Como a virtualização impacta o relacionamento eletrônico?

Executivo analisa como os processos ligados à área de compras mudaram por conta da virtualização

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10:50 am - 10 de maio de 2019

O Brasil e o mundo estão vivendo uma grande transformação digital nos diversos setores da economia. Para integrar este cenário, as empresas precisam implementar em seu cotidiano tecnologias como analytics, data science e inteligência artificial (IA), de forma a automatizar seus processos internos e potencializar o valor de seus dados.

Todos os portes e segmentos de empresas são afetados por essas inovações tecnológicas, mas, principalmente para as grandes empresas, é essencial que estejam antenadas e consigam acompanhar esse processo de atualização. Segundo o relatório da América Latina “Inteligência Artificial Indispensável 2018”, liderado pelo MIT Technology Review, 82% das empresas e líderes de TI acreditam que o impacto da IA é positivo nas organizações, e 83% acreditam que esta tecnologia é importante para a melhor realização de análises, aumento da eficiência, redução de erros humanos e, consequentemente, melhores resultados, governança e compliance.

Um exemplo de como essas tecnologias podem ser implementadas no setor de compras eletrônicas é a automação de plataformas de SRM (Supply Relationship Management). Nessas plataformas, pode ser feita uma configuração com parâmetros de inteligência programada para decidir quando, por qual valor e de quem comprar, sem a necessidade de acionar requisitantes, aprovadores e compradores.

Neste novo cenário, qual o papel e o perfil necessário para analistas de compras na operação de plataformas com comprador virtual, que poderá tomar decisões de processo autônomas com parametrizações para apuração de preços líquidos de impostos e a equalização financeira de condições comerciais para automação de mapas comparativos com elevado grau de assertividade nas decisões de compra? Qual impacto a virtualização e a configuração de inteligência programada para os modelos tradicionais da área de suprimentos e para serviços de BPO associados pode ser gerado à terceirização de atividades do ciclo de suprimentos?

Perguntas como essas são muito frequentes no segmento de compras, tanto público quanto privado. Muitas empresas ainda não se deram conta dessa relevância e não se movimentaram para implementar o uso de portais de compras eletrônicas, o que promove ganhos relevantes nas negociações, governança, rastreabilidade e produtividade em processos de ‘procurement & sourcing’. Porém, o mundo dos negócios está avançando na busca por empresas mais competitivas, com processos automatizados e sem a necessidade de intermediação humana em determinadas atividades padronizáveis, de forma a obterem maior velocidade e controle dos negócios por meio de monitoramento inteligente e de virtualização de processos.

A transformação de processos de relacionamento eletrônico neste sentido, conectados principalmente a outras tecnologias da indústria 4.0, pode ser vista na possibilidade de integração de um software de manutenção de uma máquina específica de uma indústria à uma plataforma de SRM utilizada pela empresa. Assim, por meio de uma configuração prévia, o software consegue detectar quando determinado componente da máquina precisar de reposição e, assim, notificar a plataforma de SRM imediatamente, que pode consultar o Sistema Integrado de Gestão Empresarial (ERP) da indústria e verificar se há disponibilidade em seu estoque da peça danificada ou se é necessário realizar uma compra.

A seguir, detectada a necessidade de compra, o sistema considera prazos parametrizados de entrega e abre, automaticamente, um processo de ‘sourcing’, solicitando cotação para fornecedores, previamente homologados para reposição daquela peça específica, e finalizar o processo de compra eletrônico de forma totalmente automatizada e sem a necessidade da intervenção humana.

A adoção de tecnologias de inteligência artificial (IA) e compradores virtuais é uma forte tendência no segmento e pode ser aplicada para muitos itens, famílias de produtos e serviços de compras que tenham limite de valor controlado e que não tenham indicação de tratamento via ‘strategic sourcing’.

*Gérson Schmitt é diretor de SRM na Paradigma Business Solutions e mestre em Administração de Empresas pela FGV/SP

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