Novas maneiras de resolver a falta de habilidades digitais

Diretores de RH precisarão levar em consideração as preferências, estilo de trabalho e objetivos de carreira dos profissionais que pretendem atrair.

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10:42 am - 21 de janeiro de 2022

Tecnologias como inteligência artificial, automação, robótica, impressão 3D e biotecnologia – citando apenas algumas – são o alicerce de uma transformação digital totalmente onipresente que está ocorrendo em todas as indústrias.
 
Um estudo de 2018 do McKinsey Global Institute estimou que a utilização de tecnologias digitais seria responsável por cerca de 60% do aumento potencial de produtividade até 2030. Gartner identifica habilidades como Kubernetes, DevOps, metodologia Agile, processo Scrum, Python, inteligência artificial, aprendizagem de máquinas e R como habilidades de “necessidade crítica”.
 
Estas ferramentas são muito requisitadas, mas têm uma oferta limitada de profissionais qualificados no mercado de trabalho atual. Portanto, os empregadores estão encontrando dificuldades para encontrar talentos com experiência nestas ferramentas emergentes .
 
Não é surpresa, portanto, que a indústria tecnológica esteja à frente das outras indústrias no preparo para esta transformação digital.
 
De fato, as principais empresas de tecnologia estão impulsionando a demanda por novas ferramentas digitais. Por exemplo, a Microsoft e a Amazon reposicionaram seus negócios em torno de serviços de computação em nuvem como o Microsoft Azure e AWS para oferecer infraestrutura em hiperescala, gerando um aumento na demanda por profissionais qualificados como engenheiros de nuvem e arquitetos de soluções em nuvem.
 
As inovações do Google, Facebook e Microsoft em realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) estão criando demanda por firmware RA/RV e engenheiros de hardware.
 
No entanto, as ferramentas digitais também estão se tornando cada vez mais necessárias em outros setores. As funções que antes exigiam um conjunto limitado de qualificações técnicas estão se tornando mais especializadas, com novos requisitos de qualificação digital aparecendo nas descrições de cargos e funções.
 
Em outros situações, empresas que costumavam terceirizar ou utilizar mão de obra emprestada para atender suas necessidades digitais estão procurando capacitar ou contratar mais colaboradores qualificados para os seus quadros. Para ilustrar estas tendências, podemos ver como elas estão se desenvolvendo em dois setores.
 
– Seguros – Os Diretores de RH dessas empresas estão procurando uma combinação mais ampla de colaboradores qualificados para funções centrais como subscritores, profissionais de sinistros e atuários, já que a tecnologia já está mudando a natureza desses empregos.
 
Os subscritores do futuro provavelmente estarão mais focados nas vendas e tomarão decisões mais voltadas para dados, utilizando modelos preditivos para a precificação e avaliação de riscos. Entre os profissionais de sinistros, vemos uma crescente demanda por habilidades em torno da análise preditiva, mudança climática, segurança cibernética, roubo de identidade e Internet das Coisas.
 
Tecnologias como inteligência artificial, automação e aprendizado de máquinas levarão ao surgimento de profissionais atuariais híbridos, que irão assumir um papel mais amplo, não apenas como administradores de dados ou construtores de modelos, mas como estrategistas de negócios.
 
Essa nova função envolverá ajudar as empresas a analisar e avaliar o risco de novos produtos e mercados potenciais, ao mesmo tempo em que rá contribuir para inovações na tecnologia de seguros, reinventando metodologias para melhor compreender os fatores de risco e detectar fraudes.
 
– Ciências da vida – A indústria das ciências da vida emprega apenas 3% dos profissionais qualificados na área digital em todo o mundo. A indústria geralmente conta com a terceirização de suas necessidades digitais para empresas de consultoria tecnológica ou contratando profissionais relevantes de indústrias adjacentes (principalmente a indústria de TI).
 
Nos últimos três anos, muitas empresas farmacêuticas e de biotecnologia fizeram parcerias com gigantes da tecnologia ou starups para aplicar inteligência artificial e aprendizagem de máquinas à descoberta de medicamentos.
 
Ao mesmo tempo, essas empresas estão avançando com suas próprias estratégias para qualificação profissional. Entre 2017 e 2019, a GlaxoSmithKline, Novartis, Lilly, Pfizer, Merck e Sanofi adicionaram todos os Diretores Digitais ou posições equivalentes aos seus comitês executivos, mostrando sua intenção de construir capacidades digitais internamente.
 
Atrair mão de obra qualificada pode ser um desafio para as empresas de ciências da vida, em parte porque os profissionais Millennials e da Geração Z mais qualificados se sentam mais atraídos pelas grandes cidades do que pelo interior, onde muitas vezes se encontram empregos nessa indústria.
 
Além disso, os especialistas digitais frequentemente querem a liberdade de experimentar e inovar rapidamente, o que pode desestimula-los a trabalhar em uma indústria altamente regulamentada. Para atender às suas necessidades de profissionais na área digital, os Diretores de RH precisarão levar em consideração as preferências, estilo de trabalho e objetivos de carreira dos profissionais que pretendem atrair.
 
Os exemplos dessas indústrias mostram como a demanda por profissionais qualificados em tecnológicas emergentes está influenciando a capacitação de profissionais fora do setor tecnológico. Essa demanda crescente, associada à uma oferta limitada de profissionais altamente qualificados, aumenta a pressão sobre os empregadores para encontrar novas maneiras de resolver a falta de habilidades digitais.

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