Trazendo a tona verdades (as vezes) incômodas sobre o Setor de TI

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9:51 am - 14 de agosto de 2013

O Setor de Tecnologia da Informação possui uma série de características próprias, que o diferenciam de todas as demais atividades econômicas. Somando este fato com sua relativa ?juventude?, não é de estranhar que o volume de informação disponível sobre o próprio Setor seja bastante limitado.

Eventualmente, essa ausência de informação acaba servindo para que supostos formadores de opinião manifestem opiniões que não encontram respaldo na realidade. Um exemplo disso, identificado por uma empresa associada da Assespro, é a afirmação que consta em entrevista concedida por um instituto global de pesquisas, afirmando que ?empresas brasileiras não gostam de contratar fornecedores que não estejam localizados em sua área geográfica local. É a forma como os brasileiros fazem negócios, portanto você precisa ter presença não apenas no país, mas a nível regional. Se você se posicionar num raio de 500 km de São Paulo, então você está OK? (a matéria completa está disponível em http://www.nearshoreamericas.com/brazil-seek-larger-share-global-bpo-market/).

Esse tipo de empresa global de pesquisa normalmente avalia o mercado consumidor de TI. Quando eles trabalham sobre o próprio Setor de TI, é porque algum de seus clientes (as grandes companhias globais do Setor de TI) busca qualificar ou ampliar suas redes de parceiros. Nesses casos, entretanto, há um perfil bem definido dos alvos, que certamente não são representativos da indústria local de TI de nenhum país.

Talvez seja essa a razão pela qual a afirmação acima citada se opõe totalmente aos resultados do Censo do Setor de TI desenvolvido pela Assespro em 2012, que revela uma abrangência geográfica muito maior na atuação das empresas. São Paulo e Rio de Janeiro, como maiores metrôpoles do país são as regiões que mais recebem filiais de empresas de outros Estados. Porém, as distâncias que estas empresas percorrem correspondem ao tamnho continental do país, chegando a milhares de kilómetros de distância em muitos casos. Até empresas localizadas no Estado do Amazonas possuem clientes no Rio Grande do Sul.

Outra fonte de informação disponível se origina na análise das bases de dados oficiais. Por exemplo, a partir de dados de declarações de impostos e das declarações sobre empregados, é possível obter dados sobre faturamento e emprego no setor ? trabalho esse que foi desenvolvido no Brasil pioneiramente pelo projeto SIBSS, da Softex.

Entretanto, estas informações são insuficientes para avaliar diversos aspectos das empresas do Setor de TI, seja para formular benchmarkting útil ao desenvolvimento das empresas, seja para avaliar a implementação de políticas públicas para o Setor.

Foi essa realidade que levou a Assespro Nacional a lançar, depois de quase dois anos de preparação, a primeira edição do Censo do Setor de TI no ano de 2012.

Entretanto, por meio da participação da Assespro nas Federações Internacionais do Setor, constatamos que a mesma problemática existe em praticamente todos os países do mundo. Nem mesmo nos países desenvolvidos, há informação em profundidade sobre o Setor de TI. E nem falar sobre a harmonização de indicadores entre países.

Somando a experiência da Assespro no Brasil com outras experiências pioneiras, desenvolvidas em outros países, mas sempre a nível nacional, decidiu-se então ampliar o Censo do Setor de TI na sua edição 2013 para todos os países membros da ALETI. Esperamos ampliar a iniciativa a outras regiões do planeta nos próximos anos.

O desafio de desenvolver um levantamento simultâneo de dados em dezenove países ao mesmo tempo exigiu quase um ano de preparação. Com o patrocínio de empresas privadas (www.surveymonkey.com e www.mbi.com.br), finalmente os questionários estão disponíveis para a participação das empresas: o questionário em português ? para Brasil e Portugual- pode ser encontrada em http://www.mbi.com.br/mbi/contatos/questionarios/2013-censo-aleti/ , enquanto a versão em espanhol está disponível em http://www.mbi.com.br/mbi/global/espanol/2013-censo-aleti/.

Na edição 2013, o Censo do Setor de TI abrange temas tão diversos como a distribuição geográfica da atuação das empresas, a oferta de produtos e serviços, as tecnologias adotadas, as características dos clientes (quanto a porte, localização e atividade econômica), os recursos humanos das empresas, os modelos de negócios envolvidos, as atividades comerciais locais e internacionais, incluindo a exportação, a atenção dada a temas como qualidade e propriedade intelectual, o foco e/ou interesse em projetos de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento, as fontes de capital financeiro utilizadas, entre vários outros.

Além de gerar informação sobre o Setor de TI, as informações foram estruturadas de forma a possibilitar o desenvolvimento de alianças comerciais e a estruturação de uma política de desenvolvimento de projetos de P&D em cooperação internacional (outra ação pioneira iniciada pela Assespro em 2011, apresentada inclusive no Parlamento Europeu).

Ainda, o questionário foi elaborado tomando-se o cuidado de permitir desenvolver análises cruzadas entre os temas cobertos (p.ex., gostariamos de avaliar qual a relação entre a origem dos capitais que deram origem às empresas e o nível de inovação que praticam), além de análises comparativas a nível de região e/ou país.

Ainda, nesta edição de 2013, as empresas são incentivadas a autorizar o uso das informações sobre a sua oferta de produtos e serviços, e os mercados onde atuam, para a geração de oportunidades de negócios (que deve ser implementada por meio de um catálogo baseado nessas informações).

Por todas estas razões, a ampla participação das empresas do Setor de Tecnologia da Informação, filiadas ou não às Associações representativas do Setor, é extremamente importante. Se você trabalha no Setor, faça com que sua empresa participe, e incentive outras empresas a participar. Se você trabalha numa empresa que consome produtos e serviços de TI, então incentive seus fornecedores a participar!

Como dizem os ditados populares ?a união faz a força? e ?juntos podemos mais?. Esta iniciativa é uma prova viva de que a cooperação e o associativismo voluntário trazem benefícios para todos, tanto no nível coletivo, como no nível individual. Por isso me atrevo a agradecer antecipadamente pela sua cooperação!

*Roberto Carlos Mayer ([email protected]) é diretor da MBI (www.mbi.com.br), vice-presidente de Relações Públicas da Assespro Nacional e presidente da ALETI (Federação das Entidades de TI da América Latina, Caribe, Portugal e Espanha).

 

 

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