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25 anos do Google: de inovações tecnológicas aos desafios regulatórios

O Google celebrou nesta semana os 25 anos de sua fundação. Hoje uma das maiores empresas do mundo no segmento de tecnologia, a companhia surgiu da ideia de Larry Page e Sergey Brin, dois então estudantes de doutorado da Universidade de Stanford, de criar um novo sistema para ajudar a “organizar as informações da internet”.

Na época em que o buscador surgiu, as principais plataformas virtuais usavam o modelo de portal: um único site que integrava o maior número de serviços possíveis. A estratégia colocava um vasto leque de serviços à disposição dos usuários, mas não se preocupava na ordenação destas informações.

Page e Brin se dedicaram à criação do algoritmo “PageRank“, que tinha o objetivo de ordenar os resultados de uma busca com base em diferentes critérios. Além do algoritmo funcional, o Google nasceu com uma design simples e intuitivo para o usuário, o que ajudou na sua disseminação.

“[Larry e Sergey] tinham uma visão ambiciosa para um novo tipo de mecanismo de busca que ajudasse as pessoas a compreenderem o fluxo de informações que circulam online”, escreveu Sundar Pichai, CEO do Google e da Alphabet, em um post comemorando os 25 anos da companhia.

“Por muitos anos, eu fui uma dessas pessoas que experimentaram o Google como qualquer outro usuário da web. Lembro-me de ter ficado impressionado com a capacidade do Google de encontrar a melhor resposta para as perguntas mais esotéricas, desde um pequeno detalhe escondido na página de atendimento ao cliente de uma loja até uma regra obscura do futebol”, completou Pichai.

Leia mais: Google enfrenta Justiça dos EUA na maior disputa tecnológica do país em décadas

Com o passar dos anos, mais e mais serviços e plataformas foram sendo adicionadas ao Google. Algumas destas plataformas foram melhorias do próprio buscador – em 2001, por exemplo, nasceu o Google Imagens. Outras foram apostas de mercado completamente novas. Exemplo disso é o AdWords, também de 2001, que construiu as bases para o império da publicidade digital que o Google criou.

Em 2004, veio o Gmail. À época, o serviço de correio do Google oferecia 1 GB de armazenamento para todos os usuários – mais de 100 vezes o que outros webmails gratuitos concorrentes estavam oferecendo. Em 2008, a empresa lançou o Google Chrome, navegador de internet que transformou o mercado e destronou a Microsoft no setor, que liderava o segmento com o finado Internet Explorer.

O Google também fez apostas em mercados bem distantes de buscas e serviços da internet. O ano de 2008 também marcou o lançamento do Google Cloud, serviço de infraestrutura de nuvem que é hoje um dos principais fornecedores de computação do mundo, ao lado de gigantes como Amazon Web Services (AWS) e Azure, da Microsoft.

Outros negócios importantes vieram através de aquisições. Em 2005, a companhia comprou a Android Inc. por US$50 milhões. Isso deu o pontapé no desenvolvimento do sistema operacional móvel que, atualmente, está em mais de 70% dos smartphones do mundo, segundo a StatCounter.

No ano seguinte, veio a aquisição do YouTube por US$1,65 bilhão. Pegando carona na revolução móvel que viria nos anos seguintes, a plataforma de vídeos transformou a forma como as pessoas consomem conteúdo online e soma hoje 2,7 bilhões de usuários ativos. O Google, aliás, tem hoje seis produtos com mais de 2 bilhões de usuários no mundo – e 15 que alcançam mais de 500 milhões de pessoas e empresas.

Ecossistemas e regulamentações

“O Google é uma empresa de ecossistemas: ecossistema de criadores, de desenvolvedores, de clientes, de parceiros, startups. A palavra é batida, mas funciona. Poucas empresas têm essa característica de ser tão representada por terceiros”, foi assim que Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, definiu a operação da organização em um encontro de celebração dos 25 anos da plataforma com a imprensa, nesta quarta-feira (27).

A esse “ecossistema”, Coelho atribuiu o sucesso da companhia ao longo deste quarto de década. Mas é também esse ecossistema que trouxe o Google até um dos momentos mais desafiadores de sua história. Ao lado de outras ‘big techs’ como Meta, Amazon, Microsoft e Apple, o Google tem sofrido um maior escrutínio de governos ao redor do mundo. Por um lado, há preocupações relacionadas ao impacto destas organizações no mercado, na forma de monopólios digitais. Nos Estados Unidos, um destes imbróglios legais está em curso.

Mas há também a preocupação com os conteúdos que são veiculados nestas plataformas. No Brasil, o Google bateu de frente com a discussão do chamado “PL das Fake News“, que prevê a regulação das plataformas digitais no Brasil para controlar a difusão de notícias falsas e discurso de ódio online. Em abril, o Google lançou um manifesto contrário ao que julgou ser uma aprovação “apressada” da legislação, afirmando que o texto cercearia direitos fundamentais e colocaria em risco a liberdade de expressão.

Veja também: Google Cloud e Nvidia expandem parceria com foco em IA generativa

Naquele mesmo mês, a empresa publicou um texto de autoria de Marcelo Lacerda, diretor de relações governamentais e políticas públicas do Google Brasil, fazendo críticas ao PL. O Google também colocou uma chamada para o texto na página principal de seu buscador, incluindo os dizeres “O PL das fake news pode piorar sua internet”. No Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes deu uma resposta à ação, tornando a empresa alvo de um inquérito, questionando a conduta da companhia.

Em sua breve fala nesta quarta-feira, Coelho pontuou que é “impossível” que os conteúdos sejam controlados nas plataformas, e que eles são “aglutinações de impressões de parte da sociedade”. Defendeu, no entanto, que “diálogos” sobre o tema aconteçam, assim como regulações. “É saudável a discussão de regulação de um mercado como o nosso em qualquer lugar”, avaliou. “Sou a favor de que as coisas tenham regulação, desde que as regulações não sejam danosas aos ecossistemas.”

O avanço da inteligência artificial

Na finalização de seu texto celebrando os 25 anos do Google, Sundar Pichai voltou sua atenção ao tema da inteligência artificial, a principal área de investimento da companhia na atualidade. Segundo o CEO da companhia, a IA é o caminho para escalar ainda mais o objetivo delimitado pelos fundadores do Google em uma carta de fundação, de 2004: “desenvolver serviços que melhorem a vida de o máximo de pessoas possível — fazer coisas que realmente importam.”

A trajetória do Google com IA também não é nova. Em 2001, a empresa começou a usar aprendizado de máquina para corrigir a gramática das buscas de usuários no Google. Em 2015, lançou o Tensor Flow, framework de código aberto que tornou a IA mais escalável e acessível. Em 2017, introduziu o conceito de “Transformer“, que está por trás de grandes modelos de linguagem (LLMs), como ChatGPT e, é claro, o Google Bard, lançado neste ano.

Leia também: IA domina anúncios do Google Cloud no Next’ 2023

“Estamos apenas começando a ver do que a próxima onda de tecnologia é capaz e quão rapidamente ela pode melhorar as coisas”, escreveu Pichai. Segundo ele, um milhão de pessoas já estão usando a IA generativa no Google Workspace para escrever e criar, por exemplo.” Ainda assim, há muito mais pela frente. Com o tempo, a inteligência artificial será a maior mudança tecnológica que veremos em nossas vidas. É maior do que a transição da computação de mesa para dispositivos móveis e talvez seja maior até do que a própria internet. É uma reconfiguração fundamental da tecnologia e um incrível catalisador da criatividade humana”, continuou.

E completou: “E em 2048, se, em algum lugar do mundo, um adolescente olhar para tudo o que construímos com a inteligência artificial e apenas dar de ombros, saberemos que tivemos sucesso. E então, voltaremos ao trabalho.”

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