Estratégia e governança corporativa lado a lado na vida de uma startup

Na jornada das startups, tracionar o negócio é quase um ponto de inflexão

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11:20 am - 05 de outubro de 2021

Muito se fala sobre o ecossistema de startups, o ambiente de dificuldades de empreender, principalmente no Brasil, e os enormes desafios a serem vencidos na vida dessas empresas tão emblemáticas. Mas, ao analisarmos essa jornada, vemos a vital importância da estratégia e de como a Governança Corporativa é sua base de sustentação. Os desafios de uma startup podem ser superados pela estratégia adotada e pela Governança Corporativa aplicada.

A jornada de toda startup pode ser analisada em quatro estágios: a ideação do negócio, a validação da prática em mercado, o processo de tração, e a aceleração e escala – como demonstrado no caderno Governança Corporativa para Startups e Scale-ups, publicado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Essa trilha passa por diversos momentos em que a Governança Corporativa deve ser aplicada. Percebemos que em todos os estágios o pilar da estratégia é encontrado.

Precisamos compreender o que é estratégia. Segundo o livro “Strategy and Structure” (1962), do economista Alfred D. Chandler, estratégia é a determinação dos objetivos básicos de longo prazo da empresa e a adoção das ações adequadas e afetação de recursos para atingir esses objetivos. Mais tarde, em 1990, pelo livro “The Competitive Advantage of Nations”, o escritor Michael Porter adicionava a esse conceito que ter uma estratégia era condição básica das empresas e somente com uma estratégia competitiva as empresas atingiriam performance acima da média de mercado.

Para que uma ideia de negócio evolua, várias estratégias devem ser definidas. Tempo dedicado ao negócio, dinheiro empregado, objetivos a serem alcançados e regras claras são atributos deste estágio em que a Governança Corporativa aplicada reforça a consistência da ideia e sustenta as estratégias.

O grande desafio passa a ser a aplicação da ideia de negócio no mercado, ou seja, o estágio da validação. Para isto, novas estratégias são pensadas, discutidas e definidas. A prática nos exige uma Governança Corporativa que nos propicie uma harmonia entre as estratégias, os processos de execução e controle e os objetivos. Regras de convivência, direitos e deveres claros e meio de resolução de conflitos dão uma base sólida para que nesse estágio as startups possam, efetivamente, validar seus negócios.

Na jornada das startups, tracionar o negócio é quase um ponto de inflexão. Muitas vezes nos sentimos, literalmente, empurrando o negócio. A estratégia nos ajuda no sentido das definições de um bom plano estratégico e de uma gestão orçamentária. Além disso, estratégias são executadas no papel de executivos e não mais de empreendedores/founders. Nos deparamos com empreendedores que, muitas vezes, possuem os dois chapéus. A Governança Corporativa apoia a estratégia na clareza dos papéis, nas competências, e nos processos de acompanhamento e monitoramento dos resultados.

Finalmente, no quarto estágio da jornada, nos deparamos com imensas oportunidades. Nos encontramos, nesse momento, ávidos para crescer, expandir geograficamente, ganhar mercado e aumentar portfólio de produtos. E tudo isso depende, fundamentalmente, de estratégia: de tentar antecipar os movimentos. Mesmo que tenhamos ótimas estratégias sendo executadas precisamos revisá-las com frequência para alcançarmos os resultados esperados. Esta ciência de execução funciona em sua plenitude quando a Governança Corporativa está presente nas startups. Os processos se tornam contínuos, gerenciamos os riscos, definimos políticas necessárias, implantamos códigos de ética e conduta, para que este estágio da jornada tenha o alicerce necessário.

Nenhum desses desafios são superados pelas startups sem uma boa estratégia. Nenhuma estratégia é executada nem chega aos seus resultados sem a aplicação adequada de processos de Governança Corporativa. Lado a lado, uma com a outra, ao longo desta maravilhosa jornada que é empreender.

*Leandro Ferron Jose tem atuado há 16 anos como diretor executivo, é empreendedor, conselheiro consultivo e investidor em empresas startups e membro da Comissão de Startups e Scale-ups do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

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