Fei-Fei Li questiona conceito de AGI e critica punições a desenvolvedores de IA
Pesquisadora mundialmente conhecida admite que ainda não compreende completamente a inteligência artificial geral e defende inovação responsável
Fei-Fei Li, uma das principais pesquisadoras de inteligência artificial (IA) no mundo, revelou que, apesar de seu vasto conhecimento, ainda não tem uma definição clara sobre o que é inteligência artificial geral (AGI). Durante o evento de liderança em IA responsável da Credo AI, em San Francisco, a cientista, frequentemente chamada de “madrinha da IA”, compartilhou sua visão sobre o avanço da tecnologia e os desafios em torno do conceito de AGI.
Li, que criou em 2006 o ImageNet, base fundamental para o desenvolvimento da IA moderna, disse que, embora AGI seja um objetivo de empresas como a OpenAI, o termo ainda não é amplamente compreendido. Ela ressaltou que, mesmo sendo considerada uma especialista, não consegue identificar claramente o que AGI representa ou como seria sua manifestação.
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“Eu venho de uma IA acadêmica e fui educada em métodos mais rigorosos e baseados em evidências, então eu realmente não sei o que todas essas palavras significam”, disse Li. “Francamente, eu nem sei o que AGI significa. Tipo, as pessoas dizem que você sabe o que é quando vê, acho que eu não vi. A verdade é que não gasto muito tempo pensando nessas palavras porque acho que há muitas coisas mais importantes a fazer…”
O CEO da OpenAI, Sam Altman, definiu a AGI como uma inteligência equivalente a um “humano mediano” que poderia ser contratado como colega de trabalho. Já a carta de intenções da OpenAI descreve AGI como sistemas autônomos que superam os humanos na maioria dos trabalhos de valor econômico.
De acordo com informações do TechCrunch, para medir o progresso rumo a esse objetivo, a OpenAI criou cinco níveis: chatbots (como o ChatGPT), reasoners, agentes, inovadores (IA que ajuda a criar invenções) e, por fim, IA organizacional, capaz de realizar o trabalho de uma organização inteira.
Fei-Fei Li afirmou que, no início dos anos 2000, ela e alguns colegas estavam silenciosamente estabelecendo as bases para o campo da inteligência artificial. Segundo Li, em 2012, a combinação de seu projeto ImageNet com AlexNet e GPUs foi considerada por muitos o marco do nascimento da IA moderna, impulsionada por big data, redes neurais e computação em GPU, o que trouxe uma transformação profunda tanto para a área quanto para o mundo.
Além de suas reflexões sobre AGI, Li comentou sobre o projeto de lei SB 1047, recentemente vetado pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom. A legislação propunha punir empresas de tecnologia por desenvolverem modelos de IA que pudessem causar danos. Para Li, a abordagem correta é aprimorar a regulamentação sem penalizar tecnólogos, comparando a situação à indústria automobilística: “Punir um engenheiro de carros não tornaria os carros mais seguros”, argumentou. “O que precisamos fazer é continuar inovando para medidas mais seguras, mas também melhorar o quadro regulatório – seja cinto de segurança ou limite de velocidade – e o mesmo vale para a IA”, adicionou.
Atualmente, Fei-Fei Li também lidera a World Labs, sua primeira startup, que está focada no desenvolvimento de “grandes modelos de mundo” (large world models), um conceito que envolve a criação de sistemas de IA capazes de compreender e interagir com o ambiente tridimensional. “Não se trata apenas de fazer computadores verem, mas realmente fazer com que os computadores entendam o mundo tridimensional, o que eu chamo de inteligência espacial”, disse Li.
Ela acredita que essa “inteligência espacial” será um dos principais avanços tecnológico nos próximos anos, pois permitirá que computadores realizem tarefas complexas de navegação e interação no mundo físico.
A pesquisadora ainda destacou a importância de uma maior diversidade no campo da IA. “Estamos longe de um ecossistema de IA muito diversificado”, disse Li. “Eu realmente acredito que a inteligência humana diversa levará a uma inteligência artificial diversa e nos dará uma tecnologia melhor.” Li é uma das poucas mulheres à frente de um laboratório de IA na vanguarda da tecnologia, e afirma que ainda há um longo caminho para alcançar um ecossistema mais diverso.
*Com informações do TechCrunch
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