Os desafios de empreender e a educação financeira

Independente da motivação de empreender, seja por oportunidade ou necessidade, é fundamental que o empreendedor tenha muito mais do que uma boa ideia.

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1:46 pm - 03 de fevereiro de 2020

Independente da motivação de empreender, seja por oportunidade ou necessidade, é fundamental que o empreendedor tenha muito mais do que uma boa ideia. Ele precisa ser capaz de identificar os elementos que vão compor seu negócio, organizar seu fluxo de caixa, monitorar seu ponto de equilíbrio, fazer a precificação correta, vender, e entender que, para sobreviver, ele precisa reinvestir no seu negócio.

A falta de educação financeira é um dos maiores problemas enfrentados por empreendedores no Brasil. Como Mentora de Negócios especializada em Gestão Financeira, acompanho de perto há muito tempo os problemas e desafios que isso pode causar a uma empresa.

Em 2018, segundo o Serasa Experian, foram abertas 2,5 milhões de novas empresas, 15% a mais que em 2017. Desse total, 81,4% é composto de MEIs (Micro Empreendedores Individuais), que incluíam majoritariamente serviços nas áreas de alimentação, beleza, confecções e reparos.

Mesmo sem inovação tecnológica, esta massa empreendedora está movimentando a economia com seus pequenos negócios. São pessoas que não necessariamente identificaram uma oportunidade, mas muitas vezes têm a necessidade de ganharem dinheiro em uma economia que já não abre tantas vagas CLT.

Uma pesquisa feita pelo SEBRAE com 2.000 empresas em 2016, indicou que cerca de metade delas não chega a completar 3 anos de fundação.

Essa pesquisa traçou um perfil das empresas fechadas e trouxe características comuns: falta de planejamento, falta de conhecimento do mercado, falta de investimento na capacitação dos sócios, falta de acompanhamento rigoroso de receitas e despesas, e falta de conhecimento dos gestores sobre gestão de negócios.

Apesar de a criação de novas empresas ser uma grande oportunidade para a geração de novos empregos e crescimento econômico (mais dinheiro circula, mais gente compra, mais produtos e serviços são oferecidos), o aparecimento de tantos novos negócios sem uma base sólida não é bom para ninguém. É preciso que futuros empreendedores se preparem para os desafios que enfrentarão,  para que possam ultrapassar o “vale da morte” e prosperar.

Ainda há uma grande discrepância entre este novo cenário e o que as Universidades ensinam. Em qualquer área, uma grande parte dos alunos não sairá empregada de lá e precisará montar seu próprio negócio. Mas, infelizmente, as disciplinas de empreendedorismo seguem sendo eletivas nos cursos que formam arquitetos, engenheiros, advogados…

Mais do que nunca, é importante preparar as pessoas para serem empreendedoras, buscarem seus próprios caminhos, se juntarem em busca de inovação, serem agentes de transformação para sociedades com mais oportunidades para todos.

E isso inclui ter à disposição, nos cursos universitários, disciplinas relacionadas a gestão de empresas, gestão financeira, gestão de pessoas… como parte oficial de qualquer currículo. Não se trata de uma graduação dentro de outra. Trata-se de formar engenheiros, por exemplo, que sejam capazes de tomar melhores decisões não só no que diz respeito aos cálculos estruturais das construções, mas também dos negócios em que atuam, sejam como empregados ou como empreendedores.

Existe uma luz começando a brilhar no horizonte. No que depender do Ensino Infantil e Fundamental, o cenário tende a mudar no longo prazo com a educação financeira passando a ser obrigatória como disciplina transversal da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A Mentoria de Negócios também pode ajudar empreendedores e empreendedoras a traçar melhores caminhos pois o Mentor experiente já passou por muitas situações e consegue ter uma visão mais clara dos desdobramentos dos desafios da vida empreendedora.

Independente da motivação de empreender, seja por oportunidade ou necessidade, é fundamental ter muito mais do que uma boa ideia. É preciso ser capaz de identificar os elementos que vão compor seu negócio, organizar seu fluxo de caixa, monitorar seu ponto de equilíbrio, fazer a precificação correta, vender, e entender que, para sobreviver, é preciso reinvestir no negócio.

Aos empresários, empreendedores ou àqueles que pensam em empreender, deixo um convite para que busquem aperfeiçoar seus conhecimentos de gestão, especialmente de gestão financeira. Afinal, como diz o ditado popular, dinheiro não aceita desaforo. Ou você cuida dele com muito zelo e respeito, ou ele vai procurar terrenos mais férteis para brotar.

*Cecilia Gomes é Consultora de Gestão Financeira para PMEs, Diretora de Marketing da ABMEN e Mentora de Negócios certificada PMBM de Programas da B2Mamy Aceleradora, Inovativa Brasil, Founder Institute e BNDES Garagem, entre outros.

Comentários e opiniões contidos neste texto são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião da ABMEN – Associação Brasileira dos Mentores de Negócios.

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