Transformação Digital e Sustentabilidade

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11:33 am - 17 de setembro de 2018
sustentabilidade, ESG Imagem: Shutterstock

Esse é nosso primeiro artigo nesta coluna e, de inicio, já se vislumbra muito assunto para ser discutido e abordado. Para começar vamos falar sobre as mudanças do mercado de trabalho.

As Tecnologias Digitais têm sido adotadas de modo contundente nos mais diferentes setores da economia, criando um impacto enorme nas profissões tanto do mercado formal como informal: algumas profissões deixam de existir, outras estão sendo criadas e outras estão sendo modificadas.

Como exemplo, pode-se citar o caso das profissões vinculadas ao transporte público: o cobrador e o motorista. Os cobradores estão sendo dispensados dos ônibus públicos brasileiros, pois os pagamentos podem agora ser feitos com cartões magnéticos ou dinheiro, diretamente com os motoristas ou a partir de máquinas ATM. Da mesma forma, tem-se a previsão da substituição dos ônibus atuais por ônibus autônomos, dirigidos por robôs, que não precisariam de motoristas.

Ainda no mesmo setor de transporte público, o mercado de taxi tem sido ameaçado por iniciativas como a da Uber, 99 Taxis, Easy Taxi, Cabify e outras. Aqui no Brasil, primeiro surgiram a 99 Taxi e Easy Taxi que permitiam aos passageiros chamarem taxi a partir de aplicativos via telefone celular. Essas empresas foram adquirindo cada vez mais clientes devido à conveniência e à maior segurança, pois o passageiro recebe informações sobre o motorista de taxi antes de aceitar a corrida. Isso levou os motoristas de taxi a adotarem esses aplicativos no seu dia-a-dia para poderem ter acesso aos passageiros que agora não chamam mais taxi via telefone convencional ou na rua. Contudo, muitos dos motoristas são analfabetos digitais e começaram a ter dificuldade de conseguir passageiros por não saberem instalar, usar e mesmo atualizar os aplicativos.

Um pouco mais tarde, chegou no Brasil o Uber que gerou muita polemica. Trata-se de uma plataforma digital que viabiliza a prestação de taxi por qualquer pessoa que tem um carro e carteira de motorista. Essa plataforma teve uma resposta muito rápida no mercado brasileiro em função da crise e da necessidade das pessoas completarem sua renda (Hoje, o mercado brasileiro é segundo mais importante para Uber em nível mundial). Seguindo essa onda, a 99 Taxis e outras empresas também criaram esse tipo de serviço. Os protestos dos taxistas e cooperativas de taxi foram muitos, porque consideravam uma competição desleal em virtude das taxas, que os taxistas pagam, além do alto custo do alvará municipal que também precisam ter. Hoje a atuação do Uber e empresas equivalentes está sendo regulamentada, mas os taxistas tradicionais tiveram queda significativa de renda (média de 30%) além de terem que se adequar ao novo padrão de qualidade de atendimento (o que é bom!). Cria-se, assim, um mercado informal de pessoas que se credenciam para prestar serviço de transporte público individual ou compartilhado

De uma forma ou de outra, todas as pessoas, especialmente aquelas que vivem nas grandes metrópoles, participam ou até sofrem impacto dessas mudanças no setor de transporte publico urbano devido à introdução das tecnologias digitais nas práticas do dia a dia desse setor. A curto prazo, os cobradores deverão mudar de profissão; a médio prazo os motoristas de ônibus e de taxi deverão incorporar na sua prática do dia-a-dia de trabalho o uso de tecnologias digitais e aplicativos; a longo prazo as profissões de motorista de ônibus e taxi deverão desaparecer. O passageiro, por sua vez, terá também que adotar o uso de aplicativos para ter acesso a qualquer transporte público.

De modo geral, muitas atividades humanas a médio e longo prazos serão executadas cada vez mais por robôs. No setor industrial, as cadeias produtivas incorporarão de maneira gradual as premissas da Industria 4.0, em que as tarefas repetitivas serão executadas por robôs. Ficará a cargo dos seres humanos, atividades que demandarão cada vez mais criatividade. Não haverá mais espaço para pessoas analfabetas digitais. A sociedade está preparada para essa realidade? Como nós profissionais estamos nos adequando a essa nova realidade de mercado?

*Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho é coordenadora geral do LASSU (Laboratorio de Sustentabilidade em TIC) 

 

 

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