Na ilha dos gigantes

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10:20 am - 02 de setembro de 2014

Um dos maiores
privilégios que os fóruns da IT Mídia me proporcionam é a
oportunidade de estar diante de grandes pensadores do nosso tempo.
Filósofos, economistas, professores. Gente com potencial intelectual
distinto e conhecimento que atribui mais significado à vida. E têm
aqueles que, além da genialidade do pensamento, falam com
propriedade de causa e cativam o público pela memória sincera do
que viveram.

Esta foi a experiência
dos quase 400 empresários e líderes reunidos no Saúde Business
Forum de 2013, quando convidamos a Marina Silva, ex-ministra do Meio
Ambiente, para analisar o contexto político, econômico e social do
País à luz da sustentabilidade, tema central do forum. No início
da palestra, ainda tímida e com tom de voz baixo, sem rastros de
ansiedade, ela parecia uma garotinha diante de uma audiência de
gigantes. Passados cinco minutos, a menina começou a crescer com sua
palavra forte e carisma.

A cada história,
Marina encantava os convidados pelo exemplo de quem viveu na floresta
e se tornou a principal interlocutora do governo brasileiro na esfera
ambiental, trajetória que não a isentou de críticas e
questionamentos. Quando concluiu, parecia uma gigante, diante de uma
plateia que ficou pequenininha para ela. Foi aplaudida de pé. Muito
aplaudida.

Naquele mesmo Saúde
Business Forum, houve uma segunda passagem protagonizada por Marina,
só que poucos tiveram conhecimento dela. Nós almoçamos juntos no
sábado, horas antes da palestra dela, e sugeri que também se
sentasse à minha mesa no jantar. Ela respondeu, no entanto, que iria
embora naquela noite mesmo. Ainda sem entender, eu disse: “Marina,
você está numa ilha, não dá para sair daqui a essa hora, só tem
voo amanhã de manhã”. Decidida, ela afirmou que já tinha
comprado passagem de ônibus de Una, distrito onde está localizado a
Ilha de Comandatuba, até Salvador. De lá, pegaria o avião para
Brasília, onde precisava estar no dia seguinte pela manhã.

Nenhuma tentativa de
convencê-la a ficar funcionou, por um motivo, naquele momento,
inadiável: Marina estava a poucos dias do prazo final para validar
as assinaturas que constituiriam a sua chamada Rede Sustentabilidade
e a lançariam como candidata à presidência do Brasil. Propus,
então, organizar um avião particular para levá-la a Salvador,
oferta que ela prontamente recusou. Não queria criar uma relação
de favor com um empresário que a contratara para dar uma palestra.
“Deixa eu agendar um carro para você, pelo menos”,
insisti, reforçando que seria uma viagem de sete horas, por uma
estrada perigosa. Ela somente aceitou a gentileza quando entendeu a
nossa preocupação com a segurança dela.

Os dois episódios que
contei tomaram meu pensamento, agora que estamos a apenas duas
semanas do Saúde Business Forum 2014. Ninguém poderia prever os
fatos recentes que levaram à efetivação da candidatura de Marina
às eleições presidenciais. Considero tais acontecimentos um enorme
acaso. Por outro lado, havia um propósito firme na decisão de levar
Marina e o economista Eduardo Giannetti ao evento: a urgência de
discutir o País. E eu tinha certeza de que eles fariam uma brilhante
análise de contexto, um dos grandes pilares de conteúdo do fórum.

Em poucos dias, meu
time e eu embarcaremos novamente para Comandatuba, agora para
explorar o tema “Sociedade em Transição – Da Era Industrial à
Era Digital”. E tenho plena segurança de que seremos igualmente
transformados por gente rica em conhecimento, vivência e carisma.

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