Inteligência em tempo real: repensando o papel da monitoração na TI

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4:41 pm - 21 de março de 2016
Estive há duas semanas conversando com Ricardo Clemente, CEO
da empresa Intelie, cujo DNA contém em
essência uma capacidade singular. É uma empresa relativamente nova, que tem
crescido muito e se dedica a monitorar a TI dos clientes, mas de uma forma
diferente.
Intelie00 figura 01 – Ricardo Clemente, CEO da Intelie

Existe um importante e necessário nível de monitoração de TI que é fundamentalmente
técnico. Saber se servidores cruciais estão no ar, se a rede está sem problema
de comunicação, se as conexões da empresa com o mundo externo via WAN ou Internet
estão operacionais, etc. Embora essencial, isso não é tudo. A Intelie
desenvolveu uma tecnologia que faz o acompanhamento de informações críticas
para os processos de negócio.

Na nossa conversa eu entendi que se trata de uma análise que se baseia no tratamento
em tempo real de uma avalanche de informações que hoje em dia é possível obter
a partir dos equipamentos de TI, sensores, etc., mas principalmente a partir
dos pontos sensíveis da gestão do negócio e que podem impactar no resultado
imediato da empresa. Se eu tivesse que resumir o que eu aprendi da Intelie em
uma única frase, foi exatamente isso!

Grandes empresas são clientes da Intelie como, por exemplo, GLOBO.COM, Walmart,
Vale, Sul América, Petrobrás, etc.

Intelie01
 figura 02 – Alguns dos clientes

Apenas para introduzir ao leitor um pouco mais deste conceito, vou apresentar o
caso da GLOBO.COM, como está descrito no site da Intelie e que dá uma ideia do
tipo existente de problema e sua solução

PROBLEMA

  • Lentidão na identificação de riscos e problemas pela grande
    quantidade de dados e produtos monitorados;
  • Falta de uma visão unificada das métricas de negócio;
  • Dificuldade no gerenciamento de logs e riscos gerados pelo
    acesso direto à equipamentos para ter acesso aos logs.

RESULTADO
  • Redução de downtime;
  • Identificação de incidente significativo no Big Brother (que
    gerou um case apresentado na Inglaterra);
  • Maior rapidez na gestão de logs, com buscas por padrões
    dentro da massa de logs e melhor utilização de ferramentas de logging.

Segundo Cristiano Casado, Gerente de TI da GLOBO.COM: “Um grande diferencial do Intelie Live sobre
outras soluções de monitoração no mercado é a utilização da tecnologia CEP
(Complex Event Processing) para análise de dados em tempo real […]. O
resultado disso é a redução das iterações de suporte e do tempo médio de
resolução de incidentes, evitando aumento de custos com headcount em equipes de
suporte e o aumento da confiabilidade quando um alerta é gerado e recebido
pelas equipes envolvidas.
Tendo apresentado um pouco melhor a Intelie, o próprio
Ricardo Clemente mostra sua visão neste interessante texto no qual ele explora
o conceito da monitoração dos processos de negócios e a imensa massa de
informação que está disponível no dia a dia.

Flavio Xandó



Inteligência
em tempo real: repensando o papel da monitoração na TI
   


 Com o grande movimento de digitalização, TI
vem buscando se adaptar as novas demandas. Como fica a monitoração neste
processo de transformação?
                                                                       
* por Ricardo Clemente

Hoje, em meio a um mercado competitivo, é
praticamente impossível pensar na expansão ou sobrevivência dos negócios de uma
empresa, seja qual for a área, sem a participação ativa da tecnologia. Com a digitalização
vivida em diferentes setores, não há espaço para o pensamento retrógrado de que
a função do setor de TI é suporte apenas. TI é cada vez mais o negócio. 

Quando olhamos para o papel de monitoração da TI,
também não podemos apenas vê-lo mais como o monitoramento de recursos, como
servidores, links e páginas, e de serviços, como webservices e filas. Muitas
vezes a única célula 24×7 (24 horas sete dias por semana) da empresa é o time
de monitoração e service desk da TI. Profissionais que se revezam em
turnos e cuidam para que os serviços de TI estejam disponíveis. Analisam
gráficos, recebem alertas e acionam procedimentos operacionais quando há algum
problema em curso.
  
Diante de toda a transformação que se impõe com a
digitalização, precisamos reinventar esta função de monitoração, ampliando o
escopo para uma célula de real-time intelligence. Esta modificação, como
de costume, engloba pessoas, processos e tecnologia.

Do ponto de vista tecnológico é preciso ampliar o
escopo dos dados capturados para passarem a englobar, por exemplo, as
experiências do cliente final, dados de venda, eficiência logística,
desempenham de canais, entre outros. É claro, que este fluxo de dados
gigantesco precisar ser tratado em tempo real por ferramentas especialistas
para ajudar quem está na tomada de decisão. As tecnologias de Stream
Analytics
, ou real-time analtytics, são a base para este tipo de solução.

Do ponto de vista de processos e pessoas, certamente
será uma transformação cultural a ser gerenciada.  É preciso vencer
barreiras nas diferentes áreas, TI e negócio, estabelecer procedimentos em
conjunto e treinar os profissionais de TI neste novo papel. Com certeza um
grande desafio, mas a boa notícia é que já existem empresas no Brasil com
histórias de sucesso neste ponto.

Talvez o movimento certo seja começar com pequenos
casos de negócio a serem monitorados e procedimentos bem elaborados. O simples
fato de trazer números de negócio para a operação do dia-a-dia da TI é uma
alavanca incrível na direção de uma nova cultura de tecnologia e negócio. É um
ciclo virtuoso, onde aos poucos a preocupação com vendas não realizadas, o
preço errado cadastrado, ou a lentidão para o parceiro fazer uma cotação,
passam a ser a preocupação (e objeto de monitoração) de todos na organização.

Pensar na tecnologia como parceira e como elemento
essencial ao negócio será ainda mais decisivo nos próximos anos e pode fazer a
diferença para se sobressair em qualquer segmento, especialmente aqueles com
atuação digital e que apostam em inovações. Monitoração é apenas um pequeno
aspecto neste mundo de desafios, mas com um grande poder de influenciar em uma
cultura orientada aos negócios.

* Ricardo Clemente é formado
em engenharia elétrica pela UFRJ, pós-graduado e possui mestrado em Ciências da
Computação pela PUC – RJ. Com mais de dez anos de experiência em TI é CEO da
Intelie há sete anos.

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