O papel da Inteligência Emocional na transformação digital

*Por Susanne Andrade

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5:18 pm - 15 de março de 2022
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Algumas empresas já ensaiavam a transformação digital há alguns anos, mas, após a pandemia de covid-19, mesmo as corporações que não aspiravam por essa mudança de paradigma se viram obrigadas a “virar a chave”. Com isso, o líder protagonista passou a atuar como um agente em prol da transformação digital. 

Embora muitos acreditem que a transformação foi impulsionada na pandemia pelo uso de plataformas para reuniões, aulas e treinamentos – ou seja pela tecnologia-, a verdadeira “revolução” foi, na verdade, proporcionada pela ação humana e pela mudança de comportamento. Isso porque os gestores tiveram que aprender a liderar seus times de maneira remota, e a negociar novos formatos de reuniões e entregas. Além disso, equipes passaram a lançar mão da empatia e da colaboração necessárias para que os resultados fossem alcançados. E, acima de tudo, passamos a “entrar nas casas das pessoas” e a permitir que os outros “entrassem nos nossos lares”, levando a uma quebra de formalidades e mais descontração até mesmo nas vestimentas, o que levou mais humanidade ao ambiente corporativo.

Essa nova forma de atuar já fazia parte das startups, que viraram “unicórnios”, com crescimento exponencial de forma digital. Esse é o segredo ao qual as grandes empresas vêm recorrendo para a sua transformação, que só é possível por meio do desenvolvimento de novas habilidades, as soft skills, adotando um novo mindset.

Inteligência Artificial x Inteligência Emocional

Nesse contexto, não é difícil notar que, no mundo corporativo de hoje, a IA (Inteligência Artificial) apenas não basta, é necessário o equilíbrio entre a IA e a IE (Inteligência Emocional). Isso porque, para exercer o seu papel de forma efetiva, o líder protagonista precisa que suas soft skills  estejam bem desenvolvidas.

Quando eu falo no “Líder Protagonista”- título do meu novo livro, que lançarei em abril de 2022 pela Editora Gente- me refiro a gestores e não-gestores, aos profissionais que têm uma nova atitude nesse mundo cada vez mais ágil, que assumem a responsabilidade por sua trajetória de vida e carreira, contribuindo assim para mudar o mundo. Para esses, haverá sempre lugar no mercado de trabalho, mesmo diante de profissões que deixarão de existir. Eles se reinventam, especialmente pelo fato de desenvolverem suas soft skills – como são chamadas as habilidades não-técnicas e comportamentais.

Em meu livro, destaco que o profissional não deve temer a transformação digital, a IA não é nossa “inimiga”, mas sim uma aliada, quando estamos de fato preparados para isso. Algumas profissões de fato deixarão de existir, mas a evolução tecnológica demandará a criação de várias outras. Na verdade, nós, profissionais, estamos com uma grande oportunidade de deixarmos para a máquina fazer o trabalho dela (IA) e para nós, humanos, atuarmos finalmente com o que cabe a nós. 

Para isso, precisamos sair do modo “trabalhar feito robô de maneira repetitiva e maçante” para o modo “trabalhar de maneira consciente e com propósito definido”, fazendo o que cabe a nós como seres humanos. O erro é tentar tornar-se uma “máquina”, para competir com a IA. Ela foi criada para nos servir e facilitar a nossa vida, potencializando os resultados. Sendo assim, cabe a nós desenvolvermos a nossa Inteligência Emocional (IE).

Inteligência emocional no trabalho é uma das competências mais valorizadas no mercado atual.  Ela aparece entre as habilidades mais desejadas pelas empresas no recente relatório Global Talent Report do LinkedIn, ao lado da adaptabilidade, colaboração, criatividade, inovação e persuasão. Além disso, já está comprovado que a inteligência emocional aumenta a produtividade e melhora os resultados nas empresas. Essa competência tem um impacto decisivo no clima organizacional, na cultura e na produtividade das equipes. 

De acordo com um estudo das Universidades de Harvard, Boston e Michigan, publicado no LinkedIn, colaboradores com maior capacidade de comunicação geram um ROI (Retorno sobre o Investimento) de 250% nas contratações. 

Assim, a inteligência emocional é um grande trunfo para qualquer profissional. Isso porque, além da transformação digital, que é muito importante, é preciso promover a transformação humana no ambiente de trabalho. 

Como potencializar a Inteligência emocional

O conceito se tornou popular na década de 90, com o livro “Emotional Intelligence”, dos psicólogos Peter Salovey e John Mayer. A obra define a Inteligência Emocional como “a capacidade de monitorar seus próprios sentimentos e emoções e também os dos outros, discriminá-los e usar essas informações para guiar o pensamento e ações alheias”. Ou seja, dentro do contexto organizacional, a Inteligência Emocional é uma competência valiosa para conduzir as relações interpessoais, ter uma comunicação efetiva e gerenciar conflitos.

A seguir, listei algumas dicas para praticar e potencializar a inteligência emocional no trabalho: 

  • Desenvolver a autoconsciência a partir do autoconhecimento de suas habilidades e pontos a serem desenvolvidos.
  • Realizar o autogerenciamento de suas emoções, cultivando a visão positiva para realizações.
  • Praticar a empatia como uma nova consciência social e do contexto que você está inserido na organização, com uma comunicação clara e transparente.
  • Fazer o gerenciamento de suas relações com o mundo
    • Trabalhar em equipe, flexibilizando para saber conviver, lidar com conflitos e influenciar as pessoas.
    • Liderar de maneira inspiradora, buscando ser exemplo para outras pessoas.

Essas novas atitudes levam à maior realização profissional e pessoal, e a uma existência mais plena e alinhada ao contexto do mundo corporativo de hoje. A chave para isso é deixar de lado o comportamento “robótico” e o cumprimento de tarefas repetitivas, o “apertar botão”, e focar no desenvolvimento e no uso das habilidades humanas.

Lembre-se: você é HUMANO, e esse é o seu grande diferencial na transformação digital!

* Susanne Andrade é autora dos best-sellers “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”, “O Segredo do Sucesso é Ser Humano”, e do livro digital “A Magia da Simplicidade”. Em abril/22 lançará, pela Editora Gente, o “Líder Protagonista”. É master coach, palestrante e professora de cursos de MBA pela FIAP em disciplinas sobre carreira, coaching, liderança e gestão da mudança para a transformação digital. É sócia-diretora da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano, empresa que criou o “Modelo Ágil Comportamental”. Colunista no “Portal IT Forum 365, na coluna Desenvolvimento Humano na Era 4.0”. Voluntária no Grathi. 

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