Engenharia e inovação, por que o setor está estagnado?

Na busca por inovação, o segredo é observar e “pivotar”, ou seja, mudar o que está dando problema e seguir até dar certo.

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12:18 pm - 03 de setembro de 2019

Uma reflexão que merece ser realizada é sobre quais os motivos que levam os setores de engenharia e construção a serem tão conservadores. Conceitos muito simples de entender, como os benefícios do BIM (Building Information Modeling), que são relativamente baratos de serem implantados, estão levando anos para se consolidar. Outras metodologias, já presentes em outros países, como a digitalização de canteiros e realidade virtual, ainda parecem ficção científica para nós, brasileiros.

São diversos motivos que levam o setor a ser atrasado, mas, certamente, um deles é que a engenharia é feita por engenheiros.

Na busca por inovação, o segredo é observar, ver o que está errado e “pivotar”, ou seja, mudar o que está dando problema e voltar a tentar tornar a errar de novo e, assim, seguir até dar certo. A preocupação não é deixar de errar, mas corrigir rápido o erro.

Nós, engenheiros, fomos educados para planejar nosso trabalho, para fazê-lo minimizando erros e otimizando recursos. Diante deste cenário, o dar errado, não ter previsto algo e ter resultados distintos do previsto ou do projetado, dói e é difícil de aceitar.

Este é o problema. Para inovar, o acerto é exceção, a regra é dar errado. Então, na adoção de uma técnica nova, de um novo software ou de um novo processo, só saberemos se vai funcionar e quais serão os resultados se os colocarmos em prática. A chance de não atender plenamente nossas expectativas, de perdemos dinheiro ou de não dar certo é alta, mas isso não pode ser colocado como um problema. Ganha-se conhecimento, ajusta-se ou tenta-se de novo. Só assim, de forma gradual e contínua, há avanço e, consequentemente, inovação.

O medo de dar errado nos paralisa. Há muita movimentação, leituras, seminários, visitas, demonstrações e poucos corajosos se aventurando. Os “fracassos” destes pioneiros são usados como consolo dos que ficaram inertes e, assim, o setor continua sem inovar.

Há um problema: o mundo é plano, a banda passa e o tempo voa. Precisamos mudar nosso mindset e mudar este jogo antes que o setor, que está parado, seja atropelado por quem está andando.

*Por Marcus Granadeiro, engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro da ADN (Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyours).

**Sobre o Construtivo.com: o Construtivo é uma empresa de tecnologia com DNA de engenharia. Pioneira no conceito de nuvem, atende aos maiores projetos de infraestrutura do Brasil. Fundado em 2000 como uma joint venture do Grupo Santander, o Construtivo passou por um processo de MBO (Management buy-out) em 2004 e se tornou uma empresa nacional.

 

 

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