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Digitalização deve levar em consideração impacto nas pessoas

A evolução digital do Brasil é demanda urgente, já que o País vem perdendo posições no ranking global de competitividade digital. Contudo, essa transformação, ao contrário do que se pensa, não é tecnológica, é organizacional e cultural. Essa foi a conclusão dos participantes de painel sobre o tema no IT Forum 2019, que acontece de 17 a 21 de abril, na Praia do Forte (BA).

“Essa transformação precisa valorizar o indivíduo. As empresas que têm valores voltados para o lado humano são as que conseguem ser mais competitivas”, refletiu Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral (FDC).

Jorge Maluf, presidente da Korn Ferry, contou que há uma nova geração chegando ao mercado de trabalho, que tem ambições, propósitos, objetivos e modelos de negócios diferenciados em mente. Essa leva de talentos tem como fomento a inovação, que está criando funções que demandam capacitações reformuladas e conhecimentos.

“Grande parte das estimativas do emprego do futuro diz que haverá escassez de talentos nos próximos anos, mas nos indicam que vai ter destruição enorme de carreiras e funções. O desafio que temos é de conscientizar”, disse, completando que é preciso cuidar desse contingente de pessoas ficará deslocado, já que grande parte dificilmente será reaproveitado e há um trabalho muito intenso de requalificação.

A presidente-executiva do Laboratório Sabin, Lídia Freire Abdalla, lembra que a transformação digital de processos no setor de saúde teve início há cerca de 15 anos. E aquele momento foi espécie de divisor de águas, crucial para entender qual seria o papel da tecnologia no negócio do Sabin. “Os fornecedores diziam que investiríamos x e economizaríamos x pessoas. Mas nosso objetivo era recolocar as pessoas. Com essa postura, conseguimos absorver talentos e registrar crescimento”, contou.

Esse quadro, prosseguiu, fez com que muitos profissionais se redescobrissem em funções de gestão. Isso deu esteira para que o Sabin criasse trilhas de desenvolvimento e de carreira para esses profissionais, mostrando que isso geraria valor diferente para os negócios.

Essa postura foi tão positiva que até os talentos passaram a nutrir outro tipo de expectativa com a empresa, gerando mais engajamento e retenção. “O grande desafio é disseminar a cultura da valorização das pessoas. Mostrar para o colaborador que ele está inserido nessa cadeia. Afinal, essas mudanças só trouxeram benefícios”, assinalou. Na visão da executiva, o exemplo mostra que empresas têm de criar um ambiente de segurança e transparência.

Digital e inovação

Para Luiz Sergio Vieira, presidente da EY, a era da transformação é pautada por dois pilares importantes: digital e inovação. No digital, segundo ele, o processo de disrupção não é moldado pela tecnologia, mas pautado nos modelos de negócios. “Por isso, é preciso ser apaixonado pelo problema do negócio do cliente e não pela tecnologia”, provocou. Nesse cenário, colocar o humano no centro, principal premissa da Sociedade 5.0, é vital.

Quando o assunto é inovação, portanto, Vieira engrossa o coro de que é preciso olhar para esse cenário sob a perspectiva humana. “É preciso trabalhar a cultura de inovação como um todo, com métricas de processos, mas executando treinamentos de hard e soft skills, adotando um pensamento progressivo”, contou.

Para adotar essa postura, a EY vestiu verdadeiramente a camisa da diversidade, quebrando silos e apostando na colaboração. “Não tem inovação se não tem pensamentos diferentes”, concluiu.

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