Como assumir uma postura de líder protagonista ágil
Por Susanne Andrade*
Você sabe o que significa ser um líder protagonista? O conceito vai muito além de um cargo, e corresponde a deixar de lado a posição de “vítima das circunstâncias”, que se queixa o tempo todo e atribui a responsabilidade pelo que acontece -ou deixa de acontecer- ao outro ou à organização em que trabalha, para assumir a responsabilidade pelos rumos de sua carreira, promovendo impactos positivos nas pessoas e na empresa. É, antes de tudo uma atitude, e está nas mãos de cada um.
E o primeiro passo para essa “atitude de protagonista” começa antes mesmo de se pensar no ambiente corporativo, passando por cuidar de si mesmo, cultivando uma boa saúde mental. É preciso também ter seu papel profissional (e pessoal) muito bem definidos, considerando que hoje vivemos em um “novo mundo”, onde ter um posicionamento assertivo ajuda a diminuir a sobrecarga e a pressão de querer resolver “tudo, ao mesmo tempo, agora”. Assumir essa postura de “super herói” muitas vezes leva ao esgotamento mental e impacta negativamente nos resultados.
Hoje, os maiores impactos negativos para a saúde física e mental estão relacionados às “doenças da alma” – como estresse, depressão e ansiedade. O Brasil é o segundo país com maior número de trabalhadores afetados pela Síndrome de Burnout, com 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrendo com a síndrome, segundo a ISMA-BR (International Stress Management Association). A OMS (Organização Mundial da Saúde) concluiu que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental. O Brasil é o país com maior taxa de pessoas com ansiedade, e ocupa o 5º lugar no ranking de pessoas com depressão. A ansiedade, por exemplo, atinge mais de 260 milhões de pessoas.
É possível que você mesmo já tenha passado -ou ainda esteja passando- por algumas dessas questões de saúde mental, e se percebendo como um “robô” para produzir resultados a qualquer custo, e com a energia esgotada para novas entregas. Tudo isso é causado pelo excesso de trabalho, que ocorre quando o profissional não respeita seus próprios limites e não tem um posicionamento claro, sentindo-se perdido e “atirando para todos os lados”, e agindo como se trabalhasse apenas para pagar boletos no final do mês, sem entender qual o seu real propósito.
Para solucionar essas questões, é fundamental a conquista da qualidade de vida, a partir do relacionamento com o trabalho. Já foi o tempo em que o plano de carreira era estabelecido pela empresa, e o colaborador ia se encaixando em uma jornada. Hoje, o próprio indivíduo deve ser o responsável por sua trajetória profissional, partindo do seu autoconhecimento para entender o que lhe dá “brilho no olho” e, a partir daí, negociar o seu posicionamento dentro dessa perspectiva. Dessa forma, aquele profissional dará maiores contribuições para a organização em que atua, e mais se realizará, sentindo-se mais realizado e com leveza e prazer pelo que faz.
Em meu novo livro, “Líder Protagonista: uma nova atitude na agilidade”, eu apresento a metodologia CEP, onde o C corresponde às “Competências” que você precisa desenvolver para o seu crescimento, o E às “Entregas” que você faz para a empresa, e por fim o P de “Propósito”, o brilho no olho que você tem pelo que faz. O foco do profissional muitas vezes está apenas no CE, quando desenvolvem “Competências” de maneira desenfreada para fazer “Entregas” cujo sentido eles nem entendem, o que acaba se tornando um grande desgaste no dia a dia. Ao se esquecer do “Propósito”, o profissional fica sem energia e sem entusiasmo para continuar produzindo. Muitas vezes, isso acarreta as referidas “doenças da alma”.
Ser líder protagonista corresponde a identificar esse propósito, e inspirar outros profissionais a seguirem nessa direção. Ao assumir essa postura, o profissional sai de uma posição de “deixar a vida passar” e começa a passar por ela construindo de fato aquilo que se deseja.
Diante do que foi abordado, listei 7 passos para o profissional assumir seu posicionamento de líder protagonista:
- Contribuir para a transformação digital enquanto uma transformação humana, com respeito à diversidade e ao autoconhecimento, para deixar de ser uma “máquina” de produzir resultados.
- Buscar uma atuação com propósito, entendendo o sentido de fazer o que faz no trabalho.
- Desenvolver o mindset da eficácia, com a mudança do foco da eficiência, que corresponde a fazer tudo do jeito certo, para o foco na eficácia, que corresponde a fazer a coisa certa.
- Fazer a autogestão na relação com o tempo para produzir com maior qualidade de vida.
- Viver o presente como caminho para construir o futuro com saúde mental, combatendo os medos.
- Ser agente de transformação que desenvolve novos líderes a partir de uma atuação focada no desenvolvimento humano, independentemente de sua profissão.
- Atuar como um líder inspirador que pratica a empatia e a escuta ativa, caminho essencial para a valorização do Ser Humano, quando naturalmente promove a transformação do outro.
Ao atuar nessa perspectiva, o indivíduo evolui como pessoa, antes de progredir como profissional. E esse é, cada vez mais, o diferencial de nós, humanos. Precisamos deixar para a Inteligência Artificial executar aquilo que é repetitivo e maçante e, para nós, o desenvolvimento de soft skills – ou seja, habilidades pessoais e sociais, relacionadas à personalidade e aos comportamentos. Esse é o caminho para a transformação digital enquanto transformação humana, o que só é possível conquistar por profissionais que sejam líderes protagonistas.
Por fim, quero reforçar que protagonizar a transformação digital é atingir os resultados sentindo-se realizado profissionalmente. Não tenha medo, esse novo mundo é para você!
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*Susanne Andrade é autora dos best-sellers “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”, “O Segredo do Sucesso é Ser Humano”, e do livro digital “A Magia da Simplicidade”. Em maio/22 lançará pela Editora Gente o “Líder Protagonista”. É master coach, palestrante e professora de cursos de MBA pela FIAP em disciplinas sobre carreira, coaching, liderança e gestão da mudança para a transformação digital. É sócia-diretora da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano, empresa que criou o “Modelo Ágil Comportamental”. Colunista no “Portal IT Forum 365, na coluna Desenvolvimento Humano na Era 4.0”. Voluntária no Grathi.