracle em seu data center. A bolsa de valores de Tóquio está entre seus clientes.

O próximo capítulo da IA

Além da nova parceria entre Microsoft e Oracle, o Larry Ellison dedicou boa parte de sua apresentação à visão da Oracle para o futuro da tecnologia – em especial no papel que a inteligência artificial desempenhará nas próximas transformações.

Na visão do executivo, com o avanço da popularidade da IA generativa, o próximo capítulo da evolução desta tecnologia deverá ser uma “corrida global” para descobrir quem construirá o que virá pela frente.

“A IA generativa é a nova tecnologia de computação mais importante da história?”, questionou. “Provavelmente. Mas uma coisa é certa: estamos prestes a descobrir, porque incontáveis ​​bilhões de dólares estão sendo investidos em IA generativa e em grandes modelos de linguagem.”

Veja mais: Gympass adota ERP da Oracle para centralizar transações expandir globalmente

Uma das áreas de maior potencial enxergadas por Ellison está na saúde. Durante o Oracle CloudWorld, a companhia anunciou novos serviços de IA generativa para organizações do segmento da saúde. Apelidada de Oracle Clinical Digital Assistant, a solução permite que profissionais da saúde utilizem uma interface de voz com um assistente clínico de IA para obter informações sobre o paciente, ao mesmo tempo que podem manter o contato físico direto e o cuidado com o paciente.

“Nós unificamos dados de saúde de população em escala nacional. Isso foi projetado para reunir todos os dados de Registros Eletrônicos de Saúde (EHR) de um país, de todos os pacientes, e juntá-los. Todos os dados de diagnóstico, laboratório, tudo, e colocá-los em um único banco de dados autônomo da Oracle”, contou. “Quando você pega todos esses dados e coloca em um único lugar, você tem benefícios enormes.”

Entre os benefícios estão a possibilidade de se criar modelos de linguagem de grande porte, que podem ser utilizados para dar insights para profissionais da saúde, ajudar no desenvolvimento de novas drogas ou até para reduzir a necessidade de exames ou tempo de permanência em hospitais. “Nós temos uma base de dados de treinamento fabulosa, e podemos fazer tratamentos personalizados para alcançar tratamentos melhores para milhões de pacientes”, finalizou.

*O repórter está em Las Vegas a convite da Oracle.

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