Hora de investir no mercado de TI do Brasil

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12:21 pm - 11 de setembro de 2018

Estivemos reunidos, há poucas semanas, com um grupo de altos executivos de um grande integrador global. Eles faturam mais de U$10B por ano em todo o mundo. A operação Brasil fatura pouco menos do que US$20M. Eles ficaram surpresos quando afirmamos que a empresa deles estava deixando sobre a mesa algo como US$180M por ano! A conta é simples: o mercado de TI no Brasil é, em média, 2% do mercado mundial. Isso corresponde a US$200M de mercado endereçável para esta grande empresa. Esse desconhecimento sobre o mercado brasileiro repete-se com muita frequência entre grandes empresas de tecnologia.

Empresas globais, por muitas razões, deixam de lado o mercado de países emergentes como o Brasil e preferem investir em países desenvolvidos, mas com mercados muito menores. No caso do Brasil os fatores impeditivos ou dificultadores são conhecidos por todos. A complexidade da legislação tributária, mais do que o próprio valor dos impostos, é um deles. Problema grave, sem dúvida. Mas uma oportunidade também. É impossível gerir a quantidade de tributos municipais, estaduais e federais sem sistemas informatizados. Empresas fabricantes de softwares de gestão empresarial (ERP), globais e locais, e seus canais ganham fortunas aqui. E há ainda um enorme espaço para crescer.

A média de qualificação do trabalhador brasileiro muito baixa é, com certeza, uma das nossas maiores deficiências. Mas é uma oportunidade também. O potencial do mercado de educação é de muitos bilhões de reais por ano. Uma grande fatia deste bolo é para a TI. E, de novo, há um enorme espaço para crescimento. Ressaltamos que, embora seja baixa a média de qualificação, existe um enorme número de profissionais altamente competentes para qualquer atividade econômica.

Nossa infraestrutura é deficiente. Portos, rodovias, ferrovias, aeroportos, distribuição e transmissão de energia e saneamento básico são alguns dos serviços indispensáveis para o crescimento e sustentação de uma sociedade moderna. A nossa infra apresenta graves problemas que são, de novo, também enormes oportunidades para o segmento de TI. O país investe hoje algo como 2% do PIB em infraestrutura. Necessitamos de no mínimo 4% para compensar o nosso atraso no segmento. São outros muitos bilhões de reais!

Quando falamos de internet de banda larga, a situação é dramática. Somente 38.5% dos 5570 municípios do Brasil possuem esse serviço! Um desastre por um lado, mas uma oportunidade única, talvez no mundo, para os atores globais de TI/Telecom aqui no Brasil.

A oportunidade para as empresas globais não está somente no futuro, mas também no presente.

O mercado brasileiro de TI/Telecom é de aproximadamente US$100B para o ano de 2018. A vinda de novos fabricantes, distribuidores, operadoras, integradores e revendas irá aumentar a competição e, consequentemente, a qualidade dos produtos e serviços ofertados aos clientes de todo o Brasil. A oportunidade está aí. Aberta a todos. E, ao contrário do que muitos pensam, ela independe do sujeito que vai ocupar a cadeira de Presidente da República em janeiro de 2019. Ele será somente mais um dos nossos empregados.

Sergio Basilio é Diretor Comercial da Westcon Brasil

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