Indesejável, mas inevitável!

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3:18 pm - 03 de setembro de 2015
Atrevo-me a dizer que os últimos 30 anos foram dominados pela Tecnologia da Informação! A forma das pessoas viverem mudou drasticamente por causa dela, ou graças a ela. Empresas de TI fundadas em garagens hoje valem centenas de bilhões de dólares, geram milhares de empregos e trazem valor a muitos milhões de usuários. Somos um sucesso!! … Mas temos que mudar!

O motivo desse, à primeira vista, paradoxo é muito simples: o cliente quer. Não o cliente corporativo, que deve muito do seu crescimento à tecnologia da informação, mas a pequena e média empresa (PME ou SMB em inglês). Esses sempre foram mal atendidos pelo segmento. Imagine um Escritório de Advocacia com 50 funcionários. Os gestores, advogados certamente, têm que se preocupar em comprar notebooks, comprar servidores, comprar softwares básicos e aplicativos, bancos de dados, sistemas de segurança, backup, integração com dispositivos móveis,… e muito mais. Cada item com seu contrato de manutenção que tem que ser gerido com muita atenção. A cada três anos tudo tem que ser renovado. Se der tempo os gestores podem até se dedicar à advocacia!  

A terceirização dessa atividade para as revendas e integradores melhorou essa situação, mas a trabalheira apenas trocou de mãos e ficou mais cara.

Essa realidade mudou com o surgimento de duas formas de entregar tecnologia: a computação em nuvem e a venda de infraestrutura e aplicativos como serviço. Não são conceitos novos, mas se tornaram largamente usados nos últimos três anos. A computação em nuvem (Cloud) permite que as aplicações e alguns softwares de infraestrutura rodem em servidores que estão em datacenters em algum lugar no mundo, e não mais na casa do cliente. Complementando essa evolução, esses serviços, agora na nuvem, podem, em sua maioria, ser pagos pelo uso. Como serviço. Como fazemos hoje com luz, água e gás. 

A combinação dessas duas formas de uso da tecnologia traz para todos os clientes maior confiabilidade de sua TI, maior previsibilidade de custos e alocação de mais recursos humanos na atividade fim da empresa.

Para os clientes, principalmente as PMEs, uma benção! Mas, como toda novidade, traz seus problemas. Muitos clientes não se sentem seguros sabendo que seus dados estão “longe” de seus olhos, em qualquer lugar do planeta. Preferem tê-los num servidor velho embaixo da mesa da secretária. O processo de mudança dependerá muito da atividade educadora das revendas que os atendem.

Para nós, fabricantes, distribuidores e revendedores uma indesejável dor de cabeça. Temos que mudar a forma vitoriosa de trabalhar que conhecemos há 30 anos! Fabricantes, distribuidores e revendas têm que repensar seus produtos e processos. O fluxo de caixa, por exemplo, muda completamente. As receitas que vinham de uma vez, na venda do bem, agora vem em suaves prestações mensais, de acordo com o desejo do cliente. 

A venda tradicional de produtos e serviços de TI não vai acabar. Ela simplesmente crescerá a taxas bem menores do que os serviços em Cloud. Essa não é a primeira mudança violenta de paradigmas que experimentamos no segmento. Nem será a última. Alguns vão ficar pelo caminho. Outros aproveitarão essa chance para se reinventar e seguir trazendo valor para empresas e pessoas.

Nuvens no céu! Vai chover. O trânsito vai ficar pior, mas a Cantareira vai encher… 
 


Sergio Basilio é Diretor de Estratégia e Soluções para a América Latina  e responsável pela estratégia global de IoT do Westcon Group

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