Com carteira digital, Sem Parar abre portas para futuro de disrupções

Pay nasce como aplicativo complementar, mas prepara terreno para novos modelos de negócio. E coloca Sem Parar no topo do ranking das 100+ Inovadoras

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7:30 pm - 24 de novembro de 2021
Paulo Scrideli, Sem Parar vice-presidente sênior de TI da Fleetcor (Foto: Divulgação)

Empresa pioneira no Brasil quando o assunto é o fornecimento de tags veiculares para o pagamento automático de pedágios, a Sem Parar ampliou, ao longo dos anos, as possibilidades de seu sistema. Postos de gasolina, estacionamentos e restaurantes passaram a também a fazer parte da rede, que se tornou ainda mais cômoda para os consumidores com a erupção da pandemia de COVID-19. São atualmente 3 mil estabelecimentos credenciados e mais de 6 milhões de clientes.

Mas o mercado cresceu, os concorrentes se apresentaram, o próprio sistema de pedágios baseado em praças nas estradas foi posto em xeque. E a empresa se deparou com a necessidade de encontrar novos focos de atuação e crescimento, sem perder a proposta de valor já conhecida no mercado. Chegou-se ao seguinte objetivo: ampliar o leque através de novas soluções tecnológicas que pudessem complementar a tag, permitindo usos originais, mesmo fora do limite dos veículos.

“Escolhemos não entrar na guerra de preços. Vamos oferecer mais serviço ao cliente que já tem aquilo [a mensalidade] como custo”, explica Paulo Henrique Scrideli, vice-presidente sênior de TI da Fleetcor – grupo americano que desde 2016 controla a Sem Parar. “O Sem Parar Pay nasceu de uma provocação: além da diversificação de usos, onde mais eu poderia ir?”

Sem Parar Pay, explica-se, é o nome do projeto que coloca a Sem Parar como vencedora da categoria Serviços Financeiros do prêmio As 100+ Inovadoras no Uso de TI de 2021. E não só isso: é o projeto que põe a empresa no topo do ranking das empresas mais inovadoras do país segundo o ranking da IT Mídia. Isso porque a “tag virtual”, integrado à carteira digital da companhia por meio de um aplicativo de celular, inaugura não só uma nova modalidade de pagamento de pedágios, como também abre um leque de possibilidades futuras de negócio.

“A ideia foi utilizar o celular, um dispositivo amplamente difundido. Mas queríamos dar [aos clientes] algo mais cômodo”, explica Scrideli. “Eu queria levar essa experiência mágica da cancela abrir e ele não ter que tirar o celular do ou a carteira do bolso. A cabine manual vira ‘semi-automática’.”

Funcionamento e tecnologia

Em poucas palavras, o Sem Parar Pay é um aplicativo de celular, vinculado a uma carteira virtual, que permite o pagamento de pedágio em cabines de cobrança comuns. No entanto a comunicação entre o dispositivo e o sistema de pagamento da concessionária ocorre por bluetooth, já acionado de antemão pelo motorista. Ou seja, como já mencionou Scrideli, não é necessário tirar o celular do bolso nem o aproximar de um terminal NFC, por exemplo.

Ao contrário da tag veicular, o Sem Parar Pay não exige pagamento de mensalidade. Basta fazer o “carregamento” de valores para a carteira virtual vinculada ao aplicativo.

O sistema foi desenvolvido pela TI do Sem Parar em parceria com o Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun, que ficou responsável pelo desenho da tecnologia, inclusive da arquitetura de segurança. O Pay funciona com base em uma solução bluetooth de longo alcance, em que um beacon instalado na cabine de pedágio “conversa” com o dispositivo do usuário.

“Toda a engenharia e biblioteca com dispositivos foi desenvolvida em parceira com a Van Brown. Já a jornada do cliente, desenho do app, tecnologia da informação e UX foi feita por nossas equipes internas”, lembra o CIO da Fleetcor. A Sem Parar tem um grupo de pesquisa focada em novas tecnologias e que participou da produção do MVP e pilotos.

Segundo Scrideli, o projeto é complexo em vários aspectos. No regulatório, uma vez que o projeto cria uma modalidade de pagamento; e no de engenharia, já que a proposta é que o usuário sequer toque no celular enquanto dirige.

“Tanto o aspecto tecnológico como o de usabilidade são bastante desafiadores para ter um produto maduro. E o caminho foi de MVP. Fizemos uma parceria com uma das concessionárias e um teste em uma praça de pedágio real. E aí começamos um processo contínuo de coletar feedbacks e fazer ciclos de aprimoramento. Foram alguns meses de trabalho”, conta, referindo-se a um processo iniciado em setembro de 2020.

Resultados e futuro

Com o serviço finalmente formatado, o novo sistema de pagamento da Sem Parar começa a ser instalado em praças de pedágio, primeiro na região Sul. Até o fim de 2021, Scrideli planeja ter contratos para instalação em praças de pelo menos quatro concessionárias, com implantações previstas em todo o país até o fim de 2022.

O objetivo final é que o sistema esteja em 100% dos pedágios no Brasil – estágio que o pagamento automático baseado em tags já alcançou.

“A ideia é muito mais ser um serviço que vai agregar funcionalidades à minha carteira de produtos, uma carteira virtual com mais facilidades, do que gerar rentabilização. Nasce com objetivo de ser complementar, de fortalecer a marca”. Mas, segundo o próprio VP de TI, já há planos para novos usos e testes do Pay em outros estabelecimentos. Já há pilotos em postos de combustível.

Mas o planejamento vai além. “É uma solução que vai permitir novos usos. Pensando até em um futuro em que a praça de pedágio vai deixar de existir. Essa solução permite evoluir no modelo [de pedágio] free flow”, explica, referindo-se ao já planejado modelo nacional de tarifação em estradas que considera os quilômetros rodados e extingue as cabines de pedágio. É um futuro que ameaça um modelo de negócios que a Sem Parar consagrou.

“Quando se trabalha nessa área [de TI], tem que se estar aberto a aprender e entender que o conhecimento é muito volátil. Novas formas mais eficientes vão surgindo e tem que se adaptar”, reflete o executivo. “Ter a humildade de entender que mesmo com toda experiência que se tem, é necessário se reciclar e aprender todo dia.”

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