A edge industrial traz flexibilidade e otimização à indústria

Em vez de depender de uma única máquina, as indústrias têm, agora, redes de máquinas conectadas que usam a IoT.

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8:18 pm - 18 de setembro de 2019
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Semelhante às três revoluções industriais anteriores, que, respectivamente, capitalizaram a energia a vapor, as linhas de montagem e os computadores, a Indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, apresenta oportunidades ao capitalizar a Internet das Coisas (IoT).

Essa evolução da manufatura se refere principalmente às fábricas inteligentes, ou seja, fábricas cheias de sensores que coletam e otimizam dados. Esses sistemas ciberfísicos significam que, em vez de depender de uma única máquina, as indústrias têm, agora, redes de máquinas conectadas que usam a IoT.

De acordo com a IoT Analytics, no report “State of the IoT”, projeta-se que haverá mais de 22 bilhões de dispositivos conectados à IoT em todo o mundo até 2025, três vezes mais que em 2018. No entanto, para esses dispositivos serem verdadeiramente inteligentes e revolucionarem as fábricas de hoje, desafios como latência, largura de banda e non-spots em conexão precisam ser endereçados.

Esses fatores precisam ser abordados quando se lida com grandes quantidades de dados. Quando as máquinas inteligentes da Indústria 4.0 se comunicam, elas geram milhares, se não milhões, de bytes de dados. O desafio é onde analisar os dados para evitar problemas como segurança e latência. E a solução é esta: edge computing.

Dados de IoT: flexibilidade, eficiência operacional e produtividade

Quando falamos de edge computing nos setores de manufatura e logística, estamos nos referindo a levar os dados e a energia para o local onde eles são usados. E por que isso é importante? Devido à necessidade de tomadas de decisão rápidas e operações flexíveis.

A manufatura é uma indústria muito voltada ao cliente, na qual a oferta e a demanda precisam sempre ser equilibradas. Uma entrega ou um pedido inesperado de um cliente pode desequilibrar o inventário ou a logística em todo o negócio, resultando em perda de reputação e receita.

Responder em tempo real é muito importante, e é aí que a edge industrial é crucial para qualquer negócio. Ter acesso a dados impulsiona a eficiência operacional e melhora a produtividade, especialmente em combinação com machine learning. Isso é incrível; afinal, fabricantes e empresas de logística estão sempre procurando melhorar os custos, ter mais controle sobre os processos e melhorar as entregas.

A edge industrial reúne diferentes camadas dentro da fábrica, como dispositivos de IoT, bem como toda a linha de produção, desde a concepção até a entrega. Essas empresas precisam responder de maneira rápida e flexível ao cliente – elas devem coletar e traduzir pedidos e trabalhar com o fornecedor; portanto, precisam acessar a edge para gerenciar e monitorar em tempo real. Ou isso, ou ficarão para trás.

Em suma, para que os dados sejam acessados em tempo real, ou quase instantaneamente, eles não devem ser analisados em um local central, mas, sim, enviados à fábrica, onde o pedido será atendido. Os dados que estão sendo coletados na edge ajudam a rastrear o processo, dando visibilidade holística a quem precisa no momento.

Infraestrutura resiliente para garantir total rastreabilidade

Essa total rastreabilidade é necessária no mercado, especialmente quando se lida com alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos. Mas as empresas também devem saber quando os componentes da máquina precisam ser substituídos para obter o melhor produto. Um equipamento conectado gera milhões de pontos de dados que são analisados em tempo real. Aqui é onde a latência se torna crítica, pois um tempo de reação muito curto é obrigatório. Cada minuto que uma máquina fica parada pode custar à empresa potencialmente milhões em receita, sobretudo se afetar o relacionamento com o cliente.

Ter uma infraestrutura altamente resiliente é essencial para companhias de manufatura. A capacidade de criar sistemas flexíveis que podem se adaptar facilmente às mudanças significa que os pedidos de curto prazo podem ser atendidos sem muita interrupção para o resto da fábrica e das empresas de logística. Além disso, as soluções precisam ser implantadas em todo o mundo ao mesmo tempo.

Estamos vendo os clientes desenvolverem o piloto de uma solução em uma fábrica para, em seguida, fazerem a distribuição globalmente. Isso mostra que as soluções precisam estar prontas para serem executadas quando implantadas – fato que demanda investimento em tecnologia, e não em grandes equipes de TI. Uma razão para isso é que as instalações podem ser controladas remotamente (não na fábrica).

A infraestrutura da edge industrial também precisa ser agnóstica, permitindo que as empresas escolham soluções sem ter que se preocupar com a configuração. Encontrar o parceiro certo no mercado é importante para o sucesso do set-up da Indústria 4.0. Os usuários finais estão procurando um parceiro que seja capaz de fornecer uma solução completa enquanto alavancam suas próprias alianças.

Garantindo que as fábricas sejam seguras

Outra preocupação das empresas de manufatura e logística é a segurança, especialmente quando se trata de dados. Os ataques a dispositivos industriais de IoT ocorrem desde 2005. De acordo com a Trend Micro, o worm Zotob fez com que 13 fábricas ficassem offline por uma hora. Isso custou à empresa cerca de US$ 14 milhões. Desde então, as táticas de engenharia social, como spear phishing, resultaram em hacks. E, na Ucrânia, as usinas de eletricidade foram suspensas por seis horas pelo malware BlackEnergy, que tinha o potencial de excluir dados.

Com dispositivos de IoT e outros endpoints conectados em uma fábrica, há várias maneiras pelas quais os dados podem ser perdidos para essas ameaças. A exploração de uma vulnerabilidade, por exemplo, em um dispositivo conectado à toda a rede pode resultar na desativação da infraestrutura de um local. A implantação de malwares também já obteve sucesso, como o Cavalo de Troia Triton fechando operações de plantas industriais.

A Trend Micro encontrou agentes de ameaças usando malware de mineração criptografada para atacar uma instalação de água na Europa. Os criminosos podem adulterar os dispositivos se eles obtiverem acesso físico, enviando as informações erradas para o resto da rede ou causando um mau funcionamento para afetar uma linha de produção.

É por isso que ter uma visão 360 graus da infraestrutura é fundamental para proteger os dados contra hackers. Ter um software instalado que possa monitorar qualquer coisa, desde lâmpadas e maquinário até caminhões e estoque, significa que as equipes podem descobrir onde possam existir ameaças potenciais. Com a adição de machine learning, as ameaças podem ser detectadas muito mais rapidamente, em tempo real.

Além disso, a segurança do endpoint, especialmente em dispositivos IoT, é imperativa para a edge industrial. Embora os servidores centralizados e até mesmo a nuvem estejam protegidos por criptografia, sabe-se que os dispositivos de IoT têm vulnerabilidades. Isso significa que um patching regular é necessário, não apenas para proteger os dados da empresa, mas também dos clientes, especialmente para ficar em conformidade com o Regulamento Geral de Proteção de Dados da Europa.

Reunir todos esses componentes – uma infraestrutura sólida, que oferece flexibilidade e análise em tempo real por meio de dispositivos e dados protegidos – garantirá que as fábricas e seus parceiros de logística sejam otimizados, permitindo que eles forneçam produtos e serviços que atendam à expectativa dos clientes.

*Por Luciano Santos,  vice-presidente de Secure Power da Schneider Electric Brasil.

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