Cibersegurança: confiança é o vetor de ataque que definirá os anos 2020

As transações financeiras se tornaram tão simples e suaves que até a passagem de um cartão é substituída por um simples toque de "comprar"

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4:44 pm - 11 de fevereiro de 2020
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Confiança é o que move os mercados financeiros. O dinheiro em sua carteira, o crédito em seus cartões e até o bitcoin em seu blockchain, são sistemas baseados apenas na confiança que os usuários têm sobre eles. Podemos dizer que já se vão os dias em que o dinheiro era lastreado em ouro. Atualmente, o lastro se dá apenas na confiança em dados.

As transações financeiras se tornaram tão simples e suaves que até a passagem de um cartão é substituída por um simples toque de “comprar” no dispositivo. A confiança é implícita e subestimada, mas ainda está lá, e continua sendo o requisito para que bilhões de transações de pagamento funcionem todos os dias.

Ao comprar pelo celular, em algum lugar é criada uma mensagem com base em bits e bytes criptografados que confirmam que você tem dinheiro ou crédito suficiente para pagar por esses produtos. Porém, suponha que adversários, sejam criminosos comprometidos com o roubo, terroristas ou até nações que buscam obter uma vantagem global, possam em breve manipular esses bits e bytes.

Pense na possibilidade de que maus atores façam alterações sutis em sua conta, como fazer parecer que você tem 100 vezes o dinheiro que realmente tem, ou 1/100. Agora imagine que o adversário manipula não apenas seus bits e bytes, mas também os de todo o seu banco, que passa a não ter ideia de quanto dinheiro cada um tem e, em seguida, congela todas as contas até que o problema seja resolvido.

E a questão da confiança pode se estender ainda além disso. Suponha que não seja apenas o seu banco, mas também os cinco maiores bancos do país. Ninguém sabe quem tem quanto, então o sistema bancário congela. E a confiança, que sempre foi inerente ao sistema, é perdida.

Como resultado, os sistemas de pagamento que impulsionam nossa economia param. Os backups são implementados, mas essa confiança transacional ainda está danificada. E, como o sistema está quebrado, fica difícil até comprar um pedaço de pão ou um litro de leite. Os impactos econômicos vão muito além do indivíduo.

Hoje, essa capacidade de ataque do adversário está no horizonte. Mas e no futuro?

Estamos no início de uma nova década e no início de uma nova realidade tecnológica. Nossas comunicações serão realizadas em um sistema completamente novo chamado 5G. Nossas identidades serão determinadas por um conceito completamente diferente, baseado em parte no intercâmbio das redes sociais das pessoas. Os adversários terão computadores quânticos capazes de decifrar todos os nossos bits e bytes e terão acesso a sistemas de inteligência artificial que tomarão decisões que mudarão a vida de todos.

Na próxima década, como sociedade, sem dúvida estaremos mais ligados à tecnologia. Hoje, já estamos fazendo tudo digital, de nossos carros a nossas casas, nossa saúde e nosso próprio modo de vida. Nos anos 20, não apenas nossos sistemas financeiros estarão em maior risco, mas também nossas comunicações, sistemas de energia, assistência médica e transporte.

Considere o que poderia acontecer se os criminosos mudassem as prescrições entre o médico e a farmácia, modificassem mensagens para o fornecedor de energia para desligar o calor da cidade no meio do inverno ou enviassem sinais codificados para dizer ao carro para virar à esquerda em um penhasco. Tudo isso será tecnicamente possível.

E o que tem sido feito a respeito disso?

Em novembro de 2019, mais de 75 executivos e especialistas de várias indústrias dos EUA se reuniram no Instituto McCrary de Segurança Cibernética e Infraestrutura Crítica da Universidade de Auburn para discutir como criar um ecossistema confiável de fornecedores para a próxima geração de produtos e serviços.

Foi feito um relatório que se concentra em seis pilares fundamentais que poderiam proteger a infraestrutura crítica dos países na próxima década. Esses pilares (comportamento, ecossistema, educação, política, privacidade e tecnologia) devem se unir para apoiar o objetivo comum de uma Internet segura e protegida.

Ou seja, há um reconhecimento coletivo de que nem o governo nem a indústria podem enfrentar essas ameaças, mas, com uma nação inteira comprometida, isso é possível e deve ser feito. A chave para o sucesso é a participação ativa de representantes de todos os setores.

Os dados são a nova moeda de troca, e a confiança que depositamos neles é vital para nossa saúde, prosperidade, bem-estar e crescimento como sociedade. Assim, precisamos trabalhar juntos para proteger essa confiança e entender que as ações que tomamos agora podem evitar desastres e ajudar a gerar um resultado positivo de nossos anos 20 para o futuro coletivo.

*Por Tom Patterson, Chief Trust Officer Global da Unisys

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