Geração alpha: como ensinar uma geração hiperconectada

O sistema de educação atual precisa se renovar para preparar os mais novos para lidar com as constantes transformações do mercado

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9:50 am - 15 de maio de 2019

No mesmo ano em que a Sociedade Americana de Dialetos identificava “app” como a palavra mais usada em 2010, nasciam as crianças da ‘geração alpha’, primeiras nascidas inteiramente no século XXI. Hiperconectividade é a palavra que define esse grupo, estimulado a interatividade e acostumado a presença de telas desde o primeiro dia de vida, chegando ao mundo com uma grande quantidade de estímulos e tendem a se tornar independentes, adaptáveis, livres e questionadores. Com isso, surge também um questionamento importante: como ensinar uma geração inteiramente hiperconectada?

A resposta não é simples e nem exata, como tudo o que diz respeito a essa geração. Talvez para essas crianças, o método tradicional no ensino não tenha tanto sucesso, podendo contribuir para o desinteresse de um grupo que não está “programado” para passar horas olhando para uma lousa e ouvindo palestras sobre um mesmo assunto. Um estudo de 2018 da editora Pearson indicou que os alunos das gerações mais conectadas já evitavam livros e apontavam vídeos como a sua forma favorita de aprendizado. Dessa forma, a tecnologia pode ser o “pulo do gato” na hora de ensinar os ‘alphas.’

Ensinar uma criança da ‘geração Alpha’ significa utilizar métodos mais dinâmicos, modernos, personalizados e principalmente, interativos. Os ‘alphas’ funcionam com estímulos sensoriais a todo o momento, e eles aprendem com isso, seja por meio de animações, aplicativos ou jogos interativos. O importante é que eles interajam com o que estão aprendendo.

Além disso, os recursos digitais despertam interesse e prendem muito mais a atenção, além de se aproximar da realidade da criança que aprende, tornando-a muito mais engajada. Mas, afinal, como trazer, na prática, a tecnologia para o aprendizado da criança?

Hoje em dia, existem várias formas: realidade aumentada, jogos, livros digitais, vídeos, animações e até aplicativos reunindo todos esses conteúdos ao mesmo tempo são apenas algumas das ferramentas que podem ser usadas no processo ensino-aprendizagem, tanto em casa quanto na escola. Em algumas escolas nos EUA, os professores utilizam lembretes no Instagram para lembrar os alunos de suas tarefas. Alguns distritos já usam até uma plataforma específica para isso: o ‘Google Classroom’, que funciona como uma espécie de agenda escolar digital, e permite que pais e alunos monitorem suas notas e tarefas futuras.

É claro que nem sempre é possível ensinar com tecnologia, ainda mais em um país como o Brasil em que nos falta estrutura e estímulo para isso. Ainda assim, é possível inserir pequenas iniciativas na rotina da criança e tornar o aprendizado misto, já que não é possível, e nem saudável que este se torne totalmente tecnológico.

Um bom exemplo é começar a inserir tecnologia em aulas específicas, como as aulas de inglês, por exemplo. Por que não ensinar uma segunda língua de forma totalmente natural e interativa. Já existem aplicativos e plataformas que podem ensinar uma outra língua desde muito cedo, sem que os pais precisem expor seus filhos a ambientes que não são 100% seguros na internet, como o YouTube, por exemplo.

É importante lembrar que a ‘geração alpha’ que está aprendendo hoje será a que estará no mercado de trabalho amanhã. Unir aprendizado e tecnologia pode gerar profissionais mais preparados para um cenário em constante transformação.

*João Chequer é administrador e pós-graduado em marketing pela FGV. Como diretor operacional da Rede Tauá de Hotéis por 30 anos, foi responsável pelo desenvolvimento dos projetos de entretenimento da rede. Fundador do Kidsa English

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