Infraestrutura logística sufoca distribuição nacional de TI

Setor consumiu aproximadamente R$ 120 milhões em serviços de transportes só em 2018, mas falta de infraestrutura nacional prejudica empresas do setor

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12:18 pm - 20 de março de 2019

Por Mariano Gordinho*

Entre os tantos gargalos que o setor de distribuição de tecnologia enfrenta diariamente no Brasil, talvez um dos piores seja o de logística. Dependente quase que integralmente de transporte rodoviário, atua por meio de um funil entupido – sistema precário, com poucas e má-conservadas rodovias. Caro e ineficiente.

A reputação de uma empresa frente a seus consumidores também está atrelada à qualidade das entregas, e a imprevisibilidade logística impacta nos negócios. Boas soluções de transportes fazem toda a diferença para o negócio de distribuição, mas estradas ruins, pontes que caem e caminhoneiros travados no trânsito impedem as transportadoras de entregarem com qualidade.

Obviamente que para um distribuidor de tecnologia ter alto padrão de serviços, ele depende também das transportadoras, que por sua vez está diante de um cenário adverso e têm dificuldades em garantir prazos, e muitas vezes até é obrigada a esticá-los para evitar descumprimentos de contratos.

Tamanha é a conexão entre a qualidade dos serviços de transportes prestados e a infraestrutura oferecida, que nos EUA, por exemplo, assim como em outros países desenvolvidos, há estradas excelentes, bem cuidadas, servidas com áreas de parada a cada 5 ou 10 km. Enfim, elementos que permitem um transporte de altíssimo padrão, com tempo de entrega previsível.

O poder público brasileiro seria o grande responsável por garantir boas estradas e pontes, segurança e iluminação nas estradas, vias com boa oferta de serviços de apoio etc. Alguns estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, entre outros, conseguem ofertar um certo padrão de qualidade, porém não se pode dizer o mesmo em muitas outras regiões do País. Há muito o que melhorar.

Dados do setor

O setor de distribuição de tecnologia no Brasil costuma operar com margens baixas. Apesar do alto volume de faturamento, as despesas da cadeia de produção e os encargos são inúmeros, o que aperta os resultados. Via de regra o lucro gira entre 1% e 3% no setor.

Por isso o frete, que custa em média 1% do faturamento das empresas, é tão importante.

Com o setor de distribuição de TI faturando aproximadamente R$ 12 bilhões em 2018, segundo pesquisa publicada pela Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação (Abradisti), o gasto com transportes ficou na casa dos R$ 120 milhões.

Diante deste cenário, a Associação está se movimentando para criar, ainda este ano, um Grupo de Trabalho específico para discutir transportes e logística. O objetivo é entender as demandas do setor e de que forma são atendidas, como estão distribuídas na cadeia, os principais trajetos, os índices de qualidade e, principalmente, a lógica dos preços. É necessário abrir caminho para a qualidade e reduzir custos por meio da organização coletiva e do conhecimento estruturado.

A iniciativa deve facilitar a atuação dos associados no País, diante da baixíssima previsibilidade causada por incidentes como a greve dos caminhoneiros, que parou o Brasil durante 11 dias em maio de 2018. Para o setor de distribuição de TI, as perdas estimadas passaram dos R$ 100 milhões.

Não podemos esquecer que os motoristas pararam o País, o que pode acontecer novamente. Estar preparado para este tipo de crise é fundamental tanto para o setor como para o futuro do próprio País.

* Mariano Gordinho é presidente-executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Tecnologia da Informação (Abradisti)

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