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Amy Webb: Brasil está vivendo no passado

O “país do futuro” ainda vive no passado. Essa foi uma das provocações deixadas por Amy Webb, futurista e CEO do Future Today Institute, durante sua apresentação no último dia da Febraban Tech 2024, principal evento de tecnologia financeira da América Latina. “Eu acho que vocês ainda estão vivendo no passado, de certa forma”, comentou.

Para um auditório lotado, Amy pediu que não fosse levada a mal pela afirmação, e logo explicou: algumas das principais indústrias do Brasil – incluindo óleo, gás e mineração – ainda são associadas aos desenvolvimento econômico do século XX e deverão sofrer disrupções intensas nos próximos anos.

“O problema é que líderes estão se comportando de forma estranha: estão priorizando a iteração ao invés da inovação”, avaliou. Para ela, seja por “medo” ou pelo chamado “FOMO” (Fear of Missing Out, ou “medo de ficar de fora”), algumas das decisões de negócio tomadas por organizações não estão deixando-as prontas para o futuro. “Esse é o cenário mais complexo para a operação de negócios que já vi em toda minha carreira”, pontuou.

A futurista, no entanto, se diz otimista com a posição em que o Brasil se encontra. Ela citou bons indicativos econômicos dos últimos dois anos, incluindo o crescimento de 2,9% do PIB nacional no ano passado, e defendeu que há setores que puxam a transformação tecnológica acelerada do país.

Um deles é o setor financeiro. “A indústria bancária está no epicentro da transformação digital no Brasil”, disse. Dados da pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária corroboram a avaliação: segundo a edição deste ano do levantamento, R$ 47,4 bilhões serão investidos por bancos em tecnologia no país.

Leia mais: Crescimento da IA generativa gera implicações ambientais

Além do otimismo, Amy antecipou que enxerga um novo fenômeno em efeito no mundo que pode ser alavancado por organizações para um crescimento positivo: um chamado novo “superciclo” tecnológico.

O fenômeno foi observado através de um estudo do Future Today Institute que correlacionou os pedidos de novas patentes de grandes economias do mundo com investimentos globais em tecnologia para descobrir tendências. Três áreas de interesse da economia global foram identificadas: sensores, IA e biotecnologia.

Para a futurista, as três podem até parecer dissociadas em um primeiro momento, mas são diretamente relacionadas e podem promover um novo ciclo de desenvolvimento nos próximos anos. “Todos estão olhando para elas como coisas separadas, mas olhando para os dados, vemos que essas tecnologias se sobrepõem de forma muito próxima”, explicou.

“O que nós descobrimos de interessante sobre esses setores é que todos podem ser classificados como ‘tecnologias de propósito geral’, que são tecnologias com o potencial de transformar radicalmente sociedades”, continuou. “Quando uma dessas tecnologias chega, há um grande período de crescimento –  ou um ‘superciclo’”.

Juntas, as três tecnologias deverão gerar impactos “pervasivos” no nosso cotidiano, e nos coloca do que Amy apelida de “geração T”, ou “geração transformacional”. Isso se aplica também às empresas, que precisarão se preparar para aproveitar o fluxo de transformações através da capacitação de seus colaboradores.

“Que valor você irá gerar para sua organização nesse superciclo?”, questionou, e, depois, voltou sua fala para as lideranças. “Se você é um líder, você tem que permitir que pessoas  desafiem a cultura estabelecida. A liderança tem que convidar as pessoas a pensarem em um futuro que pode ser diferente.”

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