Taxa de juros mais baixa e aumento da competição no sistema financeiro tendem a contribuir para retomada da economia

País dá os primeiros sinais no sentido de retorno à possível normalidade

Author Photo
por ABCD
9:59 am - 27 de julho de 2020

Navegando o quarto mês de exceção devido à pandemia, o Brasil dá os primeiros sinais mais consistentes no sentido de retorno à possível normalidade. Com o início da flexibilização do isolamento social em várias partes do país e gradual retomada do comércio e serviços, os olhos se voltam agora para o pós-Covid-19 e para a reativação da economia. 

O caminho, globalmente desafiador, conta com algumas dificuldades extras internamente. Estudo recente do Banco Central revelou que de um total de 85,3 milhões de tomadores de crédito, 4,6 milhões (cerca de 5,4%) estavam em situação de endividamento de risco no último mês do período de referência. O levantamento levou em conta dados de junho de 2016 a dezembro de 2019, portanto, pré-crise. 

Definiu-se como endividado de risco o tomador cuja situação se enquadrava em pelo menos dois de quatro indicadores relacionados à sua situação financeira: inadimplência, exposição simultânea a três modalidades de crédito sem garantia, comprometimento da renda acima de 50% e renda disponível após o pagamento das dívidas abaixo da linha da pobreza, cerca de R$ 440. 

O comprometimento da renda pré-pandemia pode significar um complicador a mais para a recuperação econômica e o acesso ao crédito. No entanto, há algumas boas notícias no horizonte. A queda da taxa básica de juros e o aumento na competição no sistema financeiro, por exemplo, tendem a amenizar um pouco esse cenário. 

Em seu menor nível histórico desde 1996, a Selic sofreu o oitavo corte consecutivo no fim de junho – o quarto só neste ano-, como parte do pacote de ações de recomposição de renda e incentivo ao crédito. É na taxa básica de juros que as instituições financeiras se baseiam para estabelecer os juros dos empréstimos. Ainda que a Selic seja apenas um dos fatores levados em conta, tem um peso relevante. Por isso, a tendência é que o crédito se torne mais barato e, consequentemente, mais acessível para quem precisa justamente neste momento de retomada. 

De certa forma complementar ao acesso a recursos  mais baratos, o aumento da competição no sistema financeiro, impulsionado pela consolidação das fintechs de crédito, mais ágeis, menos burocráticas, totalmente digitais e acessíveis por meio de um simples smartphone, promoverá um incremento na oferta de melhores produtos financeiros. Até porque essa consolidação das fintechs de crédito segue paralela ao movimento de modernização proposto pela Agenda BC#, que inclui o sistema de pagamentos instantâneos PIX e o Open Banking. A presença de mais atores no cenário, amplia a concorrência, acelera a busca por mais qualidade e vantagens para consumidores e empresas. Cenário positivo – e perfeito –  para a retomada que virá.

*Claudia Amira é diretora Executiva da ABCD – Associação Brasileira de Crédito Digital

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.