Inteligência artificial: a última invenção da humanidade?

Nos próximos cinco anos haverá uma demanda de 120 milhões de trabalhadores em todo o mundo com conhecimentos de IA

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8:54 am - 27 de março de 2020

A Inteligência Artificial já faz parte de nossas vidas há algum tempo, mesmo que não a percebamos. Buscas na internet, sites de comércio eletrônico, assistentes pessoais domésticos, assistentes eletrônicos de banco, chatbots, call centers e muitas outras aplicações do nosso dia a dia já utilizam de forma plena essa tecnologia.

Novas aplicações surgem numa velocidade que aumenta de forma exponencial, em todas as áreas do conhecimento humano. Nesse momento surgem os questionamentos que sempre acompanham as inovações disruptivas, desde a invenção da roda: o uso massivo da nova tecnologia trará malefícios para a humanidade? A resposta é sempre a mesma: sim! O que se tem que avaliar é o saldo final de benefícios X malefícios.

A profissão de atendente de call center irá simplesmente desaparecer com o uso da inteligência artificial. Médicos clínicos gerais, advogados, analistas de investimentos e dezenas de outras profissões correm sérios riscos também. A história da humanidade mostra que para cada posição eliminada muitas outras surgirão para fazer essa nova tecnologia funcionar corretamente ou em funções que serão criadas como consequência do uso da mesma. Espera-se que nos próximos cinco anos haverá uma demanda de 120 milhões de trabalhadores em todo o mundo com conhecimentos de IA.

Outro aspecto a ser considerado é o da perda da privacidade em troca de benefícios. A colocação de câmeras nas vias públicas em toda grande cidade brasileira, com reconhecimento facial consultando bancos de dados com as informações de todos os bandidos do país poderia reduzir em muito os índices de violência no Brasil. Gastamos hoje mais de R$ 900 bilhões por ano para segurança e para tratar das vítimas de assaltos, roubos, brigas de facções etc. Além de salvarmos dezenas de milhares de vidas perdidas ou inutilizadas.

Outro exemplo é o do uso de informações sobre casos reais de pacientes com câncer. Os dados sobre os tratamentos que deram e os que não deram certo podem ser compartilhados em bases de dados mundiais, os quais, através de algoritmos de IA, ajudarão a salvar vidas em todo o mundo. Se essas informações, entretanto, caem em mãos erradas, nos trazem graves problemas como chantagem.

Em ambos os casos, vale a pena abrirmos mão de nossa privacidade para termos os benefícios?

Alguns pensadores mais pessimistas afirmam que existe o risco da Inteligência Artificial ser a última invenção do ser humano. A partir de um certo ponto de evolução as próprias máquinas criariam outras máquinas e softwares. Os humanos somente observariam. Hoje isso não é possível. Características humanas essências para a inovação como adaptabilidade, criatividade, colaboração e resiliência não podem ser reproduzidas por nenhum algoritmo de IA. Hoje, repetimos.

Existem fóruns que estão discutindo os limites das aplicações da IA. Mas eles não sabem bem o que discutir, pelo simples motivo de não sabermos até aonde a tecnologia pode nos levar. Quando o Dr. Christiaan Barnard, um cirurgião sul-africano, efetuou em 3 de dezembro de 1967, para espanto de todos, o primeiro transplante de coração, não havia leis ou códigos de ética para regular tal procedimento. Eles foram criados a partir desse fato pioneiro. O mesmo deverá ser feito para a IA. Defendemos a discussão por toda a sociedade das questões relacionadas à utilização da Inteligência Artificial, mas jamais devemos criar empecilhos para o desenvolvimento dessa tecnologia.

*Sergio Basilio é diretor Comercial da Westcon Brasil     

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