Reforma da previdência como vetor para a transformação digital

*Por Rodolfo Fücher

Author Photo
por ABES
5:15 pm - 04 de maio de 2019
Rodolfo Fücher, Presidente da ABES

Em qualquer outro ano pós-eleições presidenciais, estaríamos vivendo o que é comumente chamado de “lua de mel” (período de no máximo 6 meses em que o novo governo e o mercado financeiro vivem um romance). Neste ano, no entanto, essa relação está acabando cedo demais. Quase quatro meses após a tomada de posse, fica claro que, se a reforma da Previdência não for aprovada, o país enfrentará momentos de muita instabilidade econômica e política.

A reforma da Previdência não é só necessária para garantir a sua, a minha e, principalmente, a aposentadoria das pessoas mais necessitadas, e equilibrar as contas públicas, mas sim para reconquistar credibilidade na economia e no mercado brasileiro, após o pior período recessivo enfrentado no Brasil.

Convém lembrar que, atualmente, o mundo está atravessando um período de transformação digital (ou 4ª revolução industrial), cujo ponto focal é a inovação. Grandes economias e empresas estão investindo massivamente em pesquisa e desenvolvimento para encabeçar o pioneirismo no 5G, projetos de internet das coisas (IoT), inteligência artificial (IA), entre outras inovações disruptivas. Dentro desse cenário global cada vez mais competitivo, a inovação, que gera novas oportunidades, novos mercados e formas de consumo, se torna questão de sobrevivência para um país em desenvolvimento como o Brasil.

No entanto, para desenvolver e colocar em prática novas ideias, e conseguir competir com grandes economias, é preciso que haja investimentos internos, mas também fundamentalmente externos. E é neste ponto que a reforma da previdência ajudará a garantir que o mercado brasileiro seja mais atraente para investidores externos. O Brasil já possui um problema enraizado de atração de investidores devido a questões regulamentárias e tributárias e, caso a reforma da Previdência não seja aprovada, esse cenário só tende a piorar – quem arriscará investir em novos empreendimentos e startups em um país mergulhado na pior crise de sua história, com total descontrole das contas públicas, sem orçamento para novos investimentos em infraestrutura, saúde, educação e o pior, com altíssimo índice de desemprego?

O Relatório Global de Competitividade, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, em 2018, coloca o Brasil em 72º lugar no ranking de competitividade e como um dos países com maior sobrecarga de regulações imposta pelo setor público entre 140 países pesquisados. O país também foi considerado um dos menos preparados para se adaptar à revolução tecnológica.

Fica claro o reflexo desta reforma na recuperação econômica do Brasil e nos investimentos externos. Assim que aprovada e superado o período de instabilidade e insegurança, investidores voltarão a se interessar por inovações desenvolvidas no Brasil, movimentando o fluxo de dinheiro novo na economia.

A reforma da previdência sozinha não será a chave para todos os problemas econômicos do país, mas certamente é ponto fundamental. Somada as ações concretas do novo governo para reduzir burocracias, eliminar entraves regulatórios e, o mais importante, para obter melhora da eficiência e da qualidade dos serviços públicos, explorando os benefícios da tecnologia, poderemos começar a vislumbrar um ambiente mais seguro e atrativo para investimentos.

Por Rodolfo Fücher, presidente da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software).

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.