Isolamento social e a TI

A tecnologia como aliada de nossa saúde mental

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11:33 am - 03 de dezembro de 2020
isolamento social ti Foto: Adobe Stock

Doze mil anos atrás o homem deixou de ser exclusivamente caçador e coletor de alimentos para tornar-se sedentário, e começar a plantar frutas e cereais, e a construir aldeias e vilas. O processo nunca parou e nos levou, na década de 2010, a ter mais pessoas morando em cidades do que no campo em todo o mundo. A vida em grupos cada vez maiores foi uma das principais causas de a nossa espécie ter dominado de forma definitiva o planeta.

Vivemos hoje uma situação absolutamente inusitada nesta jornada vitoriosa do homo sapiens na Terra. O isolamento social como proteção contra o COVID-19, que mudou nossa forma de trabalhar, de nos divertir, e de nos alimentar, tem sido uma experiência única na nossa história. E dolorosa. Problemas psicológicos em crianças, adolescentes, adultos e idosos têm sido reportados com frequência alarmante.

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Embora estejamos enfrentando pela primeira vez o fenômeno do isolamento social, ele vem sendo estudado faz alguns anos. Aqui no Brasil, graças ao Programa Antártico Brasileiro, foi feito um estudo recente que está sendo bastante útil para entendermos as consequências do isolamento nas nossas mentes.

O psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da UFF Jairo Werner Júnior desenvolveu com sua equipe o projeto Saúde Antar. Os pesquisadores entraram em isolamento parcial por 40 dias na Antártida e, usando metodologias com bastante rigor científico, avaliaram as dimensões da sua própria saúde mental no ambiente antártico. Lá, de maio a agosto, são quatro meses de escuridão quase total, com temperatura média de -55 graus Celsius. A equipe só interagiu entre si. Sintomas como depressão, irritabilidade e insônia dentro da equipe foram observados e documentados.

Vários outros experimentos também foram executados em várias partes do mundo, mas com um outro objetivo comum: as viagens espaciais.

A NASA, naturalmente, foi a líder nessas iniciativas. Em agosto de 2015, seis astronautas, ficaram enclausurados por 12 meses numa construção de 11m de diâmetro por 6m de altura, dentro da cratera do vulcão Mauna Loa no Havaí. Não havia qualquer vida à vista da “nave”. Nem vegetal nem animal. Os participantes podiam dar breves caminhadas, mas com “trajes espaciais”.

O objetivo do experimento era estudar os efeitos psicológicos no ser humano de uma viagem a Marte, nosso primeiro objetivo interplanetário. Serão oito meses dentro de uma nave para chegar ao Planeta Vermelho.

Os resultados e as conclusões da aventura são aplicáveis ao fenômeno que estamos vivendo, com as devidas condições de contorno. Foram detectados entre os participantes sinais de irritabilidade, estresse, depressão, insônia e até alucinações. Devido à dificuldade para praticar atividades físicas, esses sintomas foram amplificados.

Os russos não podiam ficar atrás e também fizeram experimentos similares. Em Moscou, seis homens viveram durante meses enclausurados num ambiente com as dimensões da Estação Internacional Espacial. Eles desenvolveram problemas para dormir, envolveram-se em vários conflitos mostrando altos níveis de estresse e exaustão.

Todas essas experiências citadas e mais muitas outras chegaram às mesmas conclusões que os psicólogos e médicos receitam hoje para que enfrentemos o isolamento social. As pessoas precisam se manter ocupadas e acreditar que têm algo relevante a fazer. Leitura de todos os tipos de literatura foi uma das recomendações mais frequentes. Conclui-se também que, mesmo em espaços reduzidos, é necessário ter privacidade. Constatou-se que crianças, adolescentes, adultos e idosos têm necessidades diferentes durante o isolamento. Aflorou de forma contundente a necessidade de lideranças. Líderes talentosos e generosos fazem toda a diferença para enfrentar uma situação dessas.

A TI vem desempenhando um papel decisivo no enfrentamento da pandemia. Graças a ela podemos trabalhar, nos divertir e, principalmente, ter contato visual com nossos colegas de trabalho e entes queridos.

Não devemos menosprezar as consequências destes oito meses de afastamento que estamos vivendo. Muita atenção aos primeiros sintomas de alterações de humor. Em nós e nas pessoas com quem nos relacionamos. Não queremos chegar a Marte, mas, sim, ao fim desta pandemia com saúde mental e física perfeitas.

Como já dizia Spock, que tenhamos uma vida longa e próspera!

 

Sergio Basilio é Diretor Comercial da Synnex Westcon Brasil

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