A transformação digital de um jeito que todo gestor quer

A transformação digital saiu de tendência para ganhar o status de urgência.

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10:00 am - 08 de julho de 2019

Transformação digital – saiu de tendência para ganhar o status de urgência. Grandes, médias, pequenas empresas – todos os portes. Indústrias, hotéis, hospitais, data centers – qualquer segmento. Quem não fizer não ficará aqui para contar. Mas o que é TD? (Pois é, de tanto ser usado, o termo virou sigla…)

Transformação digital representa a adoção ampla de tecnologias digitais – IoT, big data, inteligência artificial, machine learning – para disrupcionar (com o perdão do neologismo) modelos de negócios, aumentando a eficiência (outra palavra-chave aqui) e enriquecendo a experiência do consumidor. Sem meias palavras, a TD está reinventando aspectos primordiais da existência humana, de lares a parques industriais, de edifícios a nuvem e por aí vai. E o que está no centro dessa jornada? Algum palpite?

Sem dúvida, a transformação da maneira como usamos os recursos do planeta, de como gerimos o uso da energia, especialmente, a elétrica. E, sim, perdemos o deadline faz tempo. É uma corrida contra o tempo. De um lado, a necessidade, a gana por tudo que o mundo pode oferecer; de outro, a ameaça iminente do aquecimento global; e, no meio disso, a solução em duas letras: TD.

Para facilitar a conversa aqui, pensemos nesse novo jeito de fazer e acontecer em quatro macro setores econômicos e os impactos em cada um deles: edifícios, data centers, indústria e infraestrutura.

Aprofundando a conversa

No primeiro caso, estamos falando de maior conforto por parte dos ocupantes, simplificação da operação e, claro, redução do uso de energia elétrica. É surpreendente (e preocupante) o fato de que os edifícios são responsáveis por 36% de todo o uso final de energia global e 39% das emissões de carbono (UN Environment and International Agency, 2017). Felizmente, a tecnologia está aí para reequilibrar esses percentuais. Aliás, já existem prédios que geram mais energia do que consomem!

No segundo caso, estudos dão conta de que o resfriamento pode representar 40% dos custos totais do data center e que, até 2025, o consumo de eletricidade da indústria de tecnologia da informação e comunicação aumentará para 20,9% de todo o total global, respondendo por 5,5% das emissões globais de gases de efeito estufa. A luz no fim do túnel vem justamente da TD. A nova geração de data center – seja um provedor de nuvem/colocation ou um edge site – pode ser implantada 20% mais rapidamente com infraestrutura modular.

Com as tecnologias digitais, o fazer mais com menos também chegou à indústria. Nunca foi tão fácil levar produtos ao mercado com rapidez e baixos custos de produção – tudo por causa da bem falada Industrial Internet of Things, a IIoT, que conecta inventário a sensores inteligentes em toda a cadeia de suprimentos. Tem mais: as plantas industriais transformadas digitalmente têm os processos regulatórios de compliance facilitados e os impactos ambientais mitigados.

Com relação à infraestrutura, a grande estrela é o smart grid. Nessa rede tão esperta, ficam bilhares de componentes que passam a ser controlados por uma arquitetura digital centralizada. Quando totalmente conectado, o smart grid se adapta muitíssimo bem a condições ambientais e de carga em constante mudança. Resultado: ele ganha confiabilidade e, mais, começa a gerar uma quantidade incrível de dados que podem ser usados para otimizar eficiência, possibilitar fluxo de energia bidirecional e acelerar a transição a favor do uso de energia renovável. Ou seja, é o caminho para responder às tendências de crescimento populacional e descarbonização.

Comprovação

O discurso ainda é muito teórico para você? Quer números? Para comprovar os benefícios da transformação digital, a Schneider Electric foi além e realizou um estudo considerando não menos que 230 projetos para clientes desenvolvidos ao longo dos últimos cinco anos em 41 países. Foram observados 12 pontos-chave, divididos em três categorias: CapEx (despesas em investimento), OpEx (despesas operacionais) e Sustentabilidade, Velocidade e Desempenho. As conclusões são animadoras.

Em CapEx, as novas tecnologias otimizam custos e tempo de engenharia, em média, 35%, podendo atingir 80%. Já custos e tempo de comissionamento melhoram, em média, quase 30%, podendo chegar a 60%. Por fim, custos de investimento têm impacto positivo de 23%, podendo alcançar 50%.

Em OpEx, os benefícios da TD são ainda mais numerosos. A economia tanto no consumo quanto no custo de energia é de, em média, 24% e 28%, podendo chegar a 85% e 80%, respectivamente. A produtividade aumenta, em média, 24%, podendo alcançar 50%. Quanto à disponibilidade e ao tempo de vida útil do equipamento, o índice é de 22% em média, podendo atingir 50%. E os custos de manutenção melhoram, em média, 28%, podendo chegar a 75%.

Em Sustentabilidade, Velocidade e Desempenho, última categoria, os impactos são percebidos em quatro frentes: otimização da emissão de CO2, com 20%, em média, até 50%; redução dos incidentes relacionados ao conforto dos ocupantes, com 24%, em média, até 33%; otimização do tempo para comercialização, com 11%, em média, até 20%; e, finalmente, retorno do investimento, sendo 5,3 anos a média e 0,75 ano o melhor resultado.

Boas histórias

Na América do Sul, temos vários cases de sucesso a compartilhar.

Começo falando sobre a sede do Produbanco, no Equador. Ela, graças a uma arquitetura inteligente, com soluções para automação predial, controle de iluminação, gerenciamento de energia e distribuição elétrica, tornou-se o edifício mais moderno do país. Exibe a Certificação em Liderança em Energia e Design Ambiental (LEED) e conquistou o terceiro lugar em segurança privada no Prêmio ALAS 2018, da Associação Latino-Americana de Segurança. Os colaboradores passaram a usufruir de um ambiente de trabalho muito mais confortável e seguro, o que impacta diretamente sua produtividade.

Já na Argentina, uma prova dos benefícios da transformação digital é a nova torre corporativa do Centro Empresarial Libertador, construída pela empresa RAGHSA. Com mais de 100 mil metros quadrados e 26 andares, o edifício apresenta a mais avançada tecnologia de automação, monitoramento e controle. A rede elétrica possui sistema inteligente que otimiza o uso da energia e viabiliza a manutenção preventiva dos equipamentos, aumentando a vida útil deles e incrementando a continuidade do negócio. Há ainda sistemas de acesso e segurança de primeira linha e elevadores de última geração. A arquitetura sofisticada aumentou sensivelmente o conforto dos ocupantes e, por outro lado, diminuiu os custos de manutenção, o que permitiu ampliar os resultados financeiros em aproximadamente 10%.

No Brasil, um dos destaques da TD fica por conta do Aquapolo, o maior empreendimento para produção de água de reuso industrial da América do Sul e o quinto maior do planeta. É responsável por produzir 1.000 litros de água de reuso por segundo para o Polo Petroquímico do ABC Paulista. Uma solução de conectividade, controle, automação e análise de dados possibilitou 30% de diminuição do consumo de energia, aumento de 25% da eficiência operacional e 25% de redução do custo de propriedade.

Mais: a Granado Pharmácias, após a jornada de TD, deixou de ser uma tradicional botica para se tornar uma das principais empresas de cosméticos do país. A companhia necessitava de soluções que garantissem a repetibilidade dos processos e a rastreabilidade das informações de produção – isso para manter a qualidade e o padrão do produto final, além de auxiliar na investigação e otimização dos procedimentos. Então, foi implementada uma solução future-proof, com sistemas de automação, produtos conectados e flexíveis que se adequaram aos já existentes. Assim, a Granado aumentou a eficiência, melhorou a qualidade dos produtos – pois passou a ter garantia de que todas as fases do processo fossem concluídas conforme os parâmetros estabelecidos –, reduziu a emissão de resíduos, criando receitas de limpeza, e adquiriu a possibilidade de rastrear qualquer etapa do processo em caso de possíveis falhas, como falta de energia – tudo isso sem perder a tradição da marca.

Partindo para a conclusão

Eu não poderia terminar este artigo sobre a força da TD sem, antes, tocar em um ponto de dor: cibersegurança. Neste contexto de quarta revolução industrial, nesta era de digitalização, neste mundo de coisas conectadas, proteger computadores, servidores, redes, sistemas eletrônicos, dispositivos móveis e dados de ataques criminosos é prioridade absoluta.

E para que as organizações tenham êxito nesta guerra cibernética, é imprescindível, primeiramente, conscientizar líderes e demais colaboradores sobre a importância de seguir políticas, normas e protocolos de segurança. Em segundo lugar, é preciso investir em formação, em capacitação para que os profissionais estejam aptos a implementar as várias ferramentas já disponíveis. E, por fim, deve-se monitorar, regularmente, os processos de ponta a ponta, sempre com foco em melhorias contínuas. Ou isso, ou o prejuízo pode ser incalculável.

Dito isso, reforço que há, sim, evidências por toda parte quanto ao valor operacional, financeiro, ambiental e estratégico da transformação digital. As histórias de sucesso, como as contadas aqui, vão se acumulando. O que os empresários e gestores têm que decidir, rapidamente, é se querem protagonizar uma delas. Ou se deixarão as coisas acontecerem até eles próprios virarem história…

*Por Rafael Segrera é presidente da Schneider Electric para América do Sul. A Schneider Electric é líder global na transformação digital em gestão da energia elétrica e automação.

 

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