Metaverso: modismo ou revolução?

O tempo dirá se o metaverso será realmente a base de uma nova sociedade

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3:38 pm - 10 de janeiro de 2022

O Facebook vai chamar-se Meta, afirmou Mark Zuckerbeg, seu CEO, em outubro de 2021. Uma das empresas mais bem-sucedidas no mundo decidiu trocar sua identidade e sua atuação no mercado, atenta a uma nova tecnologia chamada metaverso.
O metaverso é um universo virtual onde as pessoas vão interagir entre si por meio de avatares digitais. Esse mundo será criado a partir de diversas tecnologias, como realidade virtual, realidade aumentada, redes sociais, criptomoedas etc.
A ideia é que o metaverso seja uma espécie de Internet 3D, onde comunicação, diversão e negócios existirão de forma imersiva e interoperável, permitindo que os usuários estejam dentro da Internet, e não apenas usando-a. A principal dificuldade para descrever esse universo está no fato de que ele ainda não existe — mas as gigantes de tecnologia estão investindo pesado para que isso mude em pouco tempo.
Na carta de Zuckerberg aos acionistas e clientes sobre a mudança da marca ele afirma: “Nesse futuro metaverso você poderá se teletransportar instantaneamente como holograma para o escritório sem precisar se deslocar, ir para um show com amigos ou ficar na sala de estar de seus pais para socializar. Isso abrirá mais oportunidades, não importa onde você viva. Você poderá dedicar mais tempo ao que importa para você, diminuir o tempo no trânsito e reduzir sua pegada de carbono. Nossa esperança é que na próxima década o metaverso alcance um bilhão de pessoas, movimente bilhões de dólares em comércio digital e gere trabalho para milhões de desenvolvedores e criadores”.
Já vivemos, faz anos, no mundo meta. Consultas médicas virtuais, cirurgias com robôs acionados remotamente, videoconferências de trabalho ou de lazer, shows virtuais e cursos a distância já fazem parte da nossa rotina, com o seu uso acelerado pela pandemia. A nova tecnologia do metaverso irá tornar essas mesmas atividades totalmente imersivas. O nosso avatar terá as nossas medidas perfeitas. Experimentar roupas antes de comprá-las será muito mais prático, nos poupando da inconveniência das apertadas cabines de prova de roupa.
Várias tecnologias acelerarão a adoção do metaverso. 5G, Inteligência Artificial e algoritmos empregados em videogames serão largamente usados nesse novo mundo. Nosso avatar passeará pelas redes sociais como se estivessem num shopping center. As possibilidades são infinitas.
Surgem, como sempre, as questões da privacidade e da ética. Como no desenvolvimento dos carros autônomos, serão necessárias leis que obedeçam a protocolos definidos pela sociedade e seus representantes para ingressarmos no mundo do metaverso. Crimes no metaverso também existirão! Sinistro, não?
Revisitei, com muito prazer, o livro “A Estrada do Futuro” do Bill Gates cuja primeira edição foi publicada em 1995. Fã incondicional do autor, com quem eu tive o prazer de conversar após uma palestra para 40 pessoas em meados da década de 1980 no hotel Crowne Plaza em São Paulo, me impressionei  com a assertividade das previsões feitas por ele, quase 30 anos atrás, sobre o impacto da tecnologia da informação na vida das pessoas. O meu único senão ao conteúdo do livro, na época da leitura inicial e agora, era a sua visão sobre a Internet. Ele dizia ser apenas uma tecnologia intermediária, e não definitiva, para se trilhar a “Estrada”. O tempo provou que a Internet foi e é o tecido com o qual toda a tecnologia da informação foi construída. Agora falamos do metaverso como a Internet 3D. Será que o Bill estava certo?
O tempo dirá se o metaverso é mais um candidato a ser uma tecnologia disruptiva que não dá em nada, ou se realmente será a base de uma nova sociedade.
* Sergio Basilio é diretor de soluções e inovação da TD SYNNEX Brasil

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