Estrutura da linguagem ArchiMate

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9:51 am - 14 de agosto de 2013

A especificação precisa e a descrição dos componentes da arquitetura e suas relações requerem uma linguagem de modelagem que priorize a questão de fundo, relativa ao alinhamento consistente entre as camadas de abstração da organização (negócios, sistemas e infraestrutura) de forma a suportar a modelagem coerente de Arquiteturas Empresariais. Em uma linguagem de modelagem, essa especificação precisa dos componentes e relações, que estão disponíveis ao arquiteto, é formalizada por aquilo que é denominado o ?metamodelo? da linguagem.

Um desafio central no desenvolvimento de um metamodelo genérico capaz de representar a Arquitetura Corporativa é estabelecer um equilíbrio entre a especificidade de linguagens para domínios individuais da arquitetura e um conjunto mais geral de conceitos que refletem a visão de sistemas como grupos de entidades inter-relacionadas.

Com relação à sua abrangência horizontal (colunas), a linguagem ArchiMate básica consiste de três ?aspectos? que são três categorias principais de elementos: elementos de estrutura passiva (informação e dados), elementos de comportamento (processos) e elementos de estrutura ativa (organização e seus atores). Com relação à sua abrangência vertical (linhas), a empresa é modelada em três níveis de abstração, ou camadas: negócio, aplicação e tecnologia. A figura abaixo apresenta esta descrição (LANKHORST, 2005).

Estrutura da linguagem ArchiMate

 

Figura 1. Ilustração do arcabouço ArchiMate.Fonte: LANKHORST, 2005. (Tradução do Autor ? figura adaptada).

Em cada uma dessas três camadas, diferentes domínios da organização são modelados (Informação, Produto, Processo, etc). As camadas podem ser conceituadas da seguinte forma:

  • A Camada de Negócios: oferece produtos e serviços para os clientes externos desenvolvidos na organização por processos de negócios realizados por atores de negócios;
  • A Camada de Aplicação: suporta a camada de negócios, com serviços realizados pelas aplicações de software;
  • A Camada de Tecnologia: oferece os serviços de infraestrutura (por exemplo, processamento, armazenamento e serviços de comunicação) necessários para executar os aplicativos realizados por computador, o hardware e o software de comunicação do sistema.

De acordo com Lankhorst (2005), os elementos de estrutura ativa são os atores de negócios, os componentes de aplicativos e os dispositivos que exibem algum comportamento, ou seja, os sujeitos da atividade. Assim, um elemento da estrutura ativa é definido como uma entidade capaz de realizar o comportamento.

Em seguida, há o aspecto comportamental ou dinâmico. A este aspecto, são atribuídos os conceitos da estrutura ativa evidenciando quem ou o que executa um dado comportamento. Um elemento de comportamento é definido como uma unidade de atividade realizada por um ou mais elementos de estrutura ativa.

Os elementos de estrutura passivos são os objetos nos quais o comportamento é executado. No domínio das organizações intensivas em informação, que é o foco principal da linguagem, os elementos de estrutura passivos são geralmente objetos de informação ou de dados, mas eles também podem ser utilizados para representar objetos físicos.

Esses três aspectos ? estrutura ativa, comportamento e estrutura passiva ? basearam-se na estrutura da linguagem natural: uma sentença tem um sujeito (estrutura ativa), um verbo (comportamento) e um objeto (estrutura passiva).

Já os serviços, desempenham um papel central na relação entre domínios. A orientação a serviços suporta desenvolvimentos tais como a economia de rede baseada em serviços e integração das Tecnologias da Informação e Comunicação com os serviços da Web. Um serviço é um comportamento do sistema visível externamente, a partir da perspectiva de outros sistemas que usam tal serviço; o ambiente consiste de tudo o que estiver fora do sistema. O valor é o motivo para a existência do serviço.

Além dos principais conceitos descritos acima, o ArchiMate contém um conjunto de relações que estabelecem a natureza dos relacionamentos (ou relações) entre conceitos. Várias dessas relações foram inspiradas a partir de outras correspondentes existentes em algumas linguagens mais conhecidas. Por exemplo, relações como as de composição, agregação, associação e especialização, são baseadas naqueles congêneres da linguagem UML 2.0, enquanto a relação de desencadeamento ou gatilho (trigger) vem das linguagens de modelagem de processos de negócios.

Os aspectos e as camadas identificados nas seções anteriores podem ser organizados em um arcabouço (framework) constituído de nove “células”, como ilustrado acima na figura 1. É importante perceber que essa classificação de conceitos baseada em aspectos e camadas é apenas uma tentativa de abstração. É impossível definir um limite rígido entre aspectos e camadas, porque alguns conceitos vão unir aspectos e camadas diferentes, tendo um papel central em uma descrição arquitetônica coerente. Por exemplo, (negócio) funções e (negócio) papéis são conceitos intermediários que unem conceitos de natureza “puramente comportamental” e conceitos “puramente estruturais? (LANKHORST, 2005).

Já uma função de negócio (business functions) oferece funcionalidade que pode ser útil para um ou mais processos de negócio. Tais processos de negócios são definidos com base nos produtos e serviços que a organização oferece, enquanto as funções de negócio são a base para, por exemplo, a atribuição de recursos a tarefas e o suporte à aplicação.

Por fim, cabe ressaltar que a linguagem ArchiMate complementa o TOGAF na medida em que fornece um conjunto de conceitos e suas representações gráficas que ajudam a criar um modelo coerente e integrado (THE OPEN GROUP, 2009). O núcleo da linguagem ArchiMate corresponde às três principais arquiteturas de TOGAF. Esta correspondência sugere um mapeamento bastante fácil entre as visões TOGAF e pontos de vista ArchiMate.

Até o próximo post.

 

Referências

ARCHIMATE. What is ArchiMate? Disponível em: < http://www. archimate.nl/en/ about_archimate/what_is_archimate.html>. Acesso em 16 jun. 2013.

LANKHORST, M. Enterprise architecture at work: modelling, communication, and analysis. Berlin: Springer-Verlag, 2012.

 

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