Sociedade hiperconectada: trabalho remoto é evolução natural

Nuvem assume protagonismo na operação das empresas "remote first" ao centralizar informações e acesso dos colaboradores.

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3:26 pm - 29 de setembro de 2021

No primeiro artigo desta coluna, abordamos de uma forma geral as cinco principais tendências das empresas que estão se tornando “cloud first”, ou seja, empresas que estão desenvolvendo suas operações em torno da computação na nuvem, enquanto o espaço físico acaba ficando em segundo plano. A proposta agora é destrinchar cada tópico neste e nos próximos artigos, começando pelo trabalho remoto, não só como um legado da pandemia, mas um passo seguinte (e natural) da sociedade hiperconectada.

O home office e o trabalho híbrido sempre foram muito questionados antes da chegada da Covid-19 devido a crença de uma eventual falta de produtividade dos colaboradores em suas casas. No entanto, nos tempos recentes de pandemia e da necessidade de isolamento social às pressas, muitos questionamentos simplesmente desapareceram e deram lugar a outras indagações. “Como controlar?”, “Qual intensidade adotar?”, “Todos os perfis de equipe se enquadram nesse modelo?” foram algumas das dúvidas substituídas por “Como conseguimos colocar em para trabalhar de forma remota o maior número de pessoas em tão pouco tempo?”, “Como garantimos segurança?” ou “Como devemos atuar para manter cultura, disciplina e motivação?”.

Esta nova realidade trouxe à tona o conceito de “remote first”, modelo em que a localização oficial de trabalho do colaborador passa a ser sua casa ou até outros lugares, e locais essencialmente destinados ao trabalho se tornam pontos alternativos de interação, encontro de colegas, reuniões com clientes, comunicações importantes, atividades de engajamento, entre outras. Na operação, a nuvem assumiu o protagonismo ao centralizar as informações e o acesso desses trabalhadores espalhados pelo Brasil ou fora, graças a uma de suas principais premissas: a agilidade.

Organizações que já vinham adotando um modelo mais extensivo de nuvem, no momento mais crítico, estavam habilitadas a ativar um modelo de trabalho remoto para milhares de colaboradores em poucos dias e confirmaram suas hipóteses estratégicas de que a migração para nuvem era o caminho para a digitalização dos seus negócios. Organizações menos maduras em adoção de nuvem, ou com nenhuma utilização, passaram a experienciar na prática seus atributos e a repensar seus conceitos a favor da adoção imediata da nuvem.

O avanço, entretanto, era natural e uma questão de tempo. Mesmo antes da pandemia, cloud computing já era tida por 34% das empresas entrevistadas pelo IDC como prioridade nos investimentos. As grandes corporações já contavam com contratos, propostas, procurações e outros documentos digitalizados e passaram a ser totalmente assinados digitalmente. Os tribunais de Justiça foram precursores nesse sentido. Na Saúde, os médicos já conseguem fazer prescrições e acessar resultados de exames digitalmente.

Uma certeza temos, o mundo mudou seus conceitos de interação, de dress code, de necessidade de presença física e da agilidade que traz um modelo de colaboração baseado em nuvem. Uma pandemia como a atual teria sido ainda mais terrível para as empresas há uma década, sem 4/5G, internet de alta velocidade nas residências e principalmente soluções de colaboração baseadas em modelo de nuvem. Não somente a possibilidade do trabalho remoto, mas também um cenário sem um e-commerce consolidado e a atuação de empresas como Mercado Livre, Amazon, Rappi, iFood e outros serviços que se tornaram ainda mais fundamentais no nosso dia a dia, e que certamente continuarão fazendo parte do cotidiano das pessoas.

Da mesma forma, o trabalho remoto chegou para ficar ao facilitar a vida do colaborador, que ganha com a qualidade de vida ao poder passar mais tempo com a família e com seus afazeres particulares. O home office era um benefício oferecido por algumas empresas e agora passa a ser um diferencial essencial em uma proposta de trabalho. Os escritórios? Encolheram diante da descoberta de que não é preciso de espaço físico para aglomerar pessoas e guardar documentos. O modelo híbrido virou realidade para a maioria das organizações no retorno às atividades presenciais e deve continuar desta forma. Por isso, é impossível negar: estamos passando por uma transformação digital, e essa evolução não existiria sem a nuvem.

*André Frederico é diretor executivo e head de Cloud Solutions da TIVIT, multinacional brasileira e one-stop-shop de tecnologia.

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