Como as empresas maximizam o impacto da IA e da automação?

Nunca a tecnologia foi tão indissociavelmente ligada a cada aspecto da vida humana como neste momento.

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2:36 pm - 11 de outubro de 2019

Pensando nas duas últimas décadas que passei no Vale do Silício, nunca a tecnologia foi tão indissociavelmente ligada a cada aspecto da vida humana como neste momento. Os dispositivos em nossa casa são conectados à internet ou ativados por voz. Assistentes virtuais inteligentes podem fazer reservas em restaurantes e agendar nossos compromissos com autonomia. Dirigimos carros que podem estacionar sozinhos e voamos em aviões praticamente autônomos.

No entanto, a mudança mais drástica é a completa transformação na forma como trabalhamos. Até o final do ano que vem, espera-se que quase metade de todas as empresas do globo utilizem a automação robótica de processos (RPA, na sigla em inglês), “bots” de software que trabalham lado a lado com humanos e automatizam tarefas repetitivas que realizamos. Isso faz da RPA a categoria de software corporativo que cresce com mais rapidez no mundo.

Conforme “o futuro do trabalho” torna-se o presente, dando origem à total integração da humanidade com a tecnologia, devemos nos perguntar: como será a ética corporativa na era dos trabalhadores humanos e digitais, e como essa realidade servirá à sociedade como um todo?

Aqui vão três recomendações para que líderes empresariais possam garantir a implementação ética da IA e da automação, bem como fazer com que essas tecnologias tenham um impacto positivo em suas organizações.

1. Fazer da diversidade uma prioridade máxima.

Mudanças radicais na sociedade trazem consigo uma alteração fundamental na confiança. A automação e, principalmente, a IA vêm com um conjunto específico de questões relacionadas à confiança: não só a tecnologia é nova, como também promete uma disrupção em praticamente todas as indústrias existentes.

A diversidade é o fator mais importante na maneira como a automação e a IA transformarão a sociedade. Isso impactará não só quem cria e usa a tecnologia, mas também as pessoas afetadas pelos algoritmos gerados. E, ainda, a indústria de IA tem uma brutal disparidade entre gêneros.

O Fórum Econômico Mundial revela que apenas 22% dos profissionais de IA são mulheres e, segundo pesquisa encomendada pela Automation Anywhere, elas correm um risco maior de ser negativamente afetadas pelas tecnologias de IA e automação. A falta de diversidade provoca preconceitos e restringe o foco dos problemas para cuja solução as novas tecnologias são aplicadas. Em contrapartida, a diversidade de pensamento nos níveis mais altos do setor pode ajudar a promover inovações e garantir que essas tecnologias sejam usadas para beneficiar diferentes grupos e populações.

Se os líderes das empresas me permitem dar um conselho, é que contratem mais mulheres. Contratem pessoas de origens diversas. Contratem pessoas cujas perspectivas sejam diferentes das suas. E ouçam o que elas têm a dizer a fim de obter ideias e capacidades valiosas.

2. Colocar os valores humanos em primeiro lugar.

Se os bots vão erradicar ou perpetuar o preconceito é a pergunta errada a se fazer. Os bots são feitos por pessoas, sendo tão morais e éticos quanto os humanos que tomam as decisões estratégicas. O bots não têm pensamentos, sentimentos ou empatia.

Então, como você ensina um bot a se comportar adequadamente? No fim, isso se resume ao ser humano por trás do algoritmo. Peço que vocês guiem suas decisões estratégicas pelos princípios do futuro do trabalho: a sustentabilidade ética dos valores humanos. Precisamos continuar valorizando os trabalhadores humanos e suas contribuições, e manter os valores que nos tornam humanos, como empatia, gentileza, alegria, respeito, criatividade e paixão.

A força de trabalho digital oferece inegável vantagem econômica, na forma de maior produtividade, erros praticamente nulos e custos menores. Porém, o compromisso incansável de sustentar os valores humanos é que vai determinar se os profissionais dedicarão o tempo economizado a iniciativas que nunca poderão ser automatizadas: empregando a engenhosidade, a tenacidade e a criatividade humanas para o crescimento econômico e as questões mais urgentes da sociedade.

3. Educar para a força de trabalho digital.

Como garantimos que os seres humanos obtenham melhorias, coletivamente e no longo prazo, com os novos jeitos de trabalhar? Isso começa pela educação. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2022 as novas tecnologias criarão 133 milhões de novos empregos (contra apenas 75 milhões de trabalhos em queda). Essas vagas vão valorizar o pensamento analítico, a criatividade e a solução de problemas complexos, em detrimento de habilidades como destreza manual, memória e compreensão de leitura.

Preparar o mundo para a futura força de trabalho não recai apenas sobre as instituições acadêmicas, que devem qualificar os profissionais de amanhã. As empresas devem investir em programas de requalificação para ajudar os empregados de hoje a se adaptarem e prosperarem nessa nova ordem econômica. Por exemplo, na Universidade Automation Anywhere, já treinamos em RPA mais de 350 mil desenvolvedores, analistas de negócios, parceiros e estudantes. Imagine o impacto se cada grande companhia lançasse programas similares – uma mão de obra preparada para os 133 milhões de novos empregos de amanhã.

Se nos responsabilizarmos pela implementação ética da IA e da automação, priorizando pessoas ao invés do lucro e a diversidade em detrimento do status quo, e beneficiarmos ao máximo o maior número de trabalhadores possível, acredito que o legado dessas tecnologias será a prosperidade e o progresso da humanidade.

*Por Neeti Mehta, vice-presidente sênior, arquiteta de estratégia e cultura de marca e cofundadora da Automation Anywhere. Neeti é cofundadora e vice-presidente sênior da Automation Anywhere, liderando inciativas globais de marca e cultura em toda a companhia. Ela acumula mais de 20 anos de experiência em gestão de negócios, marketing e empreendedorismo, em uma variedade de setores, tais como tecnologia, consultoria de negócios e publicidade. Neeti é líder de pensamento da companhia e defende ativamente a ética robótica conforme a indústria de RPA segue crescendo a um ritmo inédito, graças à eficiência e à produtividade atingidas com a automação inteligente.

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