A inteligência artificial pode substituir a sensibilidade humana?
Para o especialista, o futuro não depende de humanos ou inteligência artificial isoladamente, mas da combinação estratégica dos dois
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem revolucionado diversos setores, transformando a maneira como as empresas operam e como as pessoas interagem com a tecnologia. Desde automação de tarefas repetitivas até a previsão de comportamentos de consumidores, a IA está impactando praticamente todos os setores do mercado.
No entanto, à medida que essa tecnologia avança, questionamentos e debates surgem destacando que o valor real não reside apenas na automação das atividades, mas na sinergia entre o conhecimento humano e os processos tecnológicos.
Embora a IA seja poderosa na análise de grandes volumes de dados e na identificação de padrões complexos, ela ainda carece de algo fundamental: a capacidade de julgamento e sensibilidade humana.
Veja mais: Como avaliar a maturidade de inteligência artificial em uma empresa?
A experiência humana é construída sobre fatores que vão além dos números, como intuição, empatia, criatividade e compreensão de nuances culturais e emocionais. Segundo uma pesquisa da PwC, 85% dos líderes empresariais acreditam que a combinação de IA com a intuição e experiência humanas é essencial para o sucesso de suas organizações.
Um exemplo disso pode ser visto em setores como o de saúde. Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association revelou que, enquanto algoritmos de IA podem diagnosticar certas doenças com alta precisão, o conhecimento e a sensibilidade dos médicos ainda são essenciais para interpretar os resultados, entender o histórico completo do paciente e tomar decisões personalizadas.
Ou seja, a inteligência artificial pode até fornecer insights rápidos, mas o discernimento humano continua a ser necessário para aplicar essas informações de maneira ética e eficaz.
O papel da IA é potencializar a capacidade humana
O estudo da Accenture projeta que, até 2035, a inteligência artificial poderá aumentar em até 40% a produtividade de muitas empresas, mas isso só será plenamente realizado com a integração da IA em funções que aproveitem o melhor dos dois mundos – automação para aumentar a eficiência e humanos para inovar e resolver problemas complexos.
Isso é particularmente evidente em setores como marketing e finanças, onde a análise de dados pode identificar tendências, mas é necessária a interpretação humana para converter essas informações em estratégias eficientes.
No setor financeiro, por exemplo, empresas estão usando IA para detectar fraudes em tempo real, uma tarefa difícil de ser realizada pela mente humana com a mesma rapidez e precisão. Contudo, o toque humano é indispensável na gestão de crises e na interação direta com clientes em situações delicadas.
A inteligência artificial na tomada de decisões
Outro aspecto importante dessa colaboração entre humanos e máquinas é a necessidade de tomada de decisões. A IA pode processar informações de maneira rápida e lógica, mas não pode avaliar o impacto moral ou social de suas ações. Se buscarmos na internet encontraremos rapidamente dados e informações sobre empresas que estão desenvolvendo suas estruturas de governanças e capacitando as equipes para lidar com o impacto ético da tecnologia nas suas operações, um exemplo prático é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Isso nos leva à importância da diversidade de pensamentos e de contextos culturais. A IA, quando bem treinada, é eficiente em fazer previsões com base em dados passados, mas pode permanecer existindo se esses vieses já existirem nos dados. Aqui, novamente, a supervisão humana é vital para garantir que a tecnologia seja utilizada de forma justa e responsável.
Integração de IA e conhecimento humano no futuro
O futuro do trabalho, então, não depende de humanos ou IA isoladamente, mas da combinação estratégica dos dois. Um estudo do Fórum Econômico Mundial aponta que, em 2025, cerca de 85 milhões de empregos podem ser substituídos pela automação.
Ao mesmo tempo que 97 milhões de novos papéis, que equilibram humanos e máquinas, serão criados, incluindo empregos em áreas como ciência de dados, engenharia de automação e desenvolvimento de IA, todos dependentes de uma colaboração estreita entre máquinas e humanos.
Em áreas criativas, como o design, a música e o jornalismo, a inteligência artificial já está ajudando a gerar ideias, mas a decisão final sobre o que é inovador ou socialmente relevante ainda é do ser humano. Essa simbiose entre IA e intuição humana está se tornando um diferencial competitivo em muitos mercados.
A verdadeira força da IA reside não na substituição da capacidade humana, mas na amplificação das habilidades. Empresas e profissionais que conseguem integrar com sucesso o conhecimento humano com a automação estão na linha de frente da inovação. Posso dar como exemplo uma solução da Keyrus batizada de K. Convert, que utiliza a inteligência artificial para acelerar e simplificar o processo de migração de código.
O K.Convert combina a tecnologia de IA com a expertise humana para garantir transições eficientes e precisas para projetos de software. A solução auxilia as empresas a migrar aplicações de forma eficiente, melhorando a qualidade do código e reduzindo custos, e sem que isso demande exclusivamente a inteligência artificial. Para que opere, é preciso uma integração entre tecnologia e expertise de pessoas.
O futuro do trabalho e das indústrias não depende da substituição dos humanos pelas máquinas, pelo contrário, é da colaboração harmoniosa entre ambos. Afinal, enquanto a tecnologia pode ser treinada para “aprender”, o julgamento, a criatividade e a ética – características profundamente humanas – continuam a desempenhar um papel insubstituível na sociedade e nos negócios.
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